sábado, 29 de outubro de 2011

Quem são "eles"?



Mas como detectar, encontrar, e pegar um hacker de carne e osso? Como se defender dos ataques dos grupos e indivíduos criminosos que infectam a rede com seus vírus poderosos causando danos irreparáveis, às vezes como contra-atacar, surpreender ou mesmo se proteger desses “terroristas virtuais”? Dedicada a essa tarefa floresce uma suculenta e próspera indústria, sobretudo de pequenas e médias empresas, especialmente na cidade de Palo Alto, localizada no Vale do Silício, na Califórnia, nos Estados Unidos. É de lá que vem as grandes empresas virtuais como Google, Facebook e muitas outras. É lá também onde nasceram e prosperam as corpulentas do ramo como Microsoft e Apple, dois dos gigantes da área de software.

Mas é lá também para onde acorrem empresas de todo tipo como bancos, vendedores de serviços e principalmente governos, de todo o mundo, em busca das novidades na área de software para fortalecerem seus sistemas de defesas e suas áreas de investigações contra a invasão dos intrusos virtuais. Destaque, como cliente, o governo americano através de suas agências de inteligência e órgãos militares.

Nesse ramo, verdadeiramente, o segredo é a alma do negócio. Pouco se sabe e pouco se divulga desse galho robusto que se fortalece como indústria e como fonte de conhecimento. Suas técnicas e criatividade para seu desenvolvimento não chegam aos bancos universitários, nem tampouco à mídia especializada. Como se trata de uma indústria composta por pesquisadores, invasores e defensores implacáveis, operam e produzem sob encomendas amarrados por contratos minuciosos destinados a manterem segredos eternos.

Assim como os hackers operam a partir de lugares inusitados e desconhecidos, a indústria que floresce buscando técnicas para combatê-los tem endereço conhecido e gestores identificados. Mas só isso, apenas. Nem, se quer, o faturamento dessas empresas costuma ser conhecido, quanto mais a clientela. Algumas chegam a ser mesmo obscuras empresas que camuflam os financiamentos governamentais para trabalharem em seus projetos altamente confidenciais. Inovação nunca foi o forte de empresa e sistema governamentais, por isso eles recorrem a essas pequenas empresas. Mais ágeis e mais criativas. Trata-se de uma área produtora tão louca que a clientela vai buscar no mercado negro a mão de obra dos hackers, contratando-os a peso de ouro, somente para testar os sistemas produzidos por encomenda às empresas de Palo Alto.

E assim os hackers, alguns, acabam incorporados à vida legal. Em sua grande maioria garotos imberbes ou jovens recém saídos das universidades. Ou mesmo gênios, autodidatas, desgarrados e aventureiros que costumam ser tão bons em seu ofício que dispensam os bancos universitários na ânsia de produzir. Ou vão para o crime ou acabam descobertos e seduzidos por salários milionários e contratos com cláusulas drásticas em termos de proteção de segredos. No caso dos sistemas de defesa dos países, os próprios desenvolvem, também sob segredo, uma prospera área de ensino e pesquisas formadoras de hackers e crake formadoras de hackers e crakers.rs.

Mercado é o que não falta, como reconhece Tood Gebhart um dos chefões da empresa McAfee, uma das maiores fornecedoras de sistemas de defesa para a rede. Ele identifica nos sistemas abertos, como o Android e nas redes sem fio como Wi-Fi, chances altamente ampliadas de ataques virtuais. Reconhece que os mais de 30 milhões de smartphones vendidos mensalmente no mundo fortalecem o apelo da conveniência do acesso à Internet na palma da mão, buscando desde entretenimento ao trabalho no uso de sistemas corporativos. Lembra que a maioria dos usuários ainda não entendeu os riscos que um simples aparelho conectado à Internet pode trazer. Afirma ainda que os desafios atuais da indústria, hoje, são semelhantes aos vividos décadas atrás, “quando as empresas precisavam educar sobre as ameaças aos PCs”.

Em uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Gebhart destacou que os crimes que ocorrem hoje no mundo, na web, não são diferentes do que já acontece há anos no nosso meio. Com a diferença que se dão no meio eletrônico, enfatiza:
- Nunca deixamos nosso talão de cheques à mostra. O mesmo deve se repetir com as informações digitais. As ameaças vão aumentar na era da “internet das coisas”. Cada vez mais automóveis, eletrodomésticos, TVs e medidores de energia serão conectados. À medida que isso acontece também crescem os problemas de segurança. As pessoas querem aproveitar a liberdade de acesso. Muitas delas, porém, ainda não compreenderam a necessidade de proteção.

Diz mais, “espero que não seja necessário o aprendizado por meio de lições dolorosas, mas é preciso que algo maior aconteça para aumentar a visibilidade das ameaças”. A indústria da segurança da informação passou anos educando o consumidor sobre riscos e as precauções necessárias para os computadores. Vivemos agora o mesmo cenário para outros elementos da vida digital. A indústria tem como desafio mostrar a necessidade de segurança sem gerar medo excessivo. Os recentes episódios de roubo de dados não indicam necessariamente que as companhias não estão prestando atenção às ameaças de segurança.

“Elas estão em diferentes níveis de proteção e estão aprendendo a lidar com ameaças de diferentes fontes”, arremata.

Mas claro, preciso, nítido e objetivo como esse alerta impossível. E o mais triste, cá entre nós brasileiros, é que temos uma leva desconhecida de jovens desenvolvendo tecnologia e gerando experiência pela genialidade da criação tecnológica fora dos centros acadêmicos e das empresas do setor. Essa gente precisa ser incorporada, pois são detentores de soluções inovadoras na utilização de tecnologias da informação.


Por: Hildeberto Aleluia.
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