terça-feira, 5 de junho de 2012

Marcha das Vadias



Tudo começou com a fala de um agente público canadense, ao criticar as poucas roupas usadas pelas mulheres, chamando-as de vadias.

Segundo o falastrão isto significaria até mesmo um estímulo para determinados crimes sexuais. Em resposta, surgiu a Marcha das Vadias, que tem tomado conta das ruas de muitas cidades mundo a fora.

Até Passo Fundo presenciou tal fenômeno na semana que passou. Claro, a tal Marcha das Vadias tem um forte significado emancipacionista e feminista. Mas não um feminismo ultrapassado, fugaz, como muitas vezes se observa, no paradigma da década de 70.

Vai além. Não somente afirma um consolidado espaço de liberdades individuais nas democracias contemporâneas, de usos e comportamentos de acordo com as vontades pessoais, mas também propaga, simbolicamente, a idéia de cada um fazer o que quiser com a sua vida.

É um bombardeio aos pré-conceitos de sociedades ainda conservadoras. Isto porque, obviamente, todos possuem pré-conceitos e pré-concepções da vida e do mundo, que se forjam no decorrer da existência. É algo ínsito à natureza humana. Todos possuem uma história com experiências próprias. A Marcha das Vadias mexe com isto, sim.

A simples denominação diz muito. Quem ousaria participar de uma tal marcha há 40 anos atrás? Impensável. Também reforça a volatilidade e fragilidade dos rótulos, quaisquer que sejam, independentemente de algum conteúdo que lhes fundamente.

Ademais, qual o problema se alguém quiser ser vadia, nos mais diversos sentidos da expressão? O ponto crucial é que a vida de cada um a cada um pertence. Os novos tempos de uma pós-modernidade exsurgente requer uma elevada tolerância às idiossincrasias individuais. É por esta razão que outros movimentos de defesa de minorias (que não se sabe até que ponto são tão minoritários...) se associam à Marcha das Vadias.

É um brado de liberdade. É um grito de alforria. É uma exclamação das diferenças para se alcançar a igualdade. Se você, ao ler este artigo, sentiu algum medo, receio ou insegurança, muito cuidado: ou você não possui uma postura republicana/democrática (está no início do século passado mesmo), ou você deve pensar em ver o armário em que se encontra (Freud explica)!


por: Giovani Corralo.

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