A educação caminha na direção contrária ao que
propaga o marketing oficial do governo
O fato de o Brasil, ultrapassado
pelo Sri Lanka, ter perdido mais uma posição no ranking do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), que acaba de ser divulgado, posicionando-se em
75º lugar dentre 188 países, está diretamente relacionado à precariedade do
ensino. A educação é um dos três indicadores que compõem esse indicador das
Nações Unidas, ao lado da saúde e da renda.
A boa escolaridade, contudo, é
decisiva para os dois outros requisitos. Afinal, pessoas com boa formação técnico-acadêmica
ganham mais, geram mais renda e são mais instruídas quanto aos cuidados com a
saúde. Assim, não é sem motivo que o ensino público de qualidade seja
considerado a grande base do desenvolvimento.
Por isso, é lamentável observar que
estamos caminhando na direção contrária do que apregoa o marketing oficial do
governo. Na verdade, somos a Pátria Deseducadora, pois continuamos
negligenciando o ensino público, de péssima qualidade, e ainda se passam maus
exemplos de cidadania e urbanidade aos nossos jovens, que assistem diariamente
aos espetáculos grotescos da corrupção, da incompetência, do oportunismo
político e dos “barracos” entre parlamentares e autoridades, reproduzidos na
mídia de todo o mundo, para o nosso constrangimento.
Um dos exemplos de nossa
“deseducação” está em estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), no qual o Brasil aparece em terceiro lugar dentre as nações
que, proporcionalmente, mais destinam recursos à educação. Seria ótimo não
fosse a péssima qualidade da escola pública.
Pode-se depreender que o dinheiro está sendo
mal aplicado, pois 17,2% dos gastos públicos brasileiros são direcionados ao
setor, informa o relatório, intitulado Education at a Glance 2015.
No entanto, essa conta não fecha. Vejamos:
nosso Magistério, numa absurda distorção, é mal pago (um professor em início de
carreira no Brasil ganha cerca de 12 mil dólares por ano, menos da metade da
remuneração inicial dos docentes de países da OCDE); as escolas, com raras
exceções, estão mal cuidadas; este ano, cortaram-se e se reduziram os programas
federais, estaduais e municipais de compras de livros para os alunos; as
universidades públicas estão vivendo graves crises orçamentárias; o governo
paulista queria fechar quase cem escolas; e o Brasil, segundo o
estudo, gasta, por ano, 3.441 dólares para cada estudante matriculado na
rede pública do ensino básico até o superior, ante média da OCDE de 9.317
dólares.
Assim, cabe perguntar: o que está
sendo feito com a terceira maior verba mundial do ensino proporcional à
arrecadação? Com um detalhe: temos uma das maiores cargas tributárias do
Planeta! Tais impostos, aliás, contribuem muito para outro indicador que
conspira contra a escolaridade: os materiais escolares têm em média, alíquotas
de tributos superiores a 40%, o que onera muito o seu preço.
A quem o País está
educando? A quem se pensa que se está enganando?
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