A relação entre pais e filhos
tem mudado em muitos aspectos
Muito se tem discutido nos últimos
anos sobre as relações humanas, sobre as relações dos citadinos, das pessoas
com outras da mesma categoria, com instituições públicas ou privadas e com o
Estado (organização político-administração de um povo). Não se esquecendo
também uma criação (não exclusiva do Brasil), a que se chama de cidadão. Como
aqui nomeado, o que é cidadão? É aquele indivíduo, no gozo ou usufruto de
direitos civis e políticos.
Isto falando de Brasil. Deveria ser
uma constante também, para esse dito cidadão, a consciência de obediência às
normas e leis dessa nação de que ele, cidadão(ã) faz parte. O que se constata ,
entretanto, ser esse comportamento não uma regra.
Quando se fala em cidadão, lembra-me a cidade de Roma, na época
de seu esplendor, antes da ruína do império Romano. O termo cidadão foi criado
no auge da instituição política daquele povo. Receber o título de cidadão
romano era uma credencial honorifica de alta distinção. Era um passaporte de
trânsito para o mundo.
Quanta decadência e depreciação nessa categoria de pessoas.
Repita-se em termos de Brasil. Para a Constituição e Legislação
brasileira (código civil) cidadão(ã) é todo aquele que porta um RG,
título de eleitor e CPF, nada mais é exigido. Até presidiário (de cadeias), com
tornozeleira eletrônica ou domiciliar são considerados cidadãos. Antes do
trânsito em julgado, eles têm direito a tudo; até votar e escolher nossos
representantes do poder executivo e legislativo. São fatos e verdades
exclusivas do Brasil; igual a Jabuticaba, mensalão e petrolão. Só vingam em
nossas terras.
Não muito diferente se tornaram as relações do indivíduo. E aqui
começamos pelas crianças e jovens no ambiente das famílias e com toda
forma de instituições pedagógicas. Escolas de maneira exemplar. A escola era
uma etapa tão importante na formação do indivíduo que o sonho de muitas
famílias era deixar o adolescente no colégio em regime de internato.
Deveria estar com a mesma
importância nos dias desta crônica. Alguns internatos se
notabilizaram nessa tão nobre missão pedagógica que foram objeto de filmes e
livros. Cito um como exemplo, o Ateneu de Raul Pompéia. Penso eu que o primeiro
grupo social e instituição determinante, preponderante e capital na
constituição, na formação, na conduta e no caráter da pessoa humana seja
a família. Com algumas exceções, nós somos o corolário, o produto, a arte final
de nossa família.
Cada um é uma extensão da educação
recebida dos pais. Isto, bem entendido, em todos os atributos que iremos levar
para sempre em nossas vidas. Dos mais simples gestos e atitudes como educação
alimentar, higiene, disciplina e organização com nossos pertences e objetos
pessoais e domésticos, até com nossos sentimentos de afeto, generosidade,
honestidade e senso de civilidade com as pessoas, com as instituições públicas
ou privadas e com o meio ambiente.
O segundo grupo social com o qual o ser humano estabelece um
vínculo de grande significado se chama escola. Tal contato e convivência ganha
relevo e influência não só na formação de conhecimentos técnico-científicos,
mas no perfil e qualificação civil (de civilidade), moral e ética do indivíduo,
nomeado pela constituição como cidadão.
Pergunta-se – ao que assistimos hoje, na era da internet e das
tecnologias massivas da informática? Todos assistimos ao também maciço
apodrecimento dos valores cívicos e formação moral e ética de
nossas crianças e jovens. Obrigações e exigências estas, não dos
estabelecimentos de ensino; mas de forma criteriosa, severa e continuada das
famílias. Todos andam distraídos pelos apelos e engodos da modernidade, do
consumismo, aos prazeres fúteis e frívolos da vida.
As relações pais/filhos nestes tempos de tanta tecnologia têm se
resvalado para a absoluta tolerância, leniência e ausência de qualquer limite.
Sejam esses limites nas atitudes as mais comezinhas no ambiente doméstico, no
tratamento com os membros parentais, com os idosos, nos espaços públicos
ou privados.
O Brasil chegou a um descalabro tão aviltante nas relações
humanas que se criou por exemplo o instituto da prisão domiciliar e da
tornozeleira eletrônica. Além das instâncias judiciais(1ª, 2ª, 3ª) , até
prescrição dos crimes ou indulto de Natal. Na deseducação das crianças e jovens
o Estado (Legislativo) também deu a sua contribuição.
Foram criados a estatuto
da criança e adolescente (ECA) e a lei da palmada. Através dessas leis, as
crianças e jovens podem denunciar os pais por algum corretivo infracional. Se
era para esculhambar, o ECA , a Lei da Palmada e Grupos de Direitos
Humanos deram essa contribuição, vieram para piorar o que estava ruim.
Conseguiram. Menores de 18 anos não são presos, mas apreendidos. Não vão para
penitenciárias, mas para as “casas”, escolas de crime. Alunos “reprovados” não
podem repetir a mesma série.
Passam de ano sem saber nada. Filhos
rebeldes e birrentos não podem receber nenhum corretivo, palmadas ou castigos.
Os pais podem ser processados. Estes são os cidadãos que estamos criando
para o mundo futuro.
Enfim, pelo cheiro da brilhantina, pela leniência e omissão das
famílias, pela distração crescente dos pais, especialmente aqueles entretidos
juntos aos filhos em seus smartphones, em suas redes sociais, por tudo isso e
também corroborado pelo Estado,estamos cada vez mais criando monstrinhos e
deformados de caráter e de cidadania (cidadania, termo em moda e criado pelo
próprio estado e grupos de Direitos Humanos) em nossa sociedade.
O mundo futuro que vamos deixar,
igual ou pior o de agora, vai depender dos filhos melhores ou piores que vamos
deixar para esse mundo.
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