Pesquisa aponta
que, pela primeira vez, crianças registraram índices de QI inferiores ao de
gerações anteriores
Antes de qualquer coisa, é preciso que você saiba: há uma grande
discussão atualmente no meio científico sobre o real significado dos resultados
de testes de QI e muitos pesquisadores afirmam que esse índice não é mais
adequado para mensurar potencial cognitivo.
Há algumas décadas, inclusive, Howard Gardner lançou críticas severas a
esse tipo de mensuração, ao tratar de suas inteligências múltiplas, como você
pode conferir neste vídeo. Mas o fato é que outra
linha de estudiosos tem, digamos, aperfeiçoado os testes de QI e segue
utilizando-os, mesmo que com interpretações diferentes das de antigamente.
E um estudo realizado pelo francês Michel Desmurget, diretor de pesquisa
do Instituto Nacional de Saúde de seu país, apresentou uma conclusão polêmica:
pela primeira vez na história, uma geração parece ser "menos
inteligente" que as anteriores.
Segundo Michel, os testes de QI são atualizados regularmente, visando
absorver características que permitam apreender melhor os desafios cognitivos
de cada geração. Por isso, no estudo que realizou foram considerados testes
feitos com base em estruturas baseadas nas gerações anteriores. Desse modo, foi
possível - em tese - avaliar o desempenho de diferentes gerações sob os mesmos
critérios. E as conclusões foram surpreendentes: em fatores como linguagem,
concentração, memória e cultura, os mais novos apresentaram desempenho pior que
os mais velhos.
Via de regra, o processo seguia uma escala crescente, o chamado
"Efeito Flynn".
Por que nossos filhos estão "menos inteligentes?"
O pesquisador explica que ainda não é possível apresentar uma
justificativa única. Mas existem muitos fatores na mesa, que vão dos hábitos à
nutrição e incluindo até mesmo a poluição. Mas um fator ele faz questão de
destacar: exposição a telas.
"Infelizmente, ainda não é possível determinar o papel específico
de cada fator, incluindo por exemplo a poluição (especialmente a exposição
precoce a pesticidas) ou a exposição a telas. O que sabemos com certeza é que,
mesmo que o tempo de tela de uma criança não seja o único culpado, isso tem um
efeito significativo em seu QI. Vários estudos têm mostrado que quando o uso de
televisão ou videogame aumenta, o QI e o desenvolvimento cognitivo
diminuem", afirma Michel Desmurget em entrevista à BBC publicada
pelo G1.
Segundo o pesquisador, a exposição a telas gera efeitos e são eles que
afetam o desenvolvimento cognitivo. "Diminuição da qualidade e quantidade
das interações intrafamiliares, essenciais para o desenvolvimento da linguagem
e do emocional; diminuição do tempo dedicado a outras atividades mais
enriquecedoras (lição de casa, música, arte, leitura, etc.); perturbação do
sono, que é quantitativamente reduzida e qualitativamente degradada;
superestimulação da atenção, levando a distúrbios de concentração, aprendizagem
e impulsividade; subestimulação intelectual, que impede o cérebro de
desenvolver todo o seu potencial; e o sedentarismo excessivo que, além do
desenvolvimento corporal, influencia a maturação cerebral", explica
Desmurget.
Fonte: Administradores.
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