terça-feira, 26 de março de 2019

Sobre Crianças Egocêntricas



Criança mimada é sempre uma criança a quem faltam bons valores, A criança criada baseada em desejos e em valores ruins tende a ser mimada. 

Independente da família ser mais conservadora ou liberal, quando o desejo ganha proeminência, criamos pessoas com dificuldade de lidar com a frustração, cheias de vontades, dispostas a consumir e para consumir tem que haver insatisfação com o que tem portanto são egocêntricas.

Quando a criança cresce convivendo apenas com adultos. Os grupos de que ela participa são mediados pelo dinheiro e por adultos(escolinha de futebol, etc). 

Como ela circula em espaços protegidos e comprados, a oportunidade de haver cooperação, o servir, o cuidar é muito reduzido. O desejo é estimulado, pois o nível de consumo é alto. São muitos brinquedos, muitas roupas, muitas vontades. Até na alimentação o desejo ganha proeminência.

 Antigamente a alimentação era decidida pela dona de casa e consumida por todos. Hoje é comum ir à praça de alimentação onde cada um come o que deseja. A televisão passou a ocupar parte da função de diversão que era exercida pelos amigos, irmãos e primos. A criança solitária assiste tv e aprende com os péssimos exemplos que existem lá. Ou ficam isolados em computadores.

 O individualismo atinge níveis muito altos, o que gera egoísmo,ou egocentrismo, ou seja uma criança preocupada apenas consigo mesma. Os brinquedos são descartáveis e abundantes. Não são mais valiosos, podem ser quebrados ou abandonados. Aliás, tudo passa a ser descartável. Quais valores estão sendo realmente cultivados por estas crianças: individualismo, egoísmo, valorização do desejo, mediação da vida pelo dinheiro, status, super-proteção, isolamento, imaturidade para lidar com grupos e com dificuldades, falta de cooperação, falta do servir, etc.

Para lidar com isso a família precisa além de fazer com que as crianças convivam com outras crianças, devem ensiná-las a interagir com todos independente do nível social, ensinando que não se deve menosprezar quem tem um pouco menos que eles, ensinar a dividir os brinquedos, lanches, criando assim uma criança solidária.


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terça-feira, 19 de março de 2019

As voltas da vida



Lembro-me do meu pai, à mesa, me confortando. Eu, com sete ou oito anos, com medo de ficar velha e não poder mais brincar. Ele sabiamente dizendo que as brincadeiras mudariam com a idade, mas jamais me seriam proibidas.
 Algumas coisas podiam perder a graça para que novas viessem a me interessar. Usou como exemplo a minha mamadeira. Estava lá. Eu não era proibida de usá-la. Eu só não tinha o interesse. Havia descoberto outras maneiras. Não brincar mais, não seria uma imposição da idade, mas uma troca de interesses.
Embora eu não acreditasse que alguém pudesse perder o interesse em brincar aceitei de coração aberto as palavras que me encorajaram a vida toda. A vida, afinal, é como no videogame. Quando se passa para uma nova fase a dificuldade aumenta, mas o prazer de vencer também. Os obstáculos são parte do jogo.
Pensar assim torna menos difícil seguir em frente, sem olhar pra trás. Com isso resolvido na minha cabeça, retomar um ciclo já fechado era algo que eu não considerava. Isso até o dia em que, no desespero de retomar a minha rotina de exercícios físicos, decidi colocar o prazer no início da minha lista de prioridades. Precisava reencontrá-lo em alguma atividade física que eu pudesse me dedicar diariamente. Precisava me mexer.
Mais um mês lendo, escrevendo e vendo filmes e eu me esqueceria de como se anda. Sempre fiz muita atividade física e minha apatia tinha um nome. Ninho vazio. Meus passarinhos voaram em bando. Precisava redescobrir um prazer que me motivasse.
Procurei uma aula de dança. A aula foi ótima, mas o meu preparo estava péssimo. Temi não encontrar a satisfação que buscava. Foi quando surgiu a ideia do balé. Paixão antiga. Faz tanto tempo, pensei. Ciclo fechado. Mas, algo dentro de mim fez com que eu me questionasse. E se eu ressuscitar esse prazer? E se eu recomeçar? Foi o que fiz. Escolhi o horário, a turma, o método que mais se adaptava ao meu momento e recomecei do zero.
Não sei se, realmente, acreditava que sentiria algum dia o que eu sinto agora. Deixem o mundo lá fora! Aconselha o meu querido e abençoado mestre. Eu obedeço. Meus ouvidos, minha mente, meu corpo estão a serviço da superação. A cada aula venço um dragão, mas acima de tudo me entrego a um prazer indescritível.
Não tenho a pretensão de fazer voltar o tempo, mas de fazer o meu melhor. A cada aula o meu esforço busca isso. Pensei que ficaria o tempo todo me cobrando, comparando o presente com o passado. Não. Isso nem é permitido. Precisamos ser ainda melhores. Precisamos nos reinventar.
Quando ouço: “Vamos lá, minhas bailarinas, com todo o capricho”. Eu me sinto num teste do Bolshoi. Mentalizo cada pedacinho do meu corpo e dou tudo de mim. Esta concentração, este controle: respiração, movimento, ritmo, leveza, equilíbrio e memória, causam em mim o efeito da meditação.
Nem acredito como estou mais serena, em paz, de bem comigo. Isso, sem contar todas as boas coisas que vieram com essa decisão. Mas, sobre este assunto, falo numa outra crônica. A amizade feminina merece bem mais do que três linhas. Se conto isso a vocês é porque, por muito pouco nem considerei a ideia.
Obstáculos demais num período em que estava sensível demais. Portanto, queridos leitores, aceitem a minha contribuiçãozinha amiga e tentem. Procurem até encontrar. Caminhada, dança, pilates, musculação, ciclismo, estepe, tênis, pádel, vôlei, futebol, corrida, boxe, zumba, ritmos, surfe, frescobol, slackline, pollydance, o que for. Experimentem.
Reexperimentem. Troquem de modalidade de tempos em tempos, mas não abram mão de fazer o que for com muito prazer. Estou falando de atividade física, mas se quiserem abusar da criatividade, fiquem à vontade que está valendo.
A vida é uma só e muito curtinha pra se perder tempo de ser feliz se conformando com o satisfatório. Aproveitem que chegou o verão e saiam da janela! A vida tá aí pra ser vivida.

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sábado, 16 de março de 2019

Aprendendo controlar nossos anjos e demônios interiores


A vida em nós e diante de nós não permite isenção



Por comodismo, ou até mesmo por ignorância, o ser humano aprendeu a lidar com a complexa realidade do mundo de uma forma simplista: colando rótulos. E não só. Para facilitar ainda mais os contatos, organizou uma espécie de compartimentos onde coloca as pessoas, as coisas e os acontecimentos segundo a primeira impressão que lhes causa.

 Tudo ou é bom ou mau, positivo ou negativo. E pronto!
Mas, na verdade, nada pode ser classificado como isso ou aquilo. Tudo o que existe é bom e mau, ao mesmo tempo.
 E será positivo ou negativo dependendo das pessoas e das circunstâncias. O que é bom hoje pode ser mau amanhã, ou vice e versa. O que é negativo numa circunstância pode ser positivo em outra.

Isto serve também para nossos impulsos internos, aquelas forças interiores que nos leva a perceber as situações e a tomar decisões. Nossas motivações podem ser anjos ou demônios, depende da maneira como as tratamos.
Para isto, existe a razão, a capacidade de discernimento e de escolha que pode e deve ser usadas o tempo todo. Somos e vivemos segundo nossas decisões.

A vida em nós e diante de nós não permite isenção. Não há como ficar indiferente e se isentar ou deixar de viver. Até mesmo quando uma pessoa se mata, acabando com a própria vida, está tomando uma decisão e agindo.
 É impossível não fazê-lo. E neste momento de decisão é que entram em ação nossos comandos internos. São nossos anjos ou demônios, dependendo do controle que exercermos sobre eles.

E como saber o que está nos motivando? São os guardiões do bem e da luz, ou são os defensores do mal e da escuridão. É a sabedoria ou a ilusão que está nos impulsionando? Eis a aí a maior de todas as questões.

Para muitos sábios, só é possível o controle correto dessas forças internas que agem dentro da nossa mente pelo conhecimento profundo de nós mesmos. Parece fácil. Mas não é. Pode até ser simples, mas é extremamente difícil exercer o autocontrole.

Primeiro porque nossas motivações interiores não vêm classificadas, com um rótulo identificando sua natureza e sua origem. Como foi dito antes, tudo tem sempre a mesma cara. Não para saber, logo de cara, se é bom ou ruim.
A única maneira de descobrir de onde brotou cada uma das nossas decisões é olhando para cada uma delas com os óculos dos nossos valores.

Sempre que algo me incita a agir de um jeito ou de outro, tenho que me perguntar: o resultado desse ato é o que, de verdade, eu desejo pra minha vida? Essa opção está de acordo com meus sonhos, meus projetos e com aquele eu mesmo que somente eu conheço?

É bom também se perguntar, como vou me sentir depois, quando estiver sozinho comigo mesmo, ao lembrar ou rever esse ato, essa palavra, essa decisão?

Nosso juiz está dentro do nosso coração. Ele não nos condena ao sofrimento nem nos liberta da culpa. Nosso juízo interior, ao invés disso, chora ou se alegra, ele mesmo, por cada um dos nossos passos. Este, sim, é o mais justo dos julgamentos.

Então, a única maneira de controlar os impulsos maléficos, os demônios, que surgem a todo instante no íntimo de nós, é submetê-los todos, ao exame do nosso juízo interior. E como fazer isto? Estar atento o tempo todo e a tudo o que fazemos.

O simples ato de comer, se não for acompanhado da plena atenção, pode não ser benéfico como deveria ser. Uma palavra dita a uma ou mais pessoas pode ferir, causar danos inesperados, se não forem pronunciadas com toda a atenção.
A atenção plena é o modo de deixar nosso juiz interior sempre num lugar de destaque em nossa vida e não permitir que realizemos nada sem o seu julgamento.
 Estar atento é estar sempre, sob o olhar do nosso coração. É estar com a luz da consciência acesa e colocado em lugar de destaque para iluminar todos e tudo o que entra e sai de nosso íntimo.

A luz, só essa centelha de divindade que há em cada um de nós é que deve comandar nossa vida. Diante de seu brilho, anjos e demônios, bem e mal, serão enxergados e controlados o tempo todo em que durar essa oportunidade que nos é dada para evoluirmos para uma vida que não tem fim.
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