sábado, 9 de julho de 2011
Maioria das pessoas não sabe quanto paga de juro
55% da população brasileira ainda recebe o salário em dinheiro vivo.
O acesso fácil ao crédito e a melhora no poder de compra foram as razões apontadas pelo casal Mislene Ferreira e Marcos Cruz para uma série de financiamentos feitos desde fevereiro. As novas aquisições foram de sofá e geladeira a roupas e calçados. "Só em vestuário gastamos uns R$ 2.000", conta Mislene, que trabalha como operadora de empilhadeira.
Ela diz que o único fator que leva em conta na hora de assumir um financiamento é o valor das parcelas e admite que não sabe quanto paga de juros nos parcelamentos. "Compro tudo parcelado e não sei quanto me cobram nem de juros e nem de tarifas. Se gosto e preciso do produto, só vejo se consigo pagar a parcela", afirma.
O comportamento do casal está longe de ser um fato isolado, segundo pesquisa da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ). O levantamento realizado pela entidade em todo o Brasil mostrou que entre abril de 2010 e abril de 2011 cresceu de 60% para 63% o número de entrevistados que não sabe quanto paga de tarifas de banco.
A pesquisa também mostra que, no mesmo período, caiu de 26% para 22% o percentual de comprometimento da renda com pagamentos de empréstimos o que, de acordo com o economista da Fecomércio-RJ, Christian Travassos, fez com que as pessoas "relaxassem" na hora das compras. A fatia de entrevistados que pesquisa os preços a vista antes da compra caiu de 82% para 68% na comparação entre os meses de abril de 2010 e 2011. Entre os que pesquisam os juros antes de realizar empréstimos, o índice subiu de 33% para 47% no período.
Cautela. Embora afirme que não sabe avaliar se os juros cobrados nos parcelamentos são ou não abusivos, a brochurista Kátia Mendes diz que tenta evitar financiamentos longos. "Procuro comprar as coisas em no máximo cinco vezes e dou na entrada o maior valor possível". Segundo ela, como as compras são parceladas no cartão de crédito e não há diferença entre as cobranças mensais, a impressão é de que não estão sendo cobrados juros, apesar de saber que eles já foram embutidos no valor das parcelas.
Pagamento em espécie domina
O levantamento da Fecomércio-RJ apontou que 53% dos entrevistados não têm conta em banco, índice maior que os 51% apurados no levantamento de 2010. Segundo dados do Banco Central, 55% da população brasileira ainda recebe o salário em dinheiro vivo.
Por não ter cartão de crédito, a cozinheira Maria Romana dos Reis diz evitar compras parceladas. Segundo ela, "as propostas de financiamento com carnê cobram juros muito altos". Há três anos, Maria não realiza nenhum financiamento e diz que uma das razões é o preço diferenciado do carnê e por ela não ter conta em banco e nem cartões de crédito.(PG)
Por PEDRO GROSSI.
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Postado por
William Junior
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11:43
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