quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Muita areia para o caminhãozinho
Sem a pretensão de desmerecer ou subestimar a quem quer que seja, mas para clarear melhor nossa visão, exponho o que sei e o que ocorre com muitas pessoas.
Quando eu era garoto e entregava jornal aos assinantes, rodando a cidade numa bicicleta, devotava um respeito exagerado e muita admiração pelas pessoas importantes da localidade, tidas como “gênios”, “sumidade de doutores”, “um mestre inigualável”, consideração parecida com essa que os fãs legam aos seus ídolos, astros e estrelas de cinema e televisão.
Então, se naquele tempo eu era original com as pessoas comuns, por outro lado, eu devotava uma admiração inexplicável e grande respeito aos “célebres” que chegava a me dar medo; mal entregava o jornal a esses donos de nomes pomposos e me retirava da sombra de sua importância.
Mas o tempo rolou, tornei-me adulto, fui conhecendo pessoalmente as figuras importantes reverenciadas pelo povo e fui dando conta de que tudo aquilo que a gente pensava que essas sumidades fossem era apenas mais um pré-aviso para mais um aprendizado. Quando se procurava nelas todos aqueles talentos, aquela grandeza, os motivos que os tornaram tão especiais, não era absolutamente grandeza nenhuma, apenas as normais diferenças de pessoas para pessoas.
Mas não encontrei, em nenhum deles, nada de especial, que os diferenciassem dos outros. Se uns eram venerados, causando esnobismo aos humildes, até que podiam ter motivo para aquilo, porém, esse mérito era restrito apenas dentro de sua área profissional. Quando os conhecia pessoalmente, ao vivo e a cores, ao me tornar jovem adulto, foi então que achei graça do exagero sobre cada um deles. Percebi que as pessoas exacerbavam no equívoco. Não passavam daquilo que estudaram para ser, não superavam – digamos – sua oratória ou o seu saber jurídico ou o seu talento, fosse qual fosse.
Mas não eram polivalentes nem merecedores de tão esmerado tratamento que se deviam dispensar às demais pessoas. Vejo, hoje, que ainda existem pessoas assim, que tratam autoridade com tal deslumbramento que a gente – que a conhece – sabe tratar-se de um nome célebre, mas pobre de cérebro; famoso, mas não por suas qualidades, mas pelo medo que passam devido a crimes e deslizes cometidos; bajulado, mas não por ser popular, e sim por ser rico ou, enfim, aclamado, não pelos seus atos humanitários, porém, pelos gols que sabem fazer na seleção canarinho.
Claro que há os que são aclamados e queridos pelos seus méritos e talentos descomunais, que não ficaram restritos só a sua área de atuação. Sem ter eu que me esforçar para lembrar alguns célebres desse calibre, nem piscar para grifar, aqui, pessoas como Darcy Ribeiro, Juscelino Kubitschek de Oliveira, Oscar Niemayer, Antônio Francisco Lisboa, Irmã Dulce, Tereza de Calcutá, Chico Xavier, Castro Alves (que, aos treze anos, compôs o Navio Negreiro), Vitor Hugo, Amadeus Wolfgang Mozart e uma infinidade deles.
Estes até hoje causam espanto, além de Steve Job e Bill Gates, que, segundo me disseram, não tiveram curso superior, mas nem por isso ficaram impedidos de serem tão úteis à humanidade e aclamados pelo povo, como merecem.
Nem todos aqueles que são ovacionados pela maioria são fora do comum. São pessoas normais e simples como nós mesmos. A dimensão que vemos nele é o tamanho da nossa ignorância relativamente ao próximo.
É hábito nosso querer botar areia demais sem medirmos o tamanho do nosso caminhãozinho, quando toda essa carga caberia na palma da mão.
Por: Iron Junqueira.
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Postado por
William Junior
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21:37
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Verdade, as pessoas endeusam a outras sem necessidade, se sentindo incomodadas frente a pessoas que tem ou detem alguma posição social, falando em oratória, me encontrava em um curso de oratória acompanhado de um amigo, na lista de pessoas para discursarem, havia psicólogos, estudantes de direito, professores... O meu amigo cochichava frequentemente no meu ouvido "E agora Jura, nós somos os mais pequenos aqui...", eu o tranquilizava dizendo "Calma, quando chegar nossa vez nós vamos arrebentar", e assim foi visto que dominávamos a oratória
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