Quando pensamos em hereditariedade é comum lembrarmos de genes,
características físicas, heranças dominantes e recessivas e, até mesmo, a
predisposição para doenças. Porém, como neurocientista eu preciso ampliar esse
pensamento e considerar a hereditariedade daquilo que se encontra fora do campo
da genética: o comportamento.
Quando
temos filhos, somos seus espelhos e eles são nossos reflexos. Isso é natural e
biológico.
Quando
nascem, nossos filhos, são 100% dependentes de nós, inclusive, os seres humanos
são a espécie mais vulnerável de todas ao nascer.
OS FILHOS SÃO NOSSOS DEPENDENTES E, ESSA DEPENDÊNCIA, GERA A CÓPIA, QUE FORMATA
UMA PERSONALIDADE QUE TENDE A REPETIR O QUE FOI ENSINADO, O QUE SE VÊ E SENTE.
Mesmo
dentro da genética, o que é feito pelos pais, é íntimo à personalidade do
filho.
Se
descuidamos do que de melhor podemos dar, para que possam copiar e, passamos a
compartilhar com eles as nossas sombras, possivelmente, eles passarão a
apresentar o mesmo modelo.
A
família é o primeiro grupo de pertencimento, é referência, tanto para copiar
ações admiráveis, quanto para repetir atitudes consideradas ruins. Ou seja,
herdamos geneticamente e aprendemos comportamentos que nem imaginávamos que
teríamos, caso a nossa criação tivesse sido outra.
Nesse
contexto, acredito que os comportamentos podem ser herdados mesmo sem as
nuances cognitivas da experiência prévia.
Por exemplo, estava brincando com meu filho de 3 anos de mexer em sua orelha,
ele não gosta disso, mas eu sei o limite. Quando minha filha fez o mesmo, ele
logo reclamou. Quando tentei explicar que ele não gostava, ela disse que eu
havia feito a mesma coisa. Ou seja, ela copiou minha atitude, só que não há
nela ainda o desenvolvimento cognitivo para entender as nuances do limite.
Por
isso, a educação é muito mais do que uma obrigação parental, é uma estratégia
relevante para evitar danos futuros.
PODEMOS EVITAR
ADOLESCENTES PROBLEMÁTICOS, ENVOLVIMENTO COM DROGAS, FALTA DE PERSPECTIVA
PROFISSIONAL E OUTRAS CIRCUNSTÂNCIAS SE SOUBERMOS, CONSCIENTEMENTE, OFERECER
AOS NOSSOS FILHOS A NOSSA LUZ E, OS ALERTAR QUANTO AS NOSSAS SOMBRAS, PARA QUE
ELES NÃO VENHAM A REPETÍ-LAS.
Fabiano de Abreu
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