Estudos da Nasa e da Oxfam
revelam que 2015 foi o ano mais quente
Dois estudos divulgados recentemente
apresentam pontos aparentemente paralelos, mas que possuem uma terrível e
nefasta convergência: 2015 foi o ano mais quente e, ao mesmo tempo, o mais
desigual da história.
A constatação de que o ano passado
foi o mais quente já registrado desde 1880, quando os dados começaram a ser
levantados, foi feita pela agência espacial norte-americana, a Nasa, e pela
Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA).
As duas entidades realizaram estudos
separados, mas chegaram às mesmas conclusões: a temperatura do planeta ficou,
em média, 0,90ºC acima da registrada no século XX e 0,16ºC acima do recorde
anterior, registrado em 2014. Dezembro passado também foi o mês mais quente já observado.
Os cientistas apontam o fenômeno
climático El Niño pelos resultados, mas, principalmente, o atribuem ao
aquecimento causado pelas emissões de gases relacionados à ação do homem.
As consequências estão aí: aumento
do nível dos oceanos e ocorrências cada vez mais frequentes de fenômenos
climáticos extremos, como a onda de calor que matou 2,5 mil pessoas na Índia,
também no ano passado.
O outro ponto é o levantamento anual
da ONG britânica Oxfam sobre desigualdade e concentração de renda. A organização
afirma que, neste ano de 2016, as 37 milhões de pessoas que compõem o 1% mais
rico da população mundial terão mais dinheiro do que os outros 99% juntos.
O relatório apresentado pela Oxfam
toma como base o levantamento anual do banco Credit Suisse. E as estatísticas
demonstram que ao longo dos últimos anos a concentração e a desigualdade só
aumentaram!
São muitas as questões que nos
afligem: a crise econômica brasileira, a questão dos refugiados na Europa, o
mosquito Aedes aegypti, os fanáticos do Estado Islâmico – todas altamente
relevantes e merecedoras de nossa atenção.
Mas fato é que os dois estudos
apontados neste artigo possuem o poder de determinar os caminhos da humanidade
para um futuro em que as demais questões serão decorrência desses dois fatores,
ou seja, o crescimento da desigualdade e mudanças climáticas cada vez mais
fortes e persistentes.
Winnie Byanyima, diretora-executiva
da Oxfam e co-presidente do Fórum Econômico Mundial alertou sobre as
consequências desses desequilíbrios: “Tanto nos países ricos quanto nos pobres,
essa desigualdade alimenta o conflito, corroendo as democracias e prejudicando
o próprio crescimento”.
Isto é, quanto mais a temperatura e
a desigualdade crescerem, menos possíveis serão os esforços para o equilíbrio e
a harmonia do planeta e de seus habitantes. Tal acirramento se transformará em
mais refugiados, em mais doenças e levará à eclosão de novas guerras e
conflitos.
No entanto, a Nasa, a NOAA e a Oxfam
consideram essas questões ainda possíveis de serem enfrentadas ou revertidas.
Alguns dos caminhos relacionados ao clima foram exaustivamente debatidos na COP
21, realizada em Paris, em dezembro passado.
Já para enfrentar a concentração de
renda, o caminho é a busca pela ampliação dos direitos das pessoas e por mais
democracia e participação, buscando a educação e o empoderamento dos cidadãos
como meta universal, entre outros grandes desafios.
A sustentabilidade, tão almejada, só
será efetivamente alcançada quando a humanidade conseguir entender e combater
todos esses desequilíbrios ambientais e sociais. Será preciso reverter essas
nefastas tendências que colocam em xeque a nossa civilização e flertam
fortemente com um indesejado cenário de fim do mundo.
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