domingo, 27 de novembro de 2011

Apaixonei-me por uma Bunda









Apaixonei-me recentemente por uma bunda. Só não me perguntem quem era a dona dessa bunda, pois não faço a mínima ideia. Também não faz a menor diferença. Não a queria. Queria apenas a bunda. Sobre a dona da bunda, apenas algumas informações básicas: pele clara, meia-idade, cabelos escuros e lisos, compridos, descendo um pouco além do ombro. Seu rosto? Não lembro. Lembro apenas da bunda.

E como era a bunda? A bunda estava escondida em um short jeans, não muito curto nem muito apertado. Na verdade, não era nada vulgar. Era um short comum, que ia uns quatro dedos além da voltinha da nádega. Ou, no caso do Lula, um palmo. O short não era nem solto, nem largo. Era justo. Assim como justa era aquela bunda. Uma bunda perfeita. Eu olhava para aquela bunda e ela parecia dizer: vem. Mas, apesar da paixão enlouquecedora que ela me causava, eu não ia. Apenas olhava e a devorava tomando mais um gole de suco de goiaba.

Minha boca parecia salivar incontrolavelmente, da mesma forma que um alcoólatra saliva em uma crise de abstinência. Eu queria chegar para aquela bunda, segurá-la diante de meu rosto, e perguntar:

- Olá, tudo bem? Meu nome é Matheus, prazer em conhecê-la! Quer casar comigo?

E ela, então, me olharia de volta e diria “sim”. E nós ficaríamos ali, nos olhando, sem ver o tempo passar: eu e a bunda. Ou, gramaticalmente correto: a bunda e eu. Eu apertaria aquela bunda contra o meu rosto e iria às estrelas. Passaria meus dedos por cada centímetro daquele pedaço de carne perfeito e suculento e declararia todos os poemas de amor já feitos no mundo em seu ouvido. No da bunda, não no de sua dona. A dona da bunda é apenas um acessório complementar e inútil. A essência do meu amor é a bunda. O combustível da minha paixão é a bunda. O meu objeto de adoração é aquela maldita e perfeita bunda.

Entretanto, enquanto eu adorava e namorava aquela bunda, surge um garoto, de aproximadamente 5 ou 6 anos, provavelmente filho da dona da bunda. Ele chega perto do meu amor e a abraça. Coloca seus dedinhos mínimos naquelas nádegas perfeitas.

Maldito! – murmuro entre os dentes. Naquele momento, queria esganar o garoto, que ficava ali, agarrado à bunda, colocando as suas bochechas coradas no meu objeto amado. Enquanto isso, a insensível dona da bunda nem se mexia, ficava ali, com cara de besta, impassível.

Nesse momento penso: pobre bunda. Tão amada e tão desvalorizada por aqueles que a tem. E assim, a bunda foi embora, levada por sua dona e pelo maldito fedelho. Espero um dia poder reencontra-lá: ela, a perfeita, a bunda.

por Eduardo Ritter .

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