Uma análise psiquiátrica
Em nosso último artigo, abordamos a
série de TV “13 razões porque”, muito aclamada pela mídia, que têm induzido ao
suicídio jovens com problemas psiquiátricos.
Discutíamos , então, que há um grande risco de confundir-se a
tristeza de causas psicológicas, familiares, sociais, com aquela tristeza
causada pela doença biológica “depressão”.
Glamourizar uma doença é algo muito perigoso, é o que vamos
abordar abaixo, dando continuidade ao nosso artigo de terça.
A glamourização romântica da Dor e da Doença podem muito bem serem vistas nas paginas da Revista Juvenil/Feminina Capricho , citada acima: fazem lá uma ode ao masoquismo. O masoquismo, assim como nos “50 Tons de Cinza”, alçado à condição de “arte altamente rentável”.
A glamourização romântica da Dor e da Doença podem muito bem serem vistas nas paginas da Revista Juvenil/Feminina Capricho , citada acima: fazem lá uma ode ao masoquismo. O masoquismo, assim como nos “50 Tons de Cinza”, alçado à condição de “arte altamente rentável”.
Automutilar-se e matar-se já não é um problema “romântico/glamourizado/artístico”; já envolve uma doença, pois aqui uma pessoa se auto-prejudica, inclusive naquilo que uma mulher tem de mais caro, ou seja, a aparência e a própria vida. Onde há uma desadaptação biológica auto-prejudicial, há doença. E aqui, nitidamente, o há. O problema é o uso financeiro, artístico, político, ideológico, que a Sociedade Ocidental faz de tudo isso.
Tudo aqui , nesta doença, é motivo para as “treze razões” :
“denunciar o machismo dos pais”, a “opressão do sistema econômico”, a “frieza
dos professores”, o oportunismo sexual dos machos, a truculência do abuso
“pedófilo” de “crianças” de 14 anos de idade, etc.
Tudo que pode até ser psicologicamente ou socialmente
justificável é aplicado numa fôrma que não tem nada a ver com relações
psicológicas ou contexto social, pois trata-se de doença.
Quando se pega uma doença e se a glamouriza, (caso “Baleia Azul”, caso “13 Razões PorQue”) o resultado é o que se está aí a ver : o que para uns é arte, para outros é caixão. A massa consumidora, como sempre ignara e superficial, não tem nem idéia da manipulação financeiramente oportunística de que está sendo vítima.
Pelo contrário, “sente-se bem” ao ver que “toda essa hipocrisia
está sendo denunciada”. Ótimo mesmo que toda hipocrisia seja denunciada, mas
que se o faça com os instrumentos certos e não utilizando-se de doentes para
fazê-lo.
É extremamente perigoso dar-se uma “solução psicológica”, uma “solução sociológica”, para um problema cuja raiz é essencialmente biológica. Os riscos inclusive estão aí para se ver : ao se “glamourizar” a doença, e não medicalizá-la, os doentes estimulam-se mais e mais a matarem-se. Ao invés de julgar-se prosaicamente, banalmente, “reducionisticamente”, num caso desses, de que o que se precisa é de um médico, de um psiquiatra ( arghhh… ) , de um diagnóstico, é muito mais “glamouroso “ dizer-se que o problema é o “mal-estar-da-civilização-burguesa-branca-adulta-machista-apodrecida”, ou o de que “meu suicídio é um libelo para a libertação de milhares que sofrem como eu”.
“Vejam o que fizeram
comigo”, “vejam como sua frieza, libido, violência, ganância, materialismo,
interesses, me destruíram” : na sociedade coitadista/feminista de hoje , me
digam, isso não é uma declaração muito mais “doce”, mais moralmente corretora,
mais politicamente engajada, mais suscitadora de
indignação/compaixão/ativismo/amor do que uma declaração
machista/psiquiátrica/fria/amoral/científica/fálica/empresarial/farmacêutica de
que “simplesmente sua serotonina baixou” ?
Quando se dá munição da “romântica consciência psicológica” para destruir ainda mais a “reducionista consciência biológica” está se dando munição de um potencial suicida ( que deveria ser diagnosticado e tratado ) para suicidar-se de “modo heróico” e “justificado” : “olhem o que que fizeram comigo”, “sintam a culpa de minha destruição”. É um mecanismo muito perigoso porque na depressão , muitas vezes, há a emergência de um mecanismo masoquista de auto-destruição :
“já que nada disso
presta, nada vale a pena, não há saída, ninguém muda, ninguém me ajuda, então
vou destruir todo mundo, inclusive a mim mesmo”. Dá-se mais munição psicológica
para uma consciência biológica patológica que está exatamente à caça de
“motivos psicológicos-sociais” para se justificar, para se explicar, para se
compreender.
O leigo que enxerga isso de fora acha tudo muito “bonito”, muito “romântico”, desde que não seja com seu filho, é claro. É muito “bonito” ver a denúncia e o sacrifício que um adolescente auto-imolador faz por toda a humanidade : “ele deu sua vida para denunciar um abuso”, “fez isso para nos salvar”, “o sacrifício dele não foi em vão”, “foi um tapa na nossa cara, temos de mudar”, “o que estamos fazendo com nossos jovens ?”, “ela morreu mas foi por uma boa causa”, “coisa boa para os pais, tomara que agora se emendem”, “ coisa boa para o namorado mulherengo dela, agora carregará eternamente o peso de te-la traído”.
O leigo que enxerga isso de fora acha tudo muito “bonito”, muito “romântico”, desde que não seja com seu filho, é claro. É muito “bonito” ver a denúncia e o sacrifício que um adolescente auto-imolador faz por toda a humanidade : “ele deu sua vida para denunciar um abuso”, “fez isso para nos salvar”, “o sacrifício dele não foi em vão”, “foi um tapa na nossa cara, temos de mudar”, “o que estamos fazendo com nossos jovens ?”, “ela morreu mas foi por uma boa causa”, “coisa boa para os pais, tomara que agora se emendem”, “ coisa boa para o namorado mulherengo dela, agora carregará eternamente o peso de te-la traído”.
Como se vê, tudo se joga no fácil jogo da “compreensibilidade
psicológica total”, sem a mínima desconfiança de que possa haver “um estranho
no ninho”, algo aí que nem toda psicologia, nem toda sociologia do mundo possam
vir a explicar. Todas essas mensagens glamourosas de “heroísmo”, “sofrimento”,
“altruísmo”, “denúncia corajosa”, “perspicácia psicológica”, entram na mente do
futuro suicida turbinando-a ao acme. Justifica-se mais e mais. Tudo muito bem
apoiado por uma
sociedade que precisa, a todo momento , sempre, projetar,
coitadisticamente, ( de “coitadismo” ) , as próprias culpas nas costas dos outros.
Isenção completa de auto-culpa, isenção completa de possíveis auto-falhas.
Muito mais “humanístico”, melhor, projetar sobre treze externos as mazelas
psico-sociais de toda uma Sociedade do que culpar friamente/reducionisticamente
a um só – ele mesmo – por ter uma “doença com baixa de dopamina”.
Não podemos mais sofrer, não podemos mais errar, sermos fracos,
doentes, vis, o importante é projetar tudo nas costas dos outros : “vejam o que
vocês treze fizeram para acabar comigo”. “Treze razões porque” , em suma, é
muito mais chique do “Uma razão para”. O subjetivismo diáfano é muito mais
romântico do que o objetivismo médico. Afinal, a “Ciência é o maior dos
Instrumentos Fálicos”…
Solução ? – podem me perguntar. Instituir-se censura fálica-psiquiátrica-machista-ditatorial-etc-etc sobre o suicídio, sobre a automutilação ? Não , muito pelo contrário : que se escancare tudo !! Que se automutilem, que se esquartejem, que se matem…
Solução ? – podem me perguntar. Instituir-se censura fálica-psiquiátrica-machista-ditatorial-etc-etc sobre o suicídio, sobre a automutilação ? Não , muito pelo contrário : que se escancare tudo !! Que se automutilem, que se esquartejem, que se matem…
Como seu “livre-arbítrio” e sua “liberdade humanística” assim os
permitirem. Mas que se escancare inclusive o que a “tal sociedade politicamente
correta”, oportunisticamente, hipocritamente, tendenciosamente, evita de falar
: que existe doença que a psicologia ou a sociologia não explicam; que nem tudo
é “causa psicológica, causa social, “discutir a relação”; que o mundo pode ser
prosaicamente cinzento, pode ser tristemente fruto de matéria adoecida e não só
de romantismos cor-de-rosa.
Não que eu seja um empedernido materialista; pelo contrário, sou um espiritualista cristão. Só defendo a
honestidade : a verdade colocada no lugar certo.
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