O mundo invisível é mais
amplo do que o mundo visível
O presente texto não traz pretensão doutrinária, quer apenas apresentar
algumas reflexões que sejam úteis às pessoas que já entendem que a
espiritualidade é a realidade maior da vida humana. Quem chegou a esse ponto já
está no caminho avançado da evolução.
É sabido que no existente em conjunto integralizam-se três reinos,
mineral, vegetal e animal. Fala-se também em um quarto reino, o do ser humano,
que se distingue do animal, porque criado por um sopro divino e dotado de
espírito. Entre os entes da natureza, só o ser humano se destaca pela elevação
de sua consciência, propriedade da alma conectada ao espírito. As plantas e os
animais também têm alma e chegam a ter percepção, mas não consciência dos
próprios atos.
Corpo, alma e espírito
Na sequência qualitativa, primeiro vem o espírito, que se conecta à alma e
esta se materializa no corpo. O espírito é energia pura, como a eletricidade
que se transforma em luz, quando, por exemplo, canalizada na forma de uma
lâmpada. A vida do corpo é orgânica, da alma é psíquica e do espírito é
essência que vem da energia cósmica.
O espírito goza de autonomia absoluta, preexiste e sobreexiste ao corpo ao
qual se liga pela alma cujo envoltório é o períspirito (em termos kardecistas).
Assim como o corpo tem saúde vital graças à harmonia de seus órgãos, a alma tem
a função primordial de harmonizar as atividades físicas e psíquicas do ser
humano, em sintonia com a esfera espiritual.
O espírito se manifesta pela inteligência e pela sensibilidade, na conexão
com a alma que se situa entre a realidade física e metafísica. E assim o ser
humano se difere dos demais entes da natureza pela elevação da consciência, que
lhe permite o autoconhecimento num processo de evolução contínua.
O espírito oferece a inteligência para o conhecimento e a alma contribui
com a sensibilidade para a percepção. Dessa forma o ser humano se equilibra na
conjunção corpo e alma, energizando a mente, alimentada pelo espírito. Nesse
trâmite, eleva-se do mundo imanente ao transcendente, do plano existencial ao
plano espiritual, integrando-se, como parte criada, ao seu todo criador, que é
Deus.
Essas palavras assim alinhadas não têm o condão da lógica científica, que
se traduz na demonstração sistemática ou na experimentação programática,
conforme variáveis preestabelecidas. Eis que aqui nos referimos a realidade virtuais
que não se medem matematicamente, mas se apreendem intuitivamente, que é assim
a própria forma de manifestação do espírito.
Espiritualidade e transcendência
Na antiguidade clássica, os gregos representavam a natureza dual do ser
humano na figura do centauro, metade homem/metade animal. Poderíamos atualizar
esta visão no sentido logosófico do homem com suas naturezas, física e
espiritual, ligadas intrinsecamente como alma e espírito.
“Mens sana in corpore sano” (mente sadia em corpo sadio), diziam os
antigos romanos, quando ainda falavam latim. Os antigos romanos, apesar de
materialistas, acreditavam em deuses mitológicos que representavam a força das
ideias ou as forças da natureza. A realidade humana se totalizava no corpo e na
mente, mas não vista ainda como propriedade da alma, nem a alma como
manifestação (corpórea) do espírito, no caso da ligação do ser humano com o
Deus criador.
O mundo invisível é mais amplo do que o mundo visível porque se estende ao
infinito que se reflete dentro do ser. O mundo da subjetividade humana é,
portanto maior do que o da objetividade exterior, que é infinitamente limitado
e não constitui ponto de ligação com a espiritualidade.
A espiritualidade nos abre a porta e insinua que é a dimensão maior da
vida. Apesar dos prazeres do mundo, dos apelos do corpo, dos amores da alma.
A espiritualidade vem pelas mãos de nossas mães, assim como a vida vem
pelo ventre de todas as mães. Apesar do acaso das vidas, dos desvios do ser, da
inquietação do espírito.
A espiritualidade nos convida a contemplar o eterno, a contemplar o
infinito e ouvir as divindades ocultas. Apesar das ruinas da história, dos
escombros das guerras, da estupidez dos homens.
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