Sem bravatas, mas certamente com acerada vocação exegética, a mulher é especialista na arte de falar de amor. Matinas, vespertinas ou noturnas, há belas, meigas, grisalhas ou cafuzas, melancólicas ou feias falando de amor. Ou nele cogitando. Moças ou anosas, magrelas ou gorduchas, em pecado ou pudicícia, em todas as latitudes, plagas e ambiências, a mulher está sempre a falar e a florar de amor.
Falando de amor, mulher nenhuma é feia ou desairosa.
Duendes do mistério tangem de quimera e esperança o universo interior da mulher que sonha e fala de amor. E falar de amor, para outrem ou a si mesma, salva. No mínimo, resgata! Falar de amor é amar o amor consentido. É inserir-se na atemporalidade. Falar de amor é ingressar no tempo e no templo dos deuses. É a flor-e-flarar doçuras, propósitos e devaneios.
Na mulher de flora-flara de amor habitam potestades etéreas: anjos e arcanjos. Mais que eles, demônios angélicos, obreiros ocultos de porções obrigatórias ao composto de sortilégio e nobreza que é o amor. A mulher que fala, flora ou flara de amor não é somente um ente solitário que narra singularidades episódicas da vida. É mais. É um ser de natureza, na graça sempiterna da procriação.
Sua história exclusiva é apenas a evasiva de seu ingresso na harmonia do amor cósmico, na ordem enigmática do passadio da vida. Por esse motivo, acodem entidades secretas - fadas, ninfas e dríades - para celebrar e tornar prazenteira a tarefa de amar, amorfoseando-lhe o ato de confidenciar(se), auscultar(se), perquirir(se), saber(se), ratificar e desvelar o que lhe vai n'alma, na deliciosa embriaguez do amor partilhado. Quiçá do amor secreto. Talvez de um amor puro e não retribuído.
Mulheres acumpliciadas, contando a baboseira adorável de um mero vocábulo ou de uma simples oração, o presságio manifesto do sim ou o vaticínio recôndito do não, as amarguras de cada lágrima ou as agonias doridas da incerteza, são a natureza em revérbero e vida.
Mulheres falando de amor - ou mulheres silentes, em insondável tagarelice com o seu ego - não são apenas seres humanos absortos em casos singulares. São a vida em processo, a eternidade em vir-a-ser e gestação. Seres veneráveis, pois falar de amor é de certa forma provê-lo. É insuflar a seiva que o nutre enquanto o consome. Feliz é o homem que já, agorinha, neste átimo de tempo - ainda que sob a impertinência do céu plúmbeo de primavera! - é lembrado por alguma mulher em qualquer escaninho do enigmático planeta terráqueo! Feliz até mesmo o homem que é ultrajado por amor ou execrado, em prantos, à cause d'amour!
Enquanto houver mulheres alegres ou tristes - coléricas e vulpinas são excluídas; elas não combinam com poesia! - falando, florando, fluindo ou influindo amor, o gênero humano ainda poderá vislumbrar na fímbria do horizonte uma sutil réstia de esperança.
Como o queria o estro poético de Lamartine: Aimons-donc! Aimons-donc! De l´heure fugitive...
Por: Sergio Cruz Lima.
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terça-feira, 16 de outubro de 2012
Quando o tema é o amor...
Postado por
William Junior
às
20:08
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Parabéns pelo blog, amigo!
ResponderExcluirJá estou lhe seguindo aqui...
Se puder, visite meu blog e me siga em http://BrainStorm20.blogspot.com.br
Muito obrigada!
Um grande abraço,
Ísis.
(Caso tenha interesse em quadrinhos, visite também: http://QGcomics.blogspot.com.br)