terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Interação corpo/alma/espírito


O mundo invisível é mais amplo do que o mundo visível

O presente texto não traz pretensão doutrinária, quer apenas apresentar algumas reflexões que sejam úteis às pessoas que já entendem que a espiritualidade é a realidade maior da vida humana. Quem chegou a esse ponto já está no caminho avançado da evolução.
É sabido que no existente em conjunto integralizam-se três reinos, mineral, vegetal e animal. Fala-se também em um quarto reino, o do ser humano, que se distingue do animal, porque criado por um sopro divino e dotado de espírito. Entre os entes da natureza, só o ser humano se destaca pela elevação de sua consciência, propriedade da alma conectada ao espírito. As plantas e os animais também têm alma e chegam a ter percepção, mas não consciência dos próprios atos.
Corpo, alma e espírito
Na sequência qualitativa, primeiro vem o espírito, que se conecta à alma e esta se materializa no corpo. O espírito é energia pura, como a eletricidade que se transforma em luz, quando, por exemplo, canalizada na forma de uma lâmpada. A vida do corpo é orgânica, da alma é psíquica e do espírito é essência que vem da energia cósmica.
O espírito goza de autonomia absoluta, preexiste e sobreexiste ao corpo ao qual se liga pela alma cujo envoltório é o períspirito (em termos kardecistas). Assim como o corpo tem saúde vital graças à harmonia de seus órgãos, a alma tem a função primordial de harmonizar as atividades físicas e psíquicas do ser humano, em sintonia com a esfera espiritual.
O espírito se manifesta pela inteligência e pela sensibilidade, na conexão com a alma que se situa entre a realidade física e metafísica. E assim o ser humano se difere dos demais entes da natureza pela elevação da consciência, que lhe permite o autoconhecimento num processo de evolução contínua.
O espírito oferece a inteligência para o conhecimento e a alma contribui com a sensibilidade para a percepção. Dessa forma o ser humano se equilibra na conjunção corpo e alma, energizando a mente, alimentada pelo espírito. Nesse trâmite, eleva-se do mundo imanente ao transcendente, do plano existencial ao plano espiritual, integrando-se, como parte criada, ao seu todo criador, que é Deus.
Essas palavras assim alinhadas não têm o condão da lógica científica, que se traduz na demonstração sistemática ou na experimentação programática, conforme variáveis preestabelecidas. Eis que aqui nos referimos a realidade virtuais que não se medem matematicamente, mas se apreendem intuitivamente, que é assim a própria forma de manifestação do espírito.
Espiritualidade e transcendência
Na antiguidade clássica, os gregos representavam a natureza dual do ser humano na figura do centauro, metade homem/metade animal. Poderíamos atualizar esta visão no sentido logosófico do homem com suas naturezas, física e espiritual, ligadas intrinsecamente como alma e espírito.
“Mens sana in corpore sano” (mente sadia em corpo sadio), diziam os antigos romanos, quando ainda falavam latim. Os antigos romanos, apesar de materialistas, acreditavam em deuses mitológicos que representavam a força das ideias ou as forças da natureza. A realidade humana se totalizava no corpo e na mente, mas não vista ainda como propriedade da alma, nem a alma como manifestação (corpórea) do espírito, no caso da ligação do ser humano com o Deus criador.
O mundo invisível é mais amplo do que o mundo visível porque se estende ao infinito que se reflete dentro do ser. O mundo da subjetividade humana é, portanto maior do que o da objetividade exterior, que é infinitamente limitado e não constitui ponto de ligação com a espiritualidade.
A espiritualidade nos abre a porta e insinua que é a dimensão maior da vida. Apesar dos prazeres do mundo, dos apelos do corpo, dos amores da alma.
A espiritualidade vem pelas mãos de nossas mães, assim como a vida vem pelo ventre de todas as mães. Apesar do acaso das vidas, dos desvios do ser, da inquietação do espírito.
A espiritualidade nos convida a contemplar o eterno, a contemplar o infinito e ouvir as divindades ocultas. Apesar das ruinas da história, dos escombros das guerras, da estupidez dos homens.
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