Essa guerrilha está matando a humanidade
Tenho saudade de um tempo que não
vivi e nem presenciei. Tempos aqueles onde as pessoas sentavam nos baixos muros
das casas e ali mesmo aconteciam os encontros de namorados, de amigos e dos
velhos trocadilhos em meias palavras soltas.
Sinto dor no peito do tempo que não
conheci onde para ir à igreja e referenciar a Deus, usavam-se lenços nos
cabelos e chapéus com telas em respeito mútuo à fé. Saudade de quando os filhos
pediam “bênção” aos seus pais e avós e respeitavam os mais velhos. Dá um nó
danado na garganta de ver filhos enfrentando seus pais e avós.
Que falta me faz do tempo ilusório
em meu coração das latinhas, pneus velhos, jornais, folhas usadas de caderno
que davam sentidos verdadeiros nas brincadeiras. Crianças brincavam até sem
brinquedo e usavam a imaginação. Saudade daquele tempo onde não existia o tal
“bullying” e sim apelidos dados pelos amigos. Estão americanizando até mesmo as
brincadeiras e fazendo tragédia com isso.
Tenho saudade do tempo em que sair
pra tomar sorvete era prêmio dado pelos pais pelo bom comportamento. Que triste
saber que o prêmio de bom comportamento é deixar jogar o vídeo game e usar
celular depois do castigo de meio dia.
Nostalgia eu sinto, quando me lembro
do namoro nas janelas, das mãos dadas pelas calçadas e do “selinho” como beijo.
Que pena que o namoro tornou-se jeito de “prostituir”. As pessoas namoram e
amam pela conveniência.
Dá melancolia de lembrar-me do tempo
desconhecido, existiam bailes com pessoas bem trajadas e danças compassadas.
Que saudade da dança a dois, onde os pares se posicionavam frente a frente com
ombros bem alinhados e olhares fixos. Tristeza dá de ver as mulheres e homens
se agarrando por aí, dançando nus em meio a multidões no descompasso de músicas
insanas e vestimentas inadequadas.
Velhos tempos que não conheci. Tempos
que as disputas eram baseadas na quebra de braço, no “topete” mais bonito, no
sorriso mais “torto”. As moças riam desconfiadas e tímidas, as mais bonitas
eram consideradas aquelas que usavam saias feitas de belos tecidos, bem rodadas
e cabelos bem penteados. O mundo está do avesso.
Hoje as mais bonitas são aquelas
feitas de silicones e remédios bombásticos para dar ao seu corpo modelo de
estaturas de pedra. As roupas, quanto mais curtas, melhor, o nu se tornou moda.
Homens saem por aí esbanjando carros, mostrando os corpos sarados, usando
drogas e achando-se “os caras”.
A humanidade se perdeu, em todos os
sentidos. Falta fé, amor, falta pudor nas pessoas, falta tudo. Filhos matando
seus pais, pais matando seus filhos. Os casais brigam por dinheiro, se traem,
se estapeiam. O se humano se perdeu, tem se tornado vítima do seu próprio
egoísmo e ganância. As pessoas tornaram-se monstros no trânsito, no trabalho e
no meio familiar, brigam e matam por falta de amor ao próximo.
Sem falar que o
corpo humano virou objeto, depósito de drogas, sexo e violência. Homens e
mulheres brincam com seus corpos, prostituem-se, vendem-se por dinheiro,
bebidas e carros.
Essa guerrilha está matando a
humanidade. Não sobrará tempo suficiente para vivermos tudo que um dia nos foi
presenteado por Deus, nem tampouco relembrar tempos que nunca vivemos. Saudade
do tempo que não vivi, onde até um pequeno texto como este poderia transformar
o sentimento de alguém.
Tempo esse que, singelas palavras de
um simples escritor fazia reboliço na humanidade. Mas a humanidade se perdeu.
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