segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

O que define a vida?

Estudo revela que nem todos os hospitais exigem a presença de um neurologista ou neurocirugião para fazer uma declaração de morte


Apesar das diretrizes terem se aprimorado desde 2010, a situação nos hospitais ainda é precária. A linha é sutil entre a morte e a vida, principalmente, em casos de morte cerebral.

Em 2009, Colleen Burns foi para a sala de operação no Hospital St. Joseph em Syracuse, em Nova Iorque. Ela estava em coma profundo durante dias depois de uma overdose.

Os scans da sua atividade cerebral eram escassos e oxigênio parecia não fluir. A morte cerebral foi declarada e sua família teve que decidir sobre a doação de órgãos. Na sala de operação, a mulher de 41 anos abriu os olhos. Ela sequer estava inconsciente, e os médicos estavam preparados para remover seus órgãos.

O caso fez com que em 2010, a Academia Americana de Neurologia publicasse novas diretrizes para determinar a morte cerebral. Contudo, cinco anos depois, o neurologista David Greer que participou da publicação, fez um estudo que revelou que nem todos os hospitais seguem as regras.
Dos cerca de 500 hospitais que ele e seus colegas pesquisaram durante três anos, a maioria não exigia a presença de um neurologista ou neurocirugião para fazer a declaração.

Em mais da metade destes hospitais, sequer era o médico que atendia o paciente. A maioria dos lugares também não exigia testes como hipotermia, que pode encobrir a atividade cerebral, o que pode parecer uma morte cerebral.

Apesar das diretrizes terem se aprimorado desde 2010, a situação nos hospitais ainda é precária. “Não há desculpas para que hospitais não façam isso em 100% dos casos”, disse.

De volta ao caso Burns, logo depois que ela abriu os olhos, os médicos reassumiram o tratamento. Ela se recuperou da overdose, mas a depressão a venceu, 16 meses depois do ocorrido ela se suicidou.

Casos como o dela são extremamente raros, mas são emblemáticos nas discussões sobre morte cerebral. Se a morte é um processo, em que momento a pessoa não vive mais?


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