O Ministério da Saúde reconheceu que estamos
vivendo uma epidemia. Isso se deve ao acentuado número de fetos e neonatos com
microcefalia, observados especialmente no nordeste do País, superando 700 casos.
A Associação Médica do Rio Grande do Sul
(Amrigs), a Sociedade Brasileira de Ultrassonografia (SBUS) estão alertando
para o fato de estarmos enfrentando, na verdade, uma epidemia de uma doença
infecto-contagiosa causada possivelmente por um vírus com tropismo pelo sistema
nervoso central, que provoca uma encefalopatia. Os exames de imagem,
especialmente, a ultrassonografia, constatam que há uma acentuada destruição do
sistema nervoso dos bebês acometidos. A etiopatogenia da microcefalia sugerida
é uma encefalite, que leva a lesões destrutivas do cérebro, decorrentes do
processo inflamatório infeccioso num órgão em formação.
A lesão destrutiva do cérebro não permite o
seu crescimento adequado (microcefalia), e a falta de crescimento cerebral não
estimula o crescimento craniano, que é o que medimos na ultrassonografia e no
recém-nascido.
Os médicos brasileiros e as entidades
médicas estão concentrando esforços para descobrir o real agente etiológico
desse processo, que parece ser o Zika Vírus, ou outro que as pesquisas
indicarem, a forma de transmissão, a virulência do vírus e qual o perfil dos
indivíduos infectados. Já identificamos que ele acomete gestantes,
provavelmente, no primeiro trimestre de gestação.
Há suspeita que possa também atingir outros
grupos de seres humanos, incluindo adultos. Dessa forma, precisamos estar
atentos, pois enfrentamos uma epidemia sim, mas não se trata apenas de um surto
ou epidemia de uma malformação isolada, pois a microcefalia é o resultado ou
sequela do processo destrutivo do tecido nervoso, causado por esse agente
infeccioso. A relativa baixa velocidade de disseminação, mas crescente, da
doença para outras regiões deve-se à forma de contágio, presumivelmente pelo
mosquito.
Sendo assim, o médico ultrassonografista ou
especialista em medicina fetal tem condições de identificar sinais
ultrassonográficos do comprometimento fetal. Devido ao aparecimento tardio, em
muitos casos, sugere-se especial atenção dos colegas nos exames morfológicos
fetais no segundo e terceiro trimestres.
Por hora, recomendamos a todos,
particularmente às grávidas no primeiro trimestre de gestação, que usem
repelentes e qualquer gestante que apresente lesões pelo corpo com prurido, que
procurem seu médico pré-natalista imediatamente, para avaliação e recomendações
particularizadas.
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