Ambos
os filmes tiveram grandes números em suas estreias, sinais de que os estúdios
realmente ofereceram aquilo que seus públicos estavam esperando. Mas...
Esse é o
ano de uma batalha nos cinemas. Anos de expectativa e fãs ansiosos discutindo
ferozmente sobre quem vai ganhar. A batalha não é tanto sobre o que acontece
nas telas, mas sobre os diferentes estilos dos filmes sobre os maiores
personagens do mundo dos quadrinhos.
Eu quis muito gostar de “Batman vs Superman”. Qualquer pessoa
que tem coração fica feliz de ver o Batman e o Superman juntos na tela. Algo
como “Nossa! Olha eles lá! E tem a Mulher Maravilha!”. É óbvio que isso gera
alegria e boas emoções.
Da mesma forma, ver o Capitão América brigando com o Homem de
Ferro, em um filme com o Homem Aranha?! Tem que ser muito de mal com a vida
para não ficar feliz só de poder assistir a essas coisas e se divertir.
Ambos os filmes tiveram grandes números em suas estréias, sinais
de que os estúdios realmente ofereceram aquilo que seus públicos estavam
esperando. A execução dos filmes, no entanto, é completamente diferente. Uma
bela lembrança em que você pode fazer um produto que seu público quer, e FAZER
UM PRODUTO QUE SEU PÚBLICO QUER. Assim mesmo, com letras maiúsculas.
Os dois filmes possuem basicamente o mesmo roteiro: os
personagens principais são levados a brigar entre si por um vilão malvado. A
diferença é a execução.
O Batman e o Superman do filme não se parecem em nada com os
heróis que eu cresci lendo na infância. O Batman é uma máquina assassina, que
sai pilotando o Batmóvel disparando uma metralhadora e derrubando paredes, e só
para quando vê uma mulher bonita. O Superman ou tem poderes seletivos ou está
basicamente se lixando para o resto do mundo. Já em sua primeira aparição, ele
salva a Louis Lane, mas misteriosamente não se importa com os tiros que estão
matando outros personagens (e matam o Jimmy Olsen, um personagem bem importante
nos quadrinhos).
O Visão da Marvel é um Super Homem muito melhor que o próprio.
Ele tenta ser nobre, não quer abusar de seus poderes, deixa as emoções
interferirem e realmente salva outros personagens (eu queria tanto uma cena do
Super Homem salvando alguém como o Visão faz com o ônibus. Não há.) O Homem de
Ferro também é um Batman muito melhor. Um órfão traumatizado tentando trazer
equilíbrio e justiça ao mundo. O homem de ferro é até um melhor detetive, já
que ele vai atrás e descobre quem está por trás da confusão toda. O Batman do
filme é basicamente um bobão que precisa ser avisado sobre o que está
acontecendo.
Falando em vilão, Lex Luthor parece um menino mimado que precisa
lavar umas louças. Ele simplesmente manda os heróis brigarem e pronto! O vilão
de Capitão América tem um contexto e motivações. Ele precisa pensar um pouco
para fazer os heróis do filme entrarem em conflito.
Os dois filmes têm até um atentado terrorista em comum. O que
acontece quando explodem o Capitólio com o Super Homem dentro? Ele olha para a
câmera com cara de paisagem. Os personagens da Marvel ao menos se comportam
como heróis e correm em direção ao perigo.
Quando a luta finalmente acontece, estamos envolvidos quando
Capitão América e Homem de Ferro começam a brigar.
Entendemos que cada um tem seus motivos e o filme monta um
dilema entre as escolhas dos dois personagens. Queremos ver o circo pegar fogo,
e ele pega magistralmente em uma das melhores brigas que já vi nas telas, mas
sabemos porque os personagens se encontram ali.
A briga de Batman e Superman é a coisa mais brochante que já
fizeram comigo em uma sala de cinema. O Superman mal quer estar lá, eles trocam
uns socos e batem um papo. No final, no roteiro mais preguiçoso de todos os
tempos, bastava a mãe dos dois se chamar Martha para a briga parar.
No fim das contas, os dois filmes mostram que há várias formas
de fazer as coisas. Você pode realmente tentar, e você pode ser preguiçoso. O Daslei
Ribeiro, editor de vídeos e colunista de Cinema do Administradores, previu
que Batman apresentaria os outros personagens em um Power Point e foi
basicamente o que aconteceu com aquelas cenas curtas de vídeo. Compare-se a
quando percebi que o Homem-Aranha estava prestes a aparecer e falei mais alto
do que devia, no meio do cinema: “O Homem Aranha!”.
Até a conclusão dos filmes mostra a diferença de execução. Em
um, os conflitos se resolvem: Batman faz cara de triste e já sabemos o que vem
pela frente. No outro, as coisas não são tão simples, pessoas são complicadas.
Mesmo assim, saímos felizes não com uma, mas com duas cenas pós créditos.
Sinto dizer, há muita coisa que gostei em “Batman vs Superman”,
e morro de esperanças que o Ben Affleck ainda salve o dia e mostre um ótimo
filme do Batman. Mas o pessoal da Marvel dá uma aula de execução.
Assista aos filmes, afinal. É sempre bom ver heróis na tela.
Mas, no meu ponto de vista, as duas experiências são uma clara lição sobre a
diferença entre fazer e FAZER.
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