Estudo revela que
nem todos os hospitais exigem a presença de um neurologista ou neurocirugião
para fazer uma declaração de morte
Apesar das diretrizes terem se aprimorado
desde 2010, a situação nos hospitais ainda é precária. A linha é sutil entre a morte e a vida, principalmente, em casos de
morte cerebral.
Em 2009, Colleen Burns foi para a sala de operação no Hospital St.
Joseph em Syracuse, em Nova Iorque. Ela estava em coma profundo durante
dias depois de uma overdose.
Os scans da sua atividade cerebral eram escassos e
oxigênio parecia não fluir. A morte cerebral foi declarada e sua família teve
que decidir sobre a doação de órgãos. Na sala de operação, a mulher de 41 anos
abriu os olhos. Ela sequer estava inconsciente, e os médicos estavam preparados
para remover seus órgãos.
O caso fez com que em 2010, a Academia Americana de Neurologia
publicasse novas diretrizes para determinar a morte cerebral. Contudo, cinco
anos depois, o neurologista David Greer que participou da publicação, fez um
estudo que revelou que nem todos os hospitais seguem as regras.
Dos cerca de 500 hospitais que ele e seus colegas pesquisaram durante
três anos, a maioria não exigia a presença de um neurologista ou neurocirugião
para fazer a declaração.
Em mais da metade destes hospitais, sequer era o médico que atendia o
paciente. A maioria dos lugares também não exigia testes como hipotermia, que
pode encobrir a atividade cerebral, o que pode parecer uma morte cerebral.
Apesar das diretrizes terem se aprimorado desde 2010, a situação nos
hospitais ainda é precária. “Não há desculpas para que hospitais não façam isso
em 100% dos casos”, disse.
De volta ao caso Burns, logo depois que ela abriu os olhos, os médicos
reassumiram o tratamento. Ela se recuperou da overdose, mas a depressão a
venceu, 16 meses depois do ocorrido ela se suicidou.
Casos como o dela são extremamente raros, mas são emblemáticos nas
discussões sobre morte cerebral. Se a morte é um processo, em que momento a
pessoa não vive mais?
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