quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

A sociedade, o Estado e as famílias na criação de deformados de caráter


A relação entre pais e filhos tem mudado em muitos aspectos

Muito se tem discutido nos últimos anos sobre as relações humanas, sobre as relações dos citadinos, das pessoas com outras da mesma categoria, com instituições públicas ou privadas e com o Estado (organização político-administração de um povo). Não se esquecendo também uma criação (não exclusiva do Brasil), a que se chama de cidadão. Como aqui nomeado, o que é cidadão?  É aquele indivíduo, no gozo ou usufruto de direitos civis e políticos.
Isto falando de Brasil. Deveria ser uma constante também, para esse dito cidadão, a consciência de obediência às normas e leis dessa nação de que ele, cidadão(ã) faz parte. O que se constata , entretanto, ser esse comportamento não uma regra.
Quando se fala em cidadão, lembra-me a cidade de Roma, na época de seu esplendor, antes da ruína do império Romano. O termo cidadão foi criado no auge da instituição política daquele povo. Receber o título de cidadão romano era uma credencial honorifica de alta distinção. Era um passaporte de trânsito para o mundo.
Quanta decadência e depreciação nessa categoria de pessoas. Repita-se em termos de Brasil.  Para a Constituição  e Legislação brasileira (código civil) cidadão(ã) é todo aquele  que porta um RG, título de eleitor e CPF, nada mais é exigido. Até presidiário (de cadeias), com tornozeleira eletrônica ou domiciliar são considerados cidadãos. Antes do trânsito em julgado, eles têm direito a tudo; até votar e escolher nossos representantes do poder executivo e legislativo. São fatos e verdades exclusivas do Brasil; igual a Jabuticaba, mensalão e petrolão. Só vingam em nossas terras.
Não muito diferente se tornaram as relações do indivíduo. E aqui começamos pelas  crianças e jovens no ambiente das famílias e com toda forma de instituições pedagógicas. Escolas de maneira exemplar. A escola era uma etapa tão importante na formação do indivíduo que o sonho de muitas famílias era deixar o adolescente no colégio em regime de internato.
Deveria estar com a mesma importância nos dias desta crônica.   Alguns internatos se notabilizaram nessa tão nobre missão pedagógica que foram objeto de filmes e livros. Cito um como exemplo, o Ateneu de Raul Pompéia. Penso eu que o primeiro grupo social e instituição determinante, preponderante e capital na constituição, na  formação, na conduta e no caráter da pessoa humana seja a família. Com algumas exceções, nós somos o corolário, o produto, a arte final de nossa família.
Cada um é uma extensão da educação recebida dos pais. Isto, bem entendido, em todos os atributos que iremos levar para sempre em nossas vidas. Dos mais simples gestos e atitudes como educação alimentar, higiene, disciplina e organização com nossos pertences e objetos pessoais e domésticos, até com nossos sentimentos de afeto, generosidade, honestidade e senso de civilidade com as pessoas, com as instituições públicas ou privadas e com o meio ambiente.
O segundo grupo social com o qual o ser humano estabelece um vínculo de grande significado se chama escola. Tal contato e convivência ganha relevo e influência não só na formação de conhecimentos técnico-científicos, mas no perfil e qualificação civil (de civilidade), moral e ética do indivíduo, nomeado pela constituição como cidadão.
Pergunta-se – ao que assistimos hoje, na era da internet e das tecnologias massivas da informática? Todos assistimos ao também maciço apodrecimento dos valores cívicos  e formação moral e ética  de nossas crianças e jovens. Obrigações e exigências estas, não dos estabelecimentos de ensino; mas de forma criteriosa, severa e continuada das famílias. Todos andam distraídos pelos apelos e engodos da modernidade, do consumismo, aos prazeres fúteis e frívolos da vida.
As relações pais/filhos nestes tempos de tanta tecnologia têm se resvalado para a absoluta tolerância, leniência e ausência de qualquer limite. Sejam esses limites nas atitudes as mais comezinhas no ambiente doméstico, no tratamento com os membros parentais, com os idosos,  nos espaços públicos ou privados.
O Brasil chegou a um descalabro tão aviltante nas relações humanas que se criou por exemplo o instituto da prisão domiciliar e da tornozeleira eletrônica. Além das instâncias judiciais(1ª, 2ª, 3ª) , até prescrição dos crimes ou indulto de Natal. Na deseducação das crianças e jovens o Estado (Legislativo) também deu a sua contribuição. 
Foram criados a estatuto da criança e adolescente (ECA) e a lei da palmada. Através dessas leis, as crianças e jovens podem denunciar os pais por algum corretivo infracional. Se era para esculhambar, o ECA ,  a Lei da Palmada e Grupos de Direitos Humanos deram essa contribuição, vieram para piorar o que estava ruim. Conseguiram. Menores de 18 anos não são presos, mas apreendidos. Não vão para penitenciárias, mas para as “casas”, escolas de crime. Alunos “reprovados” não podem repetir a mesma série.
Passam de ano sem saber nada. Filhos rebeldes e birrentos não podem receber nenhum corretivo, palmadas ou castigos. Os pais podem ser processados. Estes são os cidadãos que estamos criando  para o mundo futuro.
Enfim, pelo cheiro da brilhantina, pela leniência e omissão das famílias, pela distração crescente dos pais, especialmente aqueles entretidos juntos aos filhos em seus smartphones, em suas redes sociais, por tudo isso e também corroborado pelo Estado,estamos cada vez mais criando monstrinhos e deformados de caráter e de cidadania (cidadania, termo em moda e criado pelo próprio estado e grupos de Direitos Humanos) em nossa sociedade.
O mundo futuro que vamos deixar, igual ou pior o de agora, vai depender dos filhos melhores ou piores que vamos deixar para esse mundo.
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