sábado, 26 de novembro de 2011

Hospital: Casa de saúde ou depósito de pessoas?



Escrevo esta coluna confortavelmente sentado numa poltrona de quarto hospitalar. Confortavelmente estou agora, após uma desgastante peregrinação e ligações telefônicas intermináveis, até conseguir a internação de um familiar próximo. Há uma semana, acompanho a vida diária de um hospital. Estou impressionado, de forma negativa, com as coisas que vejo. Não vou aqui citar o nome do hospital, pois me dei conta que isso ocorre em todos. Apavoramos-nos quando é noticiado o caos da saúde pública no Brasil, principalmente nos grandes centros. Mas, aqui mesmo, na cidade de Passo Fundo, nada é diferente, talvez até pior.

Inventaram, recentemente, que para o cidadão conseguir uma internação hospitalar precisa antes passar pela emergência, mesmo tendo a autorização do médico. Não sei qual foi o gênio que inventou essa regra idiota. Não discuto aqui a capacidade dos profissionais e muito menos a tecnologia avançada que possuímos em matéria de saúde em nossa cidade. Infelizmente a qualificação profissional e tecnológica cai no esquecimento devido ao despreparo de certos enfermeiros, porteiros e atendentes das enfermarias. Lá estão pessoas que não sabem o que significa tratamento pessoal. Não sabem conversar, não sabem dar uma informação precisa, pois só enrolam e acham que são “imortais” e “intocáveis”.

Nas emergências, as pessoas são depositadas como gado para o abatedouro e os familiares tratados como leprosos da antiguidade, ou seja, quanto mais longe estiverem, melhor para os enfermeiros e atendentes. Será que essas equipes que trabalham nas emergências não são dão conta que um dia eles próprios ou seus familiares poderão estar na situação de paciente? Ou será que para esses há privilégios, como ter um quarto à sua disposição imediatamente? Será? Não quero acreditar nisso. Esses também devem se dar conta, que não é por terem um título de enfermeiro ou médico, que são mais ou menos do que os que precisam deles. Além disso, os enfermeiros, se ainda não perceberam, lembro que vocês são funcionários dos hospitais e não donos. Talvez por isso o atendimento pessoal seja tão ruim.

Felizmente, a realidade muda quando o paciente sai da emergência e vai para o quarto. Lá, além do atendimento profissional qualificado e boas instalações (dependendo do setor) os enfermeiros são bem mais preparados e sabem conversar e informar quando solicitados.

O que presencio nos hospitais de nossa cidade é uma realidade nacional. A saúde pública está falida. Entra presidente e sai presidente, nada muda. O próprio ex-presidente Lula e sua pupila Dilma, gostam muito de elogiar a saúde do país. Acho que o País em que vivo não é o mesmo deles. Aliás, o presidente Lula, como um homem do povo, sempre gostou de assim ser chamado, bem que poderia fazer o seu tratamento contra o câncer através do SUS. Assim, ele sentiria na pele o que o seu povo sente. Demagogia é bom, dá voto. Mas a realidade é dura. Resumindo caro amigo leitor: “Se reze para não cair na emergência de um hospital”.

Por Maurício Paim.

Que problema sem solução a curto prazo, mas o jornalista Maurício Paim passou por isso. O que não podemos é suportar a má gestão da saúde na Terrae Brazilis

2 comentários:

  1. Pois então, esse grave problema ocorre em todo o Brasil. Se aí tem de passar pela tal emergência, aqui em Goiânia as pessoas enfrentam a tal REGULAÇÃO. Pessoas estão morrendo por falta de vagas em UTI. Os oito maiores hospitais públicos são um verdadeiro amontoado de pessoas. O pior é a gente ver na TV propaganda do SUS dizendo que tudo está ás mil maravilhas. Isso é um desrespeito, é subestimar a nossa inteligência. A péssima condição de saúde a que somos submetidos no Brasil é problema grave de gestão. Saúde, Segurança e Edução que deveriam ser prioridade dos gestores, não passam das promessas eleitoreiras. Saúde não espera - adoeceu tem de se tratar, mas a realidade é outra. É revoltante, causa indignação visitar as unidades de saúde pública. O brasileiro tem de aprender a protestar contra isso. Muito dinheiro é recolhido dos impostos - pra onde vão esses recursos? Estamos perdidos, William.

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  2. Amigo William, em 2004 tive que tirar uma placa de titaniun do joelho, pois os parafusos estavam de fora da pele e era urgente tira-los para não infeccionar. Pois bem, o médico decidiu por me internar para fazer a cirurgia, só que eu teria que passar pela emegência e aguardar um leito.
    Amigo, fiquei 15 dias na emergência dormindo em uma maca, vendo gente morrer ou morrendo, gente envenenada parecendo zumbi, ossos de fora dilacerados tal qual Jogos Mortais, enfartos e todo tipo de mazelas que se possa imaginar. Parecia que eu estava dentro de um filme de horror.
    Quando chegou minha vez e arranjaram o leito, fui para o quarto sexta-feira a noite, dali direto para a cirurgia que levou cerca de uma hora, e no sabado bem cedo recebi alta saindo do hospital andando como entrei e com apenas alguns pontos. Tudo isso era necessário?
    Um grande abraço amigão!!!

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