segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Dependente ou Independente! Como você está?
Começando pelo começo... Eu por muitos anos de minha vida estudei a dependência química, foram muitos anos de convivência com esta doença, a dependência, e com isso muita aprendizagem. Sempre atenta a tudo, sempre fiquei muito intrigado com relação à DEPENDÊNCIA, isso porque fui percebendo que não verificava os sintomas apenas nos dependentes químicos ou sexuais, percebia os mesmos sintomas em situações de pessoas para pessoas. Você deve estar se perguntando como assim? Vamos então a uma simulação:
Monicazinha se diz apaixonada por Eduardinho, diz que não consegue viver sem ele e que o fato dele não querer mais o relacionamento a deixa um tanto nervosa, ansiosa, angustiada. Passa o dia inteiro pensando em Joãozinho, em como ter o mínimo de atenção dele e passa a fazer de um tudo para ter um tico desta atenção.
Eduardinho por sua vez, já esta em outra situação,(isso nas melhores das hipóteses, pois ele pode usar dela para se sentir amado), como sempre recebe noticias dela, por ela mesma, resolve então uma vez a cada tempo (indefinido) responder.
Monicazinha sofre, mas sofre por demais, chora, fica inquieta, ansiosa, treme. Quando um dia Joãozinho aparece, mesmo que num mísero telefonema para falar "oi", Monicazinha fica outra, alegre, desperta, saciada. O tempo passa e ela vai perdendo esta motivação na espera de um novo "aparecer" de Eduardinho que não aparece, daí que todo o sentimento de muita angústia, desespero, toma conta dela novamente... E por aí segue nova espera com puro sofrimento.
Aqui contei uma breve historinha, historinha essa que com outras nuances e particularidades muitas pessoas passam.
Entendemos que esta pessoa tem sintomas muito semelhantes a de dependentes químicos, que quando tem acesso as drogas, naquele exato momento ficam saciados para depois logo estarem sedentos novamente pela droga. Monicazinha fica igualmente sedenta e quando tem Joãozinho fica se sentindo saciada, mas logo depois tudo volta a ser de uma angustia imensa ate a próximo contato com Eduardinho, a droga dela.
A nossa personagem passará a condicionar seu comportamento sempre de modo a obter a aprovação daquele a quem ela formou este elo dependente. Ainda em casos mais graves, vemos Monicazinhas submetendo-se a humilhações, abusos, explorações e toda sorte de desrespeito, simplesmente para garantir que o ser amado (será amado mesmo?) não a abandone.
Quando uma pessoa se encontra nesta situação vamos percebendo que elas não passam pelo tempo da "síndrome de abstinência" ou quando estão exatamente nela, pelo sofrimento, angustia etc., elas recorrem a Joãozinho, e prometem que só aquele contato já será esclarecedor e "nunca mais falara ou seguira as sombras de Eduardinho ", vejam: "Nunca mais", "esta foi a ultima vez", sentenças bem conhecidas e discursadas na dependência química, "só um ultimo gole (contato)", passando ai a uma ilusão de permanência. Com muito trabalho é que esse "nunca mais" será um "NUNCA MAIS".
A compulsão em buscar o objeto de dependência, muitas vezes ou na maioria das vezes, é maior, é como se Monicazinha, ali acima, acredita-se que Joãozinho a iria preencher, e nunca mais ela precisaria dele... Ilusão de Monicazinha... O desconforto logo virá e, ela possivelmente não será capaz de segurar a obsessão, não segurara a síndrome de abstinência. Quando um dependente químico em tratamento tem suas recaídas, ele possivelmente recai na síndrome de abstinência, pois sintomas físicos, psiquicos são muito intensos e para ter sua doença em controle ele precisa passar pela síndrome de abstinência.
Monicazinha quando não tem nenhuma noticia de Eduardinho, fica sem sono, irritada, ansiosa, com sintomas depressivos, distúrbios alimentares onde ou come muito ou não come nada, desiludida da vida e por aí vai... Tal qual na dependência química.
Portanto Monicazinha, na verdade, não ama Eduardinho, mas, esta dependente do afeto, de Eduardinho... duro, mas acontece muito e, pode ter certeza dói e dói muito para ela como para qualquer tipo de dependência.
Quantas pessoas você conheceu que passam por isso? Quantas vezes você já falou paras as Monicazinhas da vida: "esquece este cara". Não é tão simples, pois Monicazinha esta doente e o que ela precisa mesmo são de tratamentos porque assim como o dependente químico, cujo organismo se desestrutura quando lhe é retirada a droga, o equilíbrio emocional do dependente afetivo entra em pane quando ele é afastado da pessoa de quem se tornou dependente.
Inicialmente Monicazinha não sabe que esta doente. Será com tratamento que ela poderá reconhecer que esta doente. Estas pessoas, dependem de afeto, possuem uma imaturidade emocional significativa, uma baixa tolerância ao sofrimento, à frustração, a mesma que está presente na vida dos dependentes químicos de modo geral.
Possivelmente a base desse transtorno está uma profunda carência afetiva, uma falta de nutrição emocional que se originou em sua história de vida, portanto aí é que entra a psicoterapia...
Monicazinha precisa aprender que quanto maior for nossa habilidade de vivermos bem sozinhos, mais preparados, organizados, arranjados estaremos para a convivência com o outro.
Por Walnei Arenque.
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Postado por
William Junior
às
09:43
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muito forte e pessoal...
ResponderExcluirrealidade íntima que não é fácil de detectar em si mesmo(a).
é...
ô pergunta (no título) complicadinha de responder...
Adorei a história... ainda mais que lembrou um pouco "Eduardo e Mônica" do Legião Urbana..
ResponderExcluirRealmente vejo muita gente passando por essas situações. Algumas vezes até vi uma forte obsessão. Já passei por coisas parecidas, mas, hoje sou mais forte e não aconteceria de novo.
Até!