quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A revolução do limão


O limão pode reduzir as ocorrências de câncer de mama, pele, pulmão, boca e estômago
A modernidade trouxe confortos e inúmeras possibilidades para o desenvolvimento de novos mercados. Graças a um discurso de que a indústria pode tudo, os conhecimentos tradicionais e as próprias descobertas da população passaram a ficar em um segundo plano.
De repente, medicamentos ligados a grandes patentes, pesquisas científicas bancadas por transnacionais da indústria química e pílulas vendidas em farmácias dominaram os discursos de cura e saúde. Na essência, muitas das descobertas já estavam presentes em simples alimentos encontrados nos pratos e copos de todos brasileiros.
Por traz da busca de mercado, sempre o interesse comercial, pouco preocupado com a segurança alimentar da população ou mesmo nas tradições agroalimentares.
O melhor exemplo é o limão. O fruto encontrado pela dona de casa Sandra Flores serve tanto para fazer salada quanto para o tradicional suco. Mas  o que a ciência tem revelado é que ele pode muito mais.  Daí o aumento de projetos de pesquisa no país tendo em vista a substância.
Somente em  projetos bancados pelo Governo Federal, 25 instituições brasileiras se dedicam em entender os mecanismos de funcionamento do poderoso fruto azedo.
Por trás do limão existe uma infinidade de substâncias que podem tratar doenças e melhorar a saúde dos usuários. Na verdade, o limão é apenas uma delas. A primeira grande questão é saber que ele é uma dentre tantas substâncias que integram o grupo das rutáceas –  uma família de plantas angiospérmicas.
Plantas com flores, as rutáceas têm um conjunto de frutas famosas em seu grupo, como o limão, a lima e a própria laranja. E se as faculdades procuram entender o comportamento de cada espécie, o próprio limão já dá muita dor de cabeça para os acadêmicos com sua variação.   Suas variedades mostram atribuições diferentes – o que também varia conforme a estrutura da fruta.
Um dos recentes estudos sugere que o limão pode combater o ácido úrico. Responsável pelas artrites e reumatismo, além de gotas e artroses. Um dos problemas provocados pela doença é a acumulação da purina – contida em alimentos como carnes, refrigerantes e cerveja.
O limão tem também um elevado nível de ácido, só que o cítrico, que ajuda a quebrar os cristais de ácido úrico.
A receita da vovó é quase sempre tão funcional quanto a da indústria química e do médico, que muitas vezes tem interesses no aumento de vendas dos medicamentos industrializados. “Eu indiquei para o meu marido e reduziu bastante: dois copos de sumo de limão com água fria e sem açúcar todos os dias”, diz a costureira Ana Aparecida.
Lidiane Mayra Campêlo, mestre em ciências farmacêuticas, realizou estudo sobre o efeito do limão no Sistema Nervoso Central. Para isso, utilizou ratos. A pesquisadora informa que os resultados demonstram que o estresse oxidativo no hipocampo de camundongos pode ocorrer durante o estabelecimento de doenças neurodegenerativas.
No entanto, o “dano hipocampal”  pode ser combatido pelo efeito protetor de óleo essencial de folhas de Citrus limon (OECL), que teria o poder antioxidante. O estudo  de mestrado mostra que os radicais livres são combatidos logo após 24 horas de tratamento com o óleo.
Lidiane Mayra Campêlo explica que diversas pesquisas têm apresentado resultados diferentes quanto às distintas partes e substâncias do limão. “O óleo volátil da casca do fruto apresentou atividade sedativa, hipnótica, não corroborando com o extrato etanólico das folhas, que não apresentou essa atividade”.
Espasmos
Por sua vez, o extrato da casca dos frutos mostrou efeito antiespasmódico, reduzindo contrações do tecido muscular liso no estômago, intestino, útero ou bexiga.
A pesquisadora, por sua vez, diz que testes farmacológicos com os frutos demonstraram potente efeito inibidor contra a atividade do rotavírus. Outra descoberta que dá ao limão status de remédio diz que o suco dos frutos apresentou atividade antimicrobiana ‘in vitro.’
Outras rutáceas são importantes para a saúde, caso do Pilocarpus, conhecido pelo nome popular jaborandi – utilizado pelos índios brasileiros há séculos para tratar feridas na boca e tosses.  Apesar da fama, ele está longe de ser concorrente para o azedo limão.
De onde vem o cheiro

O limão é fonte de várias substâncias:  potássio, magnésio, cálcio e fósforo, vitamina B6, cobre, riboflavina, ácido pantotênico, vitamina A, ácido fólico e fitoquímicos.  A presença de limonemo parece ser sua melhor arma em defesa da saúde.  É ele que dá o cheiro do limão. E também força a ação do alimento contra os radicais livres.
Existem mais de cinco mil  biofravonóides, sendo que substâncias como o limoneno e e naranjina – presentes no limão – podem equilibrar o corpo após as crises químicas provocadas pelos oxidantes.
Pródigo em vitamina C, o limão  pode ainda reduzir as ocorrências de câncer de mama, pele, pulmão, boca e  estômago.
“O limão é fantástico. Tem uma grande importância na culinária, por conta da modulação do tempero e do gosto. É uma das substâncias mais comuns na culinária fusion. Mas o que chama a atenção é a variedade de estudos. Li um que trata de seus poderes para a saúde. A pesquisa diz que se  ele for Inalado pode acabar com rinites e sinusites”.
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