sexta-feira, 8 de julho de 2011

O luto: saiba como lidar com ele



Dias atrás escrevi algumas linhas sobre o sentimento de tristeza e a depressão, na tentativa de que ficasse um pouco mais visível aos olhos de todos o quanto importante é sentir a tristeza sem pensar que isso é doença, mas sim, que este sentimento é inerente às nossas vidas e também na manutenção de nossa saúde e amadurecimento.

Porém percebo também o quanto importante seria falarmos nas perdas de nossas vidas relacionadas à despedida de nossos queridos, aqueles que se vão e sabemos não mais irão voltar.

O luto gera tristeza, dor, por vezes revolta e muitas vezes encontramos nele o inconformismo, e passamos a nos questionar, porque foi assim? Porque aquela pessoa querida se foi tão cedo, ou porque havia de ser daquela forma?

Luto, originalmente, significa sentimento de pesar pela morte de alguém. É um processo que tem começo, meio e fim. A maior intensidade ocorre na hora em que se perde o ente querido e esse sentimento vai decrescendo até tornar-se, progressivamente, uma lembrança. Porém, quando esse processo pode não se finalizar de forma correta, impedindo que o indivíduo retorne as suas atividades cotidianas, se dá início ao que se chamada de Luto Patológico.

Quando o luto passa a ser doença
O luto patológico, ou seja, que não se finaliza dentro do tempo esperado, pode ser divido em três tipos. O primeiro deles é o chamado de “luto crônico”, ou seja, aquele que tem duração excessiva e nunca chega a um término satisfatório.

Há também o "luto retardado ou ausente", onde apesar de uma reação normal a perda, o indivíduo não exibe condições suficientes para superá-lo. E, finalmente, no "luto severo" há uma intensificação do sentimento.

Os determinantes que podem fomentar um luto patológico estão basicamente ligados a questões envolvendo o relacionamento com a pessoa perdida como, por exemplo: quem era a pessoa com quem se perdeu o contato, a natureza desta ligação, forma com que essa morte ocorreu, história de vida e etc. Porém esse sentimento também pode estar ligado à personalidade de quem sofre com o luto.

Uma das possíveis causas dessa patologia é o chamado adiamento ou negação do sentimento. No luto adiado, as reações imediatas à morte não são vivenciadas na ocasião e são acionadas mais tarde através de outros eventos detonadores, com uma carga emocional menor, embora suficientemente forte para desencadear o processo.

No luto negado, a pessoa que carrega o sentimento da perda, não dá vazão ao processo, bloqueando-o e agindo como se nada tivesse acontecido, negando todos os sinais de sofrimento e dor.

Como reconhecer alguém que está passando por um luto patológico

Se após a morte, a pessoa que sofreu a perda persistir no processo de luto por mais de um ano e apresentar os sinais e sintomas abaixo descritos, é provável que seja hora de buscar ajuda profissional:
• Alucinações e memórias espontâneas relacionadas com quem se perdeu;
• Fortes períodos de emoção relacionada com a pessoa falecida;
• Anseios ou fortes desejos de que a pessoa falecida esteja presente;
• Sentimentos de intensa solidão e vazio;
• Afastamento ou evitação radical das pessoas ou locais que recordam o falecido;
• Distúrbios do sono;
• Perda de interesse pelas atividades profissionais, sociais e cotidianas.

Quem procurar?
O Luto Patológico deve ser tratado pelo psicólogo que o auxiliará na elaboração do luto. Por vezes torna-se necessário também o acompanhamento psiquiátrico, pois devido à gravidade do transtorno o uso de medicamentos geralmente é indicado.

Esse processo de cura se dá após o reconhecimento e aceitação da morte ocorrida e, também, com a retomada do controle de suas emoções e problemas que essa perda ocasionou ao sujeito. O luto resolvido apenas aparentemente, pode deixar marcas que podem se manifestar a longo prazo.

Por Patrícia Barazetti.

"...É a ausência, o vazio, que nunca se preenche,
e que me persegue onde quer que eu vá.
E por mais que eu tente esquecer de tudo, não consigo.
Será mesmo, que existe um lugar no mundo onde a saudade desapareça, me esqueça? Algum lugar onde você esteja."
Natanieli Slongo

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