quinta-feira, 8 de março de 2012

Quanto nós valemos mesmo?



Um cronista vive das notícias, a maioria das vezes daquelas que aparecem somente uma vez num cantinho do jornal, ou é mencionado rapidamente numa rádio ou vista num piscar num jornal da televisão. Outras nos vemos na obrigação de comentar as manchetes bombásticas.

Hoje uma pergunta vem a minha mente: quanto vale um ser humano? Sim, vivemos numa sociedade que dá um valor a tudo. Quando alguém morre em um acidente os juízes estabelecem um valor de indemnização para a família de acordo quanto à vítima ganhava e a vida útil que ainda lhe restava.

Um pouco ridículo, não é? Geralmente quem ganha um salário mínimo deixará sua família mais desprotegida que quem ganha 20 ou 30 salários mínimos.

Logicamente que isto é um fato se levamos em consideração somente o dinheiro. No caso de considerar a importância e contribuição para a sociedade os critérios deveriam ser outros. Mas aqui encontro o quid da questão. Quem ou que determina a importância ou maior ou menor contribuição de um indivíduo para uma sociedade?

Por exemplo, um médico chutando uma moradora de rua, os dois são seres humanos, mas o primeiro salva vidas e a outra não produz nada. Alguém defende outro que está sendo agredido e é espancado de tal forma que acaba na UTI. Que vida vale mais, a do agressor, a do que foi defendido ou a daquele que tentou defender.

Um criminoso é morto, um policial é assassinado, que vida vale mais? Um gari serve à sociedade, da mesma forma que um juiz, um vereador, um político. Um gari trabalha sob calor, chuva, na intempérie, os outros em gabinetes com ar condicionado, carrões e motoristas.

Até dentro de uma mesma escala social, cultural e intelectual existem diferenças gritante dos valores estabelecidos para os seres humanos. Não acreditam? Há juízes que ganham muito mais que outros, de acordo aos jornais há magistrados que receberam em alguns meses do ano passado valores absurdos.

Se é verdade que todos temos o mesmo valor porque é que vejo muitas pessoas passarem ao lado de garis sem cumprimentá-los; assim como outros maltratar porteiros, empregados domésticos, atendentes de loja ou de bancos.

Se é verdade que somos todos iguais, porque somos tratados pior que gado nos transportes públicos. Porque na realidade valemos menos que o gado, menos que as galinhas ou porcos.

Os animais serão transportados com maior “conforto” porque tem um valor venal maior. Nós somos peças de rápida e barata reposição.

Sabem por quê? Porque nos têm convencido que valemos pouco. Cada um de nós vale exatamente o valor que nos damos ou que deixamos que nos deem.


Por: Ricardo Irigoyen.

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Um comentário:

  1. Você comentou pura realidade! Sem comentário, pois a indignação é grande diante de tanta desumanidade!

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