Conhecimento básico de matemática
no Brasil avança, mas segue tendo má colocação em ranking. Número de alunos que não sabiam operações
básicas de adição caiu 18%
O
Brasil é um dos países que mais reduziram o número de alunos sem conhecimentos
básicos de matemática. Mas ainda é um dos últimos colocados em um ranking de competências
nessa disciplina, aponta estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico) publicado nesta quarta-feira (10).
O
número de alunos brasileiros na faixa de 15 anos que estava abaixo do nível de
conhecimentos básicos em matemática caiu 18% entre 2003 e 2012 (último dado
disponível).
O
estudo, intitulado Alunos de baixo desempenho: por que ficam para trás e como
ajudá-los?, considera que, para chegar ao primeiro nível, os alunos têm de
saber mostrar competências básicas como uma operação de adição.
O
documento divulgado nesta quarta-feira (10) faz uma nova análise das séries de
dados do último estudo PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) da
OCDE, publicado no final de 2013, com dados de 2012.
Mau desempenho
Apesar da melhora em relação aos conhecimentos básicos, os alunos brasileiros ficaram apenas no 58° lugar em matemática entre os 65 países e territórios analisados no último estudo PISA. Com essa classificação, o Brasil se situa abaixo da Albânia e da Costa Rica.
Apesar da melhora em relação aos conhecimentos básicos, os alunos brasileiros ficaram apenas no 58° lugar em matemática entre os 65 países e territórios analisados no último estudo PISA. Com essa classificação, o Brasil se situa abaixo da Albânia e da Costa Rica.
O
Brasil totalizou 391 pontos em matemática, de acordo com o PISA. A média dos
países da OCDE é de 494 pontos.
A
organização considera que os alunos que ficam abaixo do nível 2 (entre os seis
existentes, que evoluem de acordo com o grau de dificuldade das perguntas) nas
disciplinas analisadas (matemática, leitura e ciências) terão dificuldades na
escola e, mais tarde, no mercado de trabalho, e poderão não ascender
socialmente.
Segundo
o PISA, 67,1% dos alunos brasileiros com 15 e 16 anos (faixa etária analisada
no estudo) estão abaixo do nível 2 em matemática, com baixa performance na
disciplina.
Apenas
0,8% dos alunos brasileiros atingiram os níveis 5 e 6 na disciplina, que exigem
análises complexas. Em Xangai, na China, primeiro do ranking em matemática,
mais da metade dos estudantes (55,4%) integram os níveis 5 e 6, de alta
performance.
A
OCDE destaca, no entanto, que o Brasil registrou uma das maiores taxas de
crescimento no total de pontos em matemática entre 2003 a 2012, passando de 356
a 391 pontos no período.
Mais alunos desfavorecidos
O que explica o fato de o Brasil ainda se manter entre os últimos no ranking de matemática (e também de leitura e de ciências do PISA) é o número maior de alunos, principalmente desfavorecidos e de zonas rurais, que passaram a integrar o sistema educacional, disse à BBC Brasil Sophie Vayssettes, analista de educação da OCDE.
O que explica o fato de o Brasil ainda se manter entre os últimos no ranking de matemática (e também de leitura e de ciências do PISA) é o número maior de alunos, principalmente desfavorecidos e de zonas rurais, que passaram a integrar o sistema educacional, disse à BBC Brasil Sophie Vayssettes, analista de educação da OCDE.
A
taxa de escolarização no Brasil passou de 65% em 2003 para 78% em 2012,
ressalta Vayssettes.
Programas
como o Bolsa Família permitiram maior acesso à educação, diz ela, acrescentando
que os novos alunos, desfavorecidos socialmente, “acumulam desvantagens” e
geralmente apresentam atrasos de aprendizado em relação aos demais.
“Se
a base de comparação no Brasil tivesse se mantido a mesma, se não fossem
incluídos os alunos novos que tinham passado anos fora da escola, a pontuação
obtida nos testes do PISA seria bem mais alta. Chegamos a fazer uma simulação
sobre isso”, afirma.
Entre
os fatores que permitiram a redução do número de alunos brasileiros sem
conhecimentos básicos em matemática, a especialista cita melhorias na formação
dos professores, que também passaram a ter incentivos como aumentos salariais e
planos de carreira.
Maiores
investimentos em educação, que hoje representam 6,1% do PIB brasileiro, a mesma
média dos países da OCDE, e também melhoria na qualidade do material pedagógico
são outros fatores apontados pela especialista.
Também
houve o acréscimo de um ano letivo no antigo sistema primário e o secundário se
tornou obrigatório (segundo segmento do ensino fundamental).
“Há
uma dinâmica positiva no Brasil em relação à educação”, diz a analista.
Os
gastos por aluno com idade entre 6 e 15 anos no Brasil, de US$ 26,7 mil (cerca
de R$ 103,8 mil) ainda representam, no entanto, apenas pouco mais da metade do
montante considerado adequado pela OCDE, que é de US$ 50 mil.
“O
Brasil precisa aumentar os gastos por aluno”, diz a especialista, acrescentando
que é preciso também dar mais recursos para escolas com estudantes
desfavorecidos e melhorar o ensino pré-escolar no país.
O
Brasil também possui uma das mais altas taxas de repetência entre os 65 países
que integram o PISA. Mais de um terço dos alunos com 15 anos (36%) já repetiu
de ano pelo menos uma vez.
“A
repetência é um fator de abandono dos estudos e de perda da confiança. É
preciso criar pedagogias diferentes para motivar os alunos”, afirma Vayssettes.
Da BBC.
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