A vida foi seguindo: família, escola, namoro,
casamento, filhos. O tempo passando: pizza, vinho, futebol, trabalho. De
repente, algo estranho fez tudo mudar, como a perda de rumo, perda de interesse
e motivação, desânimo, a sensação de vazio se estendendo pelo mundo, a
ansiedade aumentando. Qual rumo seguir?
De onde vem a vida? A natureza é fabulosa, pois
nela há vida e movimento, seja no solo, no ar, na água. Com tantos problemas na
Terra, o que vão fazer em Marte? Quanto tempo demora para se chegar lá? Os
seres humanos buscam o que está distante, meio fora do alcance, mas descuidaram
da Terra, explorando-a e destruindo. É espantoso quanto gastam estupidamente
para satisfazer as próprias cobiças por riqueza e poder. Tragicamente quase
nada foi feito para deter o retrocesso mental e espiritual da espécie humana
nos últimos 50 anos.
Os efeitos da cultura da jovialidade tudo faz para
ocultar a naturalidade do ciclo da vida. Em tempos passados, os idosos eram
considerados sábios. Agora esse contingente tem a saúde agravada por sintomas
de doenças decorrentes da falta de cuidados com o corpo e hábitos errados e
exagerados, além da alimentação inadequada na qualidade e preparo. Alegria e
gratidão deveriam ser as motivações essenciais, mas na falta disso surgem conflitos
na mente por questões mal resolvidas. É o momento para refletir sobre o
significado da vida e buscar a ascensão espiritual.
Nesta fase tão mecânica temos de oferecer aos jovens uma base que os habilite a desenvolver um projeto de vida e de crescimento pessoal de forma consciente. De maneira geral, as novas gerações não têm recebido bom preparo para seguir pela estrada da vida construindo e beneficiando. Ou são lançadas no conformismo e estagnação, ou torpedeadas com ideologias marcadas pelo ódio.
Em ambas as alternativas, falta uma visão
elevada tendente a conduzir a humanidade para o aprimoramento pessoal e melhor
futuro, sendo impulsionadas para a perda da própria essência, em vez do
fortalecimento de cada indivíduo para que se movimente em busca de seus sonhos
de evoluir, construir e beneficiar em paz e liberdade. É indispensável
alfabetizar adequadamente e promover a leitura para formar seres humanos com
raciocínio lúcido, fortes, aptos e dispostos a construir um Brasil melhor.
A crescente miséria pelas cidades indica que há
algo errado na trajetória do ser humano. O que será? O carma? A desigualdade na
apropriação dos recursos naturais? O querer egoístico? Ou será o resultado do
retrocesso espiritual que se intensificou a partir das décadas finais do século
20? É tudo isso, uma coisa em decorrência da outra, a grande semeadura
esquecida que está apresentando os frutos todos de uma vez. A grande catástrofe
para a humanidade será se as novas gerações continuarem perdendo a sua essência
humana.
Os jovens trazem renovação, mas precisam da base sólida adquirida no lar com carinho e severidade, para que se tornem aptos e dispostos a darem a sua contribuição para o bem geral. Sem isso, perdem o rumo, desperdiçam o tempo concedido para o autoaprimoramento. Estamos numa fase em que as dificuldades estão aumentando. No atual deserto de inspirações e ideais nobres, buscar o enobrecimento do viver é algo essencial. O tempo se torna curto, faz-se o que é possível, mas o movimento certo é indispensável. Os interesses menores cerceiam as boas iniciativas.
Cada indivíduo, cada povo, a humanidade inteira,
sempre colhem o que semeiam. A fase é a da colheita geral, tudo de uma vez, sem
trégua, num período relativamente curto, onde terão melhor colheita aqueles que
buscarem reconhecer e viver de acordo com as leis do Criador. No Brasil e no
mundo atravessamos a crise gerada pelo ser humano que abandonou a intuição, a
voz do espírito.
Recursos naturais limitados, ameaça de falta de alimentos, murmúrios de guerra grande. O que deveria surgir para impedir o esvaziamento da essência humana? Que caminho a humanidade deveria seguir? Romper a estagnação em que caiu buscando a evolução espiritual, integrando a ciência com a natureza e suas leis, para dela colher o que de melhor nos oferece, sem agredi-la destrutivamente.
Benedicto Camargo Dutra
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