Os tesouros
descobertos no mar Mediterrâneo mostram que ao dominarem o Egito, os antigos
gregos sabiam como conquistar corações e mentes.
Uma exposição organizada em colaboração com o Ministério de
Antiguidades do Egito mostra os tesouros encontrados nas escavações nos anos
1990.
Em algum momento, talvez no século VIII d.C., devido aos terremotos,
inundações e ao afundamento gradual da terra, a costa do Egito
em Alexandria e em direção ao delta do Nilo submergiu nas ondas do
mar Mediterrâneo. As referências nos antigos textos gregos e egípcios às
cidades e aos templos ao longo dessa costa foram tudo que restaram deles.
Mas em 1933 um piloto da Royal Air Force, que sobrevoava a baía
de Aboukir a leste de Alexandria, pensou ter visto algo no mar. O piloto
mencionou sua impressão ao príncipe Omar Toussoun, um estudioso egípcio
que, em seguida, encontrou peças de mármore e colunas de granito vermelho a uma
distância de 2 km da costa.
Por fim, havia uma prova concreta da existência das
cidades e templos. As guerras impediram que as pesquisas continuassem, porém a
partir da década de 1960 equipes de arqueólogos têm mapeado e escavado um mundo
greco-egípcio submerso perto de Alexandria, a cidade fundada por Alexandre, o
Grande após ter conquistado o Egito dos persas em 332 a.C.
Agora, pela primeira vez, uma exposição organizada em colaboração com o
Ministério de Antiguidades do Egito mostra os tesouros encontrados nas
escavações nos anos 1990 por uma equipe chefiada pelo arqueólogo Franck Goddio,
fundador do Institut Européen d’Archéologie Sous-Marine (IEASM).
Com o uso
de uma nova tecnologia de ressonância magnética nuclear, Goddio localizou mais
duas cidades submersas, Canopus e Thonis-Heracleion, perto do afluente
ocidental do delta do Nilo. As cidades foram fundadas no século VII a.C., bem
antes de Alexandria, e as escavações acrescentaram informações aos
relatos dos registros históricos a respeito da extensa troca comercial e
religiosa entre o Egito e o resto das cidades e das nações do Mediterrâneo
oriental, no primeiro milênio a.C.
Algumas dessas informações surgiram durante as escavações em Náucratis,
uma cidade portuária e um entreposto comercial com o resto do Egito, situada
acima de Canopus e de Thonis-Heracleion.
Heródoto, um historiador do século V
a.C., relatou que no século anterior o rei egípcio Amasis havia concedido
privilégios especiais aos comerciantes e marinheiros gregos em Náucratis,
permitindo-lhes construir santuários em homenagem aos seus deuses na cidade.
Náucratis, uma cidade que não submergiu, tem sido extensivamente pesquisada
desde que dois arqueólogos ingleses, Flinders Petrie e David Hogarth,
começaram a fazer escavações no local a partir da década de 1880.
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