Um novo antibiótico produzido por bactérias cultivadas em laboratório mostrou-se ser eficiente conta as chamadas "superbactérias" sem fazer com que os germes se tornem ainda mais resistentes ao tratamento, sugere um novo estudo feito nos Estados Unidos. Os cientistas isolaram o medicamento, chamado clovibactina, de uma bactéria Eleftheria terrae, coletada no solo da Carolina do Norte.
O artigo, publicado no dia 22 de
agosto na revista Cell, aborda a necessidade urgente de novos
antibióticos capazes de matar bactérias de novas maneiras. Os cientistas também
destacam a promessa de estudar bactérias que antes eram difíceis de cultivar
para encontrar mais respostas.
Bactérias resistentes
(Fonte: GettyImages)
Segundo os pesquisadores, a
clovibactina é um antibiótico quimicamente novo proveniente das chamadas
bactérias de "matéria escura" — microrganismos que nunca foram
cultivados em laboratório antes. "Não é tóxico em modelos animais e
funciona melhor do que o antibiótico padrão-ouro vancomicina usado para tratar
infecções bacterianas que mostram resistência a outros medicamentos",
afirmou o autor do estudo, Markus Weingarth.
Muitos antibióticos destroem as
bactérias ao interromper a formação de paredes celulares, uma estrutura
semelhante a uma malha que envolve cada célula bacteriana. Os antibióticos
existentes até agora tendem a fazer isso interferindo em proteínas chamadas
enzimas, que ajudam a construir a parede celular.
No entanto, as bactérias podem
evoluir com o tempo e alterar essas enzimas, tornando esses medicamentos
ineficazes. “A maioria dos antibióticos que encontramos hoje em dia são
semelhantes aos antibióticos já existentes, e isso é um problema, porque as
bactérias podem facilmente desenvolver resistência a eles”, explicou o
pesquisador.
A resistência aos antibióticos é uma
ameaça crescente que, em todo o mundo, resultou diretamente em cerca de 1,3
milhões de mortes e pode ter contribuído para mais 3,65 milhões somente em
2019. Logo, a busca por antibióticos que consigam combater essas superbactérias
tornou-se uma prioridade científica.
Estudo revolucionário
(Fonte: GettyImages)
Anteriormente, cultivar bactérias
como a E. terrae era um processo bastante complicado, uma vez
que, para sobreviver, elas necessitam de nutrientes específicos e micróbios
simbióticos no solo onde crescem. Porém, os investigadores desenvolveram um
dispositivo que pode recriar as condições necessárias para o crescimento do
esquivo micróbio no seu solo original.
Isso permitiu aos pesquisadores da
NovaBiotic Pharmaceuticals, coautores do artigo, cultivar a bactéria e
descobrir a clovibactina. Weingarth e seus colegas trabalharam então para
determinar como o antibiótico funciona. A equipe descobriu que a clovibactina
pode matar duas superbactérias perigosas: Staphylococcus aureus e
a Enterococcus faecalis.
Enquanto a primeira delas é
resistente à meticilina, a segunda mostrou-se resistente à vancomicina. A
clovibactina, por sua vez, consegue envolver as moléculas dessas bactérias em
uma espécie de gaiola, que não modificáveis pelos patógenos. Além disso, injeções intravenosas do medicamente
também foram mais eficazes do que outros remédios contra essas bactérias.
Como próximo passo, alguns
pesquisadores acreditam que a clovibactina possa ser ajustada quimicamente para
matar bactérias de forma ainda mais eficaz antes de testá-la em humanos pela
primeira vez — garantindo resultados ainda mais impressionantes.
Magacuirioso.
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