quarta-feira, 24 de agosto de 2011
A velocidade da nossa educação
Ouvindo uma entrevista na radio CBN do professor Paulo Blikstein da Universidade de Stanford (USA), brasileiro e ganhador do último prêmio do Cientista Jovem de USA pela criação de um método de ensino de ciências para o ensino fundamental e médio a custos muitos baixos e que permitirá a formação de futuros pesquisadores, tive a ideia desta crônica. Quando explicou seu método de ensino, ele disse: “O que estamos ensinando em dez anos estará obsoleto”. Isto provocou um turbilhão de pensamentos que quero compartilhar com meus leitores.
Quando falamos de dez anos em termos de educação é um tempo muito curto. Nossas crianças passam uma média de 20 anos (ou mais dependendo da área) preparando-se para entrar no mercado de trabalho e nosso sistema educacional praticamente não tem evoluído nos últimos 50 anos.
Estes são fatos que quando os usamos para fazer uma projeção para os próximos 10 anos, nos leva as seguintes conclusões:
a) mais dependentes da mão de obra estrangeira;
b) conforme as projeções dos economistas em 10 anos o Brasil será uma das três economias mais importantes do globo, mas será dirigida por estrangeiros;
c) seremos um país sem combustível humano para abastecer seu crescimento;
d) se perderá nossa identidade cultural.
Soluções:
1) Mudar o conceito do o que é ser um professor. Professor não é quem domina uma matéria, mas aquele que sabe como guiar grupos de estudantes no mundo da educação que se modifica constantemente. Deverá ter a capacidade de adaptar os velhos conteúdos a evolução do conhecimento com a rapidez necessária.
2) Mudar o conceito, muito arraigado na nossa cultura, que um diploma é um certificado de conhecimento ou capacidade real em determinada área.
3) Estabelecer parâmetros que permitam incentivar os alunos que realmente desejam estudar, pesquisar, que tenham motivação e ânsia de buscar o conhecimento e não ser meros entes matriculados numa instituição educacional.
4) Programar conteúdos pedagógicos que permitam colocar em prática instantaneamente o que está sendo aprendido, já que desta forma o conceito de aprender e colocar em prática ajuda a fixar o saber.
5) Um sistema de educação que seja estruturado em função de resultados e não de pirâmide burocrática, já que qualquer professor sabe que há alunos que tem uma velocidade e fome de aprendizado muito maior que outros. Isto significa dar igualdade de oportunidades a todos, mas permitindo que os mais capazes possam realmente avançar mais rápido.
Exemplo: Todos tem a oportunidade de ir do Rio de Janeiro a São Paulo, mas a rapidez para percorrer o caminho deve estar de acordo com a velocidade de cada um. Hoje em dia forçamos aos alunos transitar essa rodovia do conhecimento à velocidade do mais lento.
6) Criar a consciência crítica para que cada educador e cada aluno possam evoluir de acordo ao seu potencial e não dentro dos limites do sistema.
7) Incentivar e provocar aos alunos que sonhem e convencê-los de que são capazes.
8) As avaliações devem ser em função de aplicação prática do aprendido e não teóricas.
9) Resgatar o conceito de excelência de procurar a nota 10 e não como atualmente a busca da mediocridade onde uma nota 5 é suficiente.
10) Revolucionar a educação ensinando que todos temos a capacidade de saltar, mas a distância que conseguimos nos saltos podem ser diferentes.
Igualdade simples e rasa é diferente de igualdade de oportunidades.
Igualdade de oportunidade para receber educação não é o mesmo que o aproveitamento dessa igualdade.
Todos os homens são livres, mas nem todos sabem como ser realmente livres. A educação tem a obrigação de formar cidadãos que exerçam a liberdade de pensamento, de escolha do que eles querem ser.
Talvez então descubramos que podemos chegar até onde imaginamos e não só até onde o sistema nos permite sonhar.
Por: Ricardo Irigoyen.
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Postado por
William Junior
às
17:58
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William, só nossos "representantes" não percebem isso. O Brasil não tem EDUCAÇÃO de qualidade por conta dos interesses próprios dos gestores que são defendidos em detrimento do povo. Essa postagem é show, muito esclarecedora. Vejo que o entrevistado tem conhecimento e o que temos de fazer é nos mobilizarmos para cobrar mudanças - sem essa iniciativa, as previsões do professor Paulo Blikstein serão confirmadas. Lembra do projeto que tramita no Congresso Nacional? Aquele que obriga filhos de políticos com cargo público a serem matriculados somente em escola pública; não vai passar, mas que sirva de alerta aos políticos de que o povo está acordando. Postagem maravilhosa, amigo. Grande abraço.
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