quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Vida, sem hora para acabar...



Astral nas alturas, felicidade e sucesso são os requisitos para se apresentar, ficar, permanecer e continuar nos outdoors da vida.

A mensagem é: “tudo está uma maravilha”, “eu sou muito feliz”. Será? Não parece agradável a necessidade de estar o tempo todo com uma determinada sensação, seja ela qual for. É relevante, sim, o cuidado com a exposição do que sentimos. Dependendo do sentimento, é fundamental a não contaminação. Por isso, existem sentimentos que nos pedem um recolhimento maior e outros que valem a pena compartilhar.

Tudo o que sentimos é importante: serenidade, euforia, entusiasmo, melancolia, felicidade, gratidão, tristeza, cansaço, disposição, raiva, amor, paixão etc. Temos o direito de sentir tudo, absolutamente tudo. E cada vez que sentimos cada um deles é diferente, porque não somos os mesmos todos os dias. Então, como ser sempre feliz, todo dia alegre, toda hora divertido? Viver assim sequer é uma possibilidade. Porque a vida é uma composição de sentimentos.

Reduzir a capacidade do gênero humano a sentimentos, como se fosse uma máquina produtora da felicidade, é apequenar o grande leque de possibilidades do homem: o seu dinamismo, a sua flexibilidade, o seu traquejo no mundo, o seu movimento, o seu fluir, a sua capacidade de transformar a si e ao meio em que vive.

A vida não é só alegria, é tristeza também. Há quem diga que não gosta e não quer sentir tristeza: acontece que a tristeza não pede licença para o gosto e o desejo. Quando ela vem é de bom tom prestar atenção, porque ela é importante.

Para uma vida realmente vivida é preciso autodoação: reconhecer o direito de conexão com nossos sentimentos.
A tristeza bateu na porta? Receba-a, ouça-a e fique triste.

Quer sentir felicidade? Construa-a.
Quer ficar calmo? Pare e respire.
Quer se divertir? Dance.
Quer amar? Se ame e, depois disso, olhe para o lado.
Quer se cansar? Produza bastante suor.
Quer descansar? Estique as pernas.
Quer pensar? Olhe para as estrelas.
Quer viver? Sinta.

E se, em algum momento, o jeito que sentimos não nos cair bem, ficaremos tranquilos: se vida não tem hora certa para acabar, seguiremos aprendendo.
Porque vale a pena não ter pressa para viver: para as coisas se concretizarem, para obter as respostas às nossas perguntas, para alcançar nhttp://www.blogger.com/img/blank.gifossos objetivos, atingir nossas metas. Afinal, o que importa não é o pódio, os confetes, as purpurinas, as celebrações em si. Os troféus não são tão interessantes assim. São algo como “que bom que chegou, mas que pena que acabou.”

O importante é o sabor do percurso. É fundamental a elaboração das nossas conquistas, seja qual for o peso que conferimos a elas. É gostoso se concentrar, é prazeroso aprender no gerúndio. Aliás, o gerúndio é muito interessante: cadenciado, gradual, ritmado, elaborativo, digerível. Assim como a vida efetivamente experimentada.

Por: Raquel Braga.

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