quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Educação empreendedora


A capacidade empreendedora é inata a cada ser humano. Seria possível pensar, em um primeiro momento, que ensinar empreendedorismo é uma redundância, pois pode parecer desnecessário instruir para o uso de uma habilidade natural. As nossas experiências no meio educacional e acadêmico, porém, nos mostram o contrário.
A escola e a faculdade são espaços substanciais de formação para o trabalho. A pergunta é: para que tipo de trabalho? As relações de trabalho atualmente são fortemente impactadas pela tecnologia e por novas formas de ver o mundo. 
Dificilmente um diploma em uma universidade bem conceituada e um histórico escolar fenomenal serão garantia de empregabilidade. Muitos jovens estão entrando no mercado de trabalho com a ilusão de que uma trajetória brilhantemente obediente aos preceitos escolares e acadêmicos os garantirá um "bom" lugar profissional.
Precisamos formar indivíduos que sejam capazes de criar suas próprias oportunidades, sem que fiquem aprisionados à lamentação de que isso é responsabilidade do governo, de grandes empresários ou mesmo de seus pais. 
E é essa a grande contribuição que a Educação Empreendedora proporciona. O ensino do Empreendedorismo não se restringe à formação de empresários; busca preparar indivíduos para estarem mais conectados com o que o mundo requer deles, podendo expandir seu potencial sem frustrações por acreditar ou esperar por terceiros.
Algumas experiências já realizadas, inclusive em território nacional, demonstram práticas de ensino de Empreendedorismo já nas séries iniciais escolares. Nada mais correto. Por mais que tenhamos um potencial empreendedor dentro de cada um de nós, vivemos em um ambiente cuja cultura censura essa força. 
Crianças ainda não internalizaram plenamente os valores antiempreendedores; por isso agem como autênticos empreendedores.
Adicionalmente, metodologias específicas vêm sendo desenvolvidas para ensino de Empreendedorismo a crianças, jovens e adultos. O desafio é grande: mesmo com cargas horárias reduzidas, o espaço é um convite para que os estudantes pensem "fora da caixa" - o que nem sempre é fácil. Nossas escolas e universidades foram pensadas em consonância com a ideia de o emprego como a relação central de trabalho. 
Em um cenário assim, aquele que se destaca no mundo dos negócios acaba frequentemente visto como sendo alguém que tem um dom, um poder mágico que o torna diferente dos demais, que estão fadados à sina de buscar um emprego, e que por atribuição primeira, devem se preparar ao máximo para essa tarefa.
Enquanto ficamos presos no impasse sobre qual o papel da educação e o que pertence ou não a ela como atribuição, muitos jovens estão abandonando os bancos escolares e acadêmicos para criar negócios promissores, às vezes contando com sua própria sorte, às vezes contando com a ajuda de algum mentor, mas quase na totalidade das vezes com a convicção de que o ensino formal não preparou para nada daquilo. 
Esses mesmos jovens estão sendo responsáveis por uma revolução que não usa bandeiras, não protesta nas ruas e nem protagoniza acaloradas discussões, mas que está de fato mudando o mundo. E o ensino do Empreendedorismo tem tudo a ver com isso.


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