sexta-feira, 16 de março de 2012

Pais e filhos: Homem de fases...



Dia desses, um pai de um conhecido confidenciou-me que tinha vergonha das atitudes de seu filho e sobre a maneira despudorada que o mesmo utilizava para amealhar dinheiro. Revelou que não havia ensinado isso e que tinha vergonha de referir que aquele sujeito era seu descendente.

Raimundos, Charlie Brown Jr e outros gravaram a música “Mulher de Fases” há alguns anos em que descrevem as mudanças comportamentais das mesmas em função das variações hormonais. Os homens também têm fases.

Há uma fase em que a gente ama e necessita visceralmente de nossos pais, é a única pessoa que obedecemos e é a pessoa que os nossos olhos procuram quando fazemos uma jogada bonita ou um gol. Lá, na torcida, está o nosso ídolo, está o cara.

Em outra fase, o pai não é tão importante assim porque entramos na idade da contestação e, em vez de brigarmos com o mundo, brigamos com as pessoas que amamos. Aí vem a fase da afirmação pessoal e profissional quando, casados ou amancebados, voltamos a atenção aos filhos.

A fase final é quando desencantados das mazelas voltamos candidamente os olhos e atenção aqueles de quem jamais deveríamos ter deixado de lado, independentemente das circunstâncias alegadas.

Há uma espécie de pacto entre pais e filhos, em que aqueles criam seus rebentos para que eles sejam invariavelmente melhores. Por outro lado, os filhos entendem que é provável que não consigam atingir o brilho de seus orgulhosos pais.
Mas, não se trata de uma corrida, ou uma “carreira”, como se dizia antigamente, isto é, não há uma competição de beleza. Há uma travessia a ser cumprida e os pais dão, ou deveriam dar, um norte ou um azimute, como se diz no exército.

Quando o pai se envergonha das atitudes de um filho é bem provável que ele se decrete em falência moral porque o filho é o butim que se deixa ao mundo. Dizem que a gente tem de parar de pensar em deixar um planeta melhor para os nossos filhos e tratar de deixar filhos melhores para o nosso planeta.

Um pai se sentirá orgulhoso de seu filho quando esse prezar compromissos, quando esse for construtor, quando esse for alavancador, quando for facilitador de processos construtivos, quando for probo.
A vida não é difícil, é tão fácil ser bom, é tão fácil fazer o bem. Se o velho pai é ou foi um cara digno a grande homenagem que se poderia prestar a ele é tomar atitudes dignas quando em situações de vida encontramos um descompasso. Deveríamos seguir aquela luz interior que uns chamam de consciência e outros chamam de Deus. Os caminhos a serem tomados deveriam responder à pergunta: o que meu pai decidiria se estivesse em meu lugar ?

Se o pai plantou dignidade, o curso correrá elegantemente. Se o pai plantou safadeza, bem... A gente não deveria trair a confiança do velho, a gente deveria tentar jogar tão bem quanto ele jogou. Cumprindo a honradez, cara, nada mais tem importância, é correr para o abraço daquele homem sentado na arquibancada que timidamente procura um lenço em seu bolso para esconder a discreta lágrima de orgulho.


por Jorge Anunciação.

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4 comentários:

  1. Grande verdade: "Não devemos deixar um planeta melhor para os nossos filhos e sim, deixor filhos melhores para nosso planeta."

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  2. Estes dias eu e meu filho estamos um pouco fora de contato pela distancia estou sempre preocupado com ele..mas acredito em seus 17 anos de vida que já e um grande Homem e fara junto com os outros jovens um mundo melhor...valeu...fuiiiiiiiii

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  3. Bom blog, bem util, Parabéns aos cordenadores
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