segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A sabedoria dos cabelos brancos

Estava olhando uma foto onde apareci abraçado ao meu pai e meu falecido avô, olhei o branqueamento natural dos cabelos do meu avô, e pensei que, pelo menos na ciência, em algumas situações, o homem leva vantagem em relação à mulher. Muitas pessoas, confiam mais em cabelos brancos, olham e reparam nos brancos de seus cabelos e dão um voto maior de confiança em suas ações. Como as mulheres não têm cabelos brancos...


Mas, subitamente lembrei de Augusto Comte e o Positivismo. O Positivismo de Comte, de tantos seguidores ilustres, de cuja obra mantemos ainda as palavras Ordem e Progresso em nosso pavilhão maior. Comte escreveu que o homem apresenta três estágios de evolução natural.

O primeiro é o estágio religioso, uma espécie de terceirização de atos, uma espécie de creditação ao destino - se Deus quiser! Deus dará! Se Deus me ajudar! Representa nossa infância e início da adolescência.

O segundo estágio é o metafísico, filosófico, instigante, perscrutador, indomável e estéril - quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Existe vida, existe morte? Deus existe? Representa a fase da adolescência e não tem data definida para acabar. Para uns, nunca acaba.

O terceiro estágio é o positivismo e dos cabelos brancos. Neste, as questões religiosas e filosóficas - quase sempre sem respostas - perdem seu valor. Provavelmente morreremos sem as respostas. Neste estágio, isso não importa muito, porque para o positivista o grande lance é deixar legado, justificar sua existência por atos construtivos, por sociedade participativa e socialmente justa.

O canal é a construção de um mundo melhor, é o escape das amarras das sanhas individuais e suas querelas e pensar-viver o sentido coletivo. Porque, afinal, foi para isso que o homem evoluiu. Para viver em sociedade, nas polis, juntos, dividindo e respeitando espaços e funções. Os cabelos brancos denotariam experiência, vivência, ganhos e perdas, achados e perdidos, ilusões e desilusões, amores e desamores. Denotaria uma espécie de butim, uma herança a ser deixada, um enxoval para viveres futuros. Mas, o butim só tem valor quando distribuído, quando revelado, quando oferecido. Assim, no dia-a-dia, no trabalho, no lar, entre seus amigos, enfim.

A experiência de vida tem de ser repassada senão é inócua. Parece aquela panela de ouro enterrada em um terreno qualquer e que ninguém vai encontrar jamais porque fictícia, porque falsa.
A gente quando tiver cabelos brancos tem igualmente, pelo menos na teoria, ensinamentos para passar. Nossos filhos precisarão saber como os pais fizeram para superar as dificuldades, em planos diversos, durante a caminhada.

É preciso transformar as histórias em ensinamentos em porque o tempo da metafísica já passou. Se não conseguirmos transmitir as lições vividas talvez reste apenas a solução mais fácil, pela regra do facilitário, isto é, é melhor pintar o cabelo branco porque ainda não somos dignos dele.

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4 comentários:

  1. Cada dia que passa ficamos mais sábios. Um dia vivido, é um dia de experiência acrescentada.

    Abraços e belo texto. Espero um dia ser sábio sem ficar com os cabelos brancos. Espero ter cabelos até lá.rsrs

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  2. Grande William, até acredito que tenha usado os cabelos brancos como metáfora, mas, necessáriamente a experiencia vem com a idade, mesmo se estes cabelos não estejam assim tão brancos.

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  3. Este belo e sabio texto só poderia ter sido escrito por um POSITIVISTA. È um exemplo claro
    de que a idade torna muitas pessôas positivistas
    expontâneos. Parece-me que o correligionário WILLIAM JUNIOR è tambem conhecedor da obra do Mestre AUGUSTO COMTE. Parabens ao casal que aparece na foto. Sem a mulher o homem não consegue realizar-se plenamente. Ao leitor deste comentário peço que visite o sítio da IGREJA POSITIVISTA DO BRASIL. Saúde e Fraternidade

    www.igrejapositivistabrasil.org.br

    JUNTE-SE A NÓS

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  4. Nossa sociedade precisa respeitar mais os idosos. Um abraço. Drauzio Milagres.

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