A civilização do Egito Antigo costuma ser lembrada por conta de suas
várias descobertas espantosas em áreas como a Medicina, mas os egípcios também tinham, para aquela época,
concepções bem avançadas no que diz respeito às ideias sobre o amor, o casamento e o sexo.
Historiadores já constataram que os
egípcios dessa época buscavam se informar acerca desses temas. Então, o sexo
não era visto como um tabu, mas sim como um elemento básico da vida, tal como
comer e dormir. Muito do que se discutia sobre o tema ocorria por meio das
artes, como a poesia.
O conhecimento sobre a sexualidade,
por exemplo, era bastante explorado — algo que aparece já nas palavras criadas
dentro da língua egípcia. Eles tinham vocábulos diferentes para designar o ato
sexual, incluindo eufemismos, ou seja, uso de uma linguagem mais agradável para
suavizar uma expressão, como dizer “fazer amor” ao invés de “fazer sexo”.
Poesia e expressões
de cunho sexual
(Fonte: G1)
Registros da escrita egípcia mostram a diversidade de termos usados
nesta civilização para descrever tanto as partes do corpo quanto para fazer
insinuações, de cunho poético ou explicito.
Há palavras para descrever, por
exemplo, órgãos genitais femininos, como xnmt (útero), iwf (carne), kns (região
pubiana) ou k3t (vulva). Um termo como keniw, que
designa "abraço", também costumava ser usado de forma metafórica,
sugerindo um encontro sexual, como na frase “ela me mostrou a cor do seu
abraço”.
Outro elemento interessante
identificado por historiadores são os termos afetivos entre os casais, como
“meu felino”, “a tão procurada”, entre outros. Por mais que os egípcios
falassem bastante sobre sexo, havia a recomendação de que ele fosse praticado
dentro do casamento — por isso, eles costumavam se casar bem jovens, por volta
dos 16 anos.
O casamento egípcio
(Fonte: G1)
O casamento entre os egípcios ocorria
por meio de um evento simples: normalmente a mulher simplesmente se mudava para
a casa do homem. O principal foco do casamento era a reprodução, e o casal
tinha como principal acordo o compromisso de criar os filhos. Por causa dessa
centralidade da prole, era comum que a infertilidade causasse separações.
Curiosamente, alguns casamentos
tinham até arranjos para o caso de divórcio, em uma espécie de contrato
pré-nupcial. Documentos mostram inclusive a ideia de “casamento temporário”, em
que um casal tentaria estar junto por um tempo e se separaria caso a relação
não desse certo.
Um texto encontrado dizia: "você
estará em minha casa enquanto estiver comigo, como uma esposa a partir de hoje,
no primeiro dia do terceiro mês do inverno do décimo sexto ano até o primeiro
dia do quarto mês da estação das cheias do ano dezessete”. Esse tipo de
casamento temporário ficou conhecido como “um ano de alimentação” e permitia um
fim rápido da relação que não gerasse filhos.
Técnicas de sedução
e divórcio
(Fonte: G1)
Os egípcios também buscavam formas
para seduzir o cônjuge. Isso envolvia “receitas” para prender o amor, como uma
que recomendava aos maridos: “remova a caspa do couro cabeludo de uma pessoa
morta que foi assassinada e sete grãos de cevada enterrados na sepultura de uma
pessoa morta, esmague-os com dez onças de sementes de maçã. Adicione o sangue
de um carrapato de cachorro preto, uma gota de sangue do dedo anular da sua mão
esquerda e o seu sêmen. Esmague-o até formar uma massa compacta, coloque-o em
um copo de vinho e deixe a mulher beber”. Se as mulheres bebiam essa poção
pavorosa, nunca saberemos, mas era "garantia" de sucesso.
E se nada desse certo e os casais
quisessem se separar? O divórcio era possível no Egito Antigo por razões diversas. Os motivos mais comuns
para encerrar um casamento eram a falta de filhos e o adultério. Pasme: era
relativamente simples se divorciar, tanto homens quanto mulheres poderiam
requisitar o desquite. Bastava que o homem dissesse "te expulso" ou a
mulher falasse "estou indo embora", e os laços estavam desfeitos.
Maura Martins.
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