domingo, 5 de fevereiro de 2012

Mim Tarzan, Tu Chita



Em pleno século 21, ainda tem gente que insiste em não cair na real. Um cidadão britânico resolveu virar Tarzan. É sério. O então segurança de shopping, DeWet Du Toit, 24 anos, abandonou o emprego nesse começo de 2012 e se mudou para as selvas africanas.

Decididamente não pretende mais pagar gasolina e tampouco pedágios, carma dos londrinos. A viação cipó, agora é o seu único meio de transporte e ainda, de quebra, se livrou do IPTU, de taxas de energia elétrica e água, morando nas gripas das árvores.

O dito cujo, poderia se mirar no Rei Arthur ou em Robin Hood, ambos da mitologia inglesa , ou ainda nos personagens do cinema tipo James Bond (Sean Cornery) ou mesmo o hilário Mr. Bean (Rowan Atkinson), personagens (e atores) ingleses. No entanto, os achou demasiados bonzinhos e muito chegados ao estilo fru-fru! Acabou por encontrar o seu herói na literatura gibilesca: "Tarzan, o rei da selva", do americano Edgar Rice Borroughs.

Tarzan briga é com leão, leopardo, crocodilo de igual pra igual, apenas com uma faca, ao contrário do 007, que sem o menor esforço, usa pistola automática pra matar os inimigos! Tarzan não toma uísque, come pencas de bananas! Tarzan não põe fogo nas florestas, defende a selva! É naturalista e corretamente ecológico!- analisou Mr. Du Toit. Aliás, segundo o livro e os gibis, Tarzan é oriundo da mais fina flor da sociedade inglesa. A estória (com a letra "e") começa com um desastre de avião, na África onde morrem todos passageiros, exceto um bebê que foi resgatado por uma macaca que o criou como filho. Krig-Ha, Bandolo! Se não fosse o acidente, Tarzan teria sido um lorde, um Sir, ou um representante na Câmara dos Comuns, o parlamento inglês.


Mas qual o garoto, antes da era dos computadores, que não era fã de Tarzan, do Zorro, do Super-Homem, do Batman, do Fantasma? Quando eu era menino pequeno lá em Rio Verde das Abóboras, tinha eu um vizinho de muro, de nome Alberto Arantes, filho do relojoeiro João Ataídes, que subia quase todas as tardes nas gripas da Mangueira do quintal de sua casa, juntamente com o seu irmão caçula Nenê (Humberto). Ele naturalmente era o Tarzan (e por tais peripécias ganhou o apelido -para sempre- de Tarzan); Nenê, o Boy e pra fechar a aventura, escalava sua vó de mais de 70 anos, Dona Antônia para ser a Chita! Amarrava uma corda num galho da mangueira e tome grito de Tarzan! Com uma faca de mesa sem ponta, enfiada no calção, ele pulava, se segurando no cipó, pra salvar o Boy e a Chita que estavam sendo perseguidos por uma onça faminta que já vinha saltando de galho em galho.


E lá vem a onça! Então, Tarzan se atracava com a felina invisível, desde os galhos do pé de manga até ao chão de terra batida. E era golpe de judô, box, facada. Tudo no invisível! Coitada da onça, apanhava mais que pandeiro de escola de samba! Dona Chita, quer dizer, Dona Antônia, solidária à aventura, tinha que bater palmas, gritar vivas ao Tarzan, fazer micagens tal qual a chipanzé do cinema! E Tarzan, vencedor da peleja com a onça, batia com os punhos fechados no peito e gritava: "Krig-Ha, Bandolo!" "Mim Tarzan, o rei das selva!" E os vizinhos, cansados das repetidas bagunças cinematográficas, protestavam, em vão, aos gritos: "Eu já vi esse filme!"; "Muda o filme!"; "A onça trabalha melhor que esse Tarzan depois da gripe!" "Cadê o Zorro?" "Prefiro o Mazzaropi!" Mas artista é artista: todo dia tinha reprise! Ás vezes em outros dias, mudava o enredo: Tarzan, amarrava o boy e a Chita com a mesma corda no tronco da árvore e tome “tchan!”, “ai!”, “ui!”, “morra pele vermelha!” Eram os índios imaginários sendo derrotados pelo Tarzan, o rei da selva!

Na África não tem índios americanos mas na selva do nosso Tarzan das abóboras tinha! E muitos. A avó e o irmão, às vezes ficavam horas amarrados no pé de manga. O Nenê começava chorar e a simplória Dona Antônia perdia paciência e prometia dar uma surra de cinto no Tarzan, se ele não os libertassem de imediato.

De nada adiantava. Também a surra nunca acontecia. E o medo de perder o papel de Chita no dia seguinte?!
Já o moderno Tarzan inglês espera que logo algum Steven Spielberg o tire da realidade e o leve para a ficção, antes que algum gorila se apaixone por ele.

Por Tadeu Nascimento.

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2 comentários:

  1. Eheh estes ingleses são danados para a brincadeira. Ninguém como eles fabrica notícias do arco da velha (sensacionalistas)
    Agora amigo, costuma dizer-se, "aparelha-se o burro à vontade do dono" se ele for feliz assim respeite-se seu livre arbítrio...
    Um abraço

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  2. Bem, o mundo gira, então tem os Tarzans de "ontem" e os de hoje ...

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