O ato de comprar, que no passado se resumia ao
suprimento das necessidades, tornou-se uma válvula de escape para as emoções.
Há quem compre por estar triste, deprimido, insatisfeito e há quem o faça
exatamente pelos sentimentos contrários: alegria, euforia e entusiasmo.
A questão é que, quando os seres humanos deixam a
racionalidade de lado e agem com base no que sentem, raramente colhem bons
frutos. “Seguir o coração” pode ser um conselho muito agradável em um primeiro
momento, mas quase nunca o é no final.
O coração não pensa, apenas sente. Por isso, em um
momento de estresse, as pessoas são capazes de falar e fazer coisas que jamais
fariam ou diriam se estivessem tranquilas. Agir no calor da emoção pode trazer
muitas dores de cabeça, inimizades, mágoas e rancores. Ainda que haja
arrependimento sincero, nem sempre é possível voltar atrás e, nesse caso, um
ato impensado e repentino pode causas grandes transtornos por muito tempo.
Quanto à vida financeira, os resultados estão aí:
72,6 milhões de inadimplentes, ou seja, pessoas com o CPF negativado por terem
perdido a capacidade de pagamento de suas dívidas. Muitas se veem em uma
situação de aperto, sem nem mesmo saber como colocarão comida na mesa e, em
muitos casos, simplesmente porque tomaram decisões financeiras baseadas em
emoções, sem medir as consequências.
São inúmeras “parcelinhas” de financiamentos para
comprar coisas inúteis que só entulham suas casas, enquanto as contas bancárias
sofrem com os juros sobre juros gerados pelo saldo negativo que aumenta a cada
dia. A bola de neve passa por cima dos momentos de satisfação gerados pelas
compras e atrasa a vida de quem tentou adiantar seus sonhos.
Por mais que o mundo esteja corrido e concorrido,
não podemos ceder à tentação de viver sem raciocinar, pois aquilo que
plantarmos hoje será exatamente o que iremos colher amanhã. Portanto, jogar
qualquer semente achando que tudo vai ficar bem, além de irreal, chega a ser
ingênuo.
Se nos questionarmos por que compramos o que
compramos, veremos que a emoção está muito mais ligada às decisões de compra do
que a própria razão. Por isso, é preciso racionalizar nossos hábitos de
consumo, repensar nossas escolhas e saber valorizar mais o fruto do nosso
trabalho.
Busque transformar sonhos em objetivos e não
subestime o poder do planejamento aliado à perseverança, pois esse é o caminho
para alcançar um propósito maior de vida, algo que vá muito além do consumo
pelo consumo.
Não comprar o que se quer por não ter dinheiro é
difícil. Ficar inadimplente e perder o bom nome por comprar sem ter dinheiro
também é difícil. Racionalize e escolha o seu difícil.
Por Patrícia Lages.
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