segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Socorro… Vivo em um asteroide!


As cidades são partes de uma pluralidades de teias


Se é verdade que centros urbanos são identificados também por sua importância geo-econômica é igualmente, verdadeiro que possuem atribuições políticas diferenciadas no que se refere o ordenamento espacial de localidades e regiões.
Sob estas condições é que o planejamento e que em definitivo, não é a panaceia, tampouco o elixir para todos os males que carcomem a vida na cidade, mas que possui funções sociais, políticas e econômicas, absolutamente fundamentais para a própria materialização da vontade democrática e que, precisamente por isso, surge como experimento , é claro, técnico, mas bem mais do que isso, como possibilidade cidadã, social e profundamente democrática e que por isso deve expressar o sentimento das maiorias sociais.
Da mesma forma que residências estão em bairros e estes nas cidades; cidades, da mesma forma, são partes de micro ou mesorregiões e ainda componentes de uma unidade federada. Da mesma forma cidades são partes de sistemas ecológicos e ambientais; são integrantes de tipologias ambientais repletas de biodiversidades.
Em outros termos cidades são partes de uma pluralidades de teias, conformações e articulações que lhes confere sentidos distintos e específicos. A expressão desse reconhecimento é que as administrações modernas se incumbem de pensar e traçar mecanismos administrativos que incluem cidades vizinhas ou blocos de cidades.
Os consórcios intermunicipais e que ainda hoje acontecem na região do ABC paulista são os mais notórios e conhecidos. A definição da Revista PÓLIS (AA/no. 97, 1997) a esse respeito é esclarecedora.
Diz: “Consórcios intermunicipais são entidades que reúnem diversos municípios para a realização de ações conjuntas que se fossem produzidas pelos municípios, individualmente, não
atingiriam os mesmos resultados ou utilizariam um volume maior de recursos. Os consórcios intermunicipais possuem personalidade jurídica (normalmente assumem a figura de sociedade civil), estrutura de gestão autônoma e orçamento próprio. Também podem dispor de patrimônio próprio para a realização de suas atividades”.
São, de outra maneira, inteligências administrativas que produzem intervenções espaciais efetivas, eficazes e integradas. Importante considerar, contudo, que existem outros nexos causais que inspiram ações inter-cidades. Por exemplo, políticas em torno da promoção e preservação de bacias hidrográficas; arranjos políticos em favor de uma malha rodoviária ou alguma outra obra de infra-estrutura.
O aspecto central deste ensaio é que já não é mais possível conceber administrações de tipo intestinal, ou seja, “pra dentro”, unicamente “para dentro”. Administrações modernas, amplas e democráticas são endo/exo/administrações.
São governanças locais e ao mesmo tempo, inter-locais porque se reconhecem como partícipes de planos maiores que o do estrito território da qual diz respeito.
Aqui onde vivo e sobrevivo, Itumbiara (Goiás), tem-se e pratica-se uma espécie de “mundo do pequeno príncipe” ou seja… Vivemos em um asteroide, sem vizinhança, sem problemas comuns e que tão somente e por isso, vivemos encastelados em nós mesmos, para nós, por nós e em nós.
Erro? Mais que isso! Esta é uma pratica autofágica, pobre e irresponsável, na medida em que uma cidade como Itumbiara não assume suas funções na liderança e gestão de toda uma região e que ao menos em tese, deveria influenciar.
Sabe quantas articulações intermunicipais o “gigante da fronteira” tem com municipalidades locais em torno de temas comuns, como, por exemplo: o lixo? E na saúde? Sabem quantas criatividades o asteroide “gomista” desenvolveu com províncias vizinhas? E no que respeita ao nosso Cerrado comum, berço das águas centrais do Brasil? Sabem quantos arranjos temos? E a segurança, essa bomba relógio de fronteira? Sabe quantas novas institucionalidades foram feitas ou pensadas a esse respeito a bem da muito violentada população de Itumbiara?
Isso mesmo… Zero! Nada… Estou dizendo, vivemos em um asteroide!
Bom… Ampliar, abrir-se ao mundo, aos seus desafios, compreender o outro para, enfim, se compreender; estar e ser com os outros para ser o que se é. Isso não é só um embaralhamento de vernáculos ou de filosofias… É um discernimento moderno e atual que gera desenvolvimento regional, unidades e novas formas de existência para a vida urbana.
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