O brinde das eleições municipais
Nunca vi um ano terminar tão mal
como 2015. Nem outro começar tão ruim como este 2016. Lembram-se da campanha
eleitoral do palhaço Tiririca? Era “votem em mim, pior não fica”. Ele ganhou
com mais de um milhão de votos e até foi reeleito para a Câmara Federal.
Mas, sua previsão foi para o beleléu, tudo ficou muitíssimo pior. Em
2014, por exemplo, a inflação já havia sido de 6.41%, ainda dentro do
tolerável. Agora, em 2015, fechou em 10.67%, a maior em mais de uma década,
muito acima do limite estabelecido pelo governo, cujo objetivo era
controlar a alta dos preços entre 2,5 e 6,5 ao ano.
E não foi só na área econômica que
crescemos tipo rabo de cavalo, cada vez mais pra baixo. O comportamento
dos políticos, também despencou. Ainda há pouco assistimos pela TV
cenas de empurrões, socos e até cabeçada nas reuniões da Comissão
de Ética da Câmara. A seguir, esses deputados terão a grave responsabilidade de
julgar as irregularidades cometidas por seu presidente, Eduardo Cunha.
Enquanto isto, a presidente da República
continua sob a ameaça de impeachment, sobre o vice paira a desconfiança de
conspirar pelo poder, e as maiores figuras do Congresso Nacional são
investigadas por suspeita de corrupção. Em vários governos, assembleias e
câmaras dos estados e municípios, também chovem casos indecorosos, motivados
talvez pelos escabrosos exemplos que vem de cima.
Fora das mesquinharias políticas e
mudando de saco para mala, o termo “assembleia”, acima digitado no plural, pode
parecer errado. Acontece que ele acabou de perder seu acento em razão do
novo acordo ortográfico em vigor desde o dia primeiro de
janeiro. Sua aprovação foi uma péssima ideia (também sem acento), pois
desatualizou a grafia de milhares de palavras em milhões de livros editados no
Brasil. Entretanto, continuo pensando que Deus não vai desistir de
ser brasileiro. É a Quem devemos apelar neste 2016, que ainda tem de brinde as
eleições municipais. Muita manga para pouco pano.
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