sexta-feira, 31 de julho de 2015

Sinais de que você é mais inteligente do que pensa

Inteligência nem sempre se apresenta como o que está escrito nos livros ou proficiência em um campo acadêmico.

A inteligência vem em diferentes formatos. Diferentes habilidades, sem nenhuma conexão aparente, podem ser sinais de inteligência. E as pessoas tem diferentes habilidades, todas advindas de diferentes formas de serem educadas. Em um recente artigo de Maggie Heath, para o Lifehack, ela fala justamente sobre inteligência e sobre ser inteligente.

"Se eu estivesse em uma sala cheia de físicos, eu me sentiria a pessoa menos inteligente do recinto. Porém, coloque-me em uma sala só com escritores e eu vou me sentir em casa. Você nunca vai querer se sentir menos inteligente do que você é", escreve Maggie. Inteligência nem sempre se apresenta como o que está escrito nos livros ou proficiência em um campo acadêmico. Inteligência também pode ser achada em habilidades práticas, habilidades artísticas, até atléticas!

Muita gente não se acha muito inteligente simplesmente por não estar em alguma categoria, mas você com certeza é mais inteligente do que acha. Quer saber o porquê? Confira 7 sinais de que você é bem mais inteligente do que acha:

1 - Você é exigente com seu cérebro

Uma das coisas mais frustrantes que pode acontecer com você é não ser capaz de entender algo. "É terrivalmente irritante conhecer algo que você não entende, não é?", indaga Maggie. "Geralmente as coisas são compreendidas facilmente por você. Então, tudo que não é rapidamente compreendido, faz você se sentir mal com a própria inteligência", completa.

2 - Você está por dentro das coisas

"Pessoas inteligentes estão sempre ligadas no mundo ao seu redor. Você provavelmente gosta de se manter atualizado: de ler o jornal a chegar o feed do Twitter. Você gosta de saber o que está acontecendo no planeta, no seu país e no seu estado. Mesmo que não seja o seu campo de especialidade, você gosta de estar por dentro", escreve Maggie.

3 - Às vezes as pessoas não te entendem

Talvez seu humor seja sofisticado demais ou seu vocabulário avançado demais. Não importa a situação, é comum que pessoas inteligentes sejam mal interpretadas. "Não é culpa sua, é apenas como as pessoas espertas atravessam a vida. Você está sempre se explicando algo para os outros", diz Maggie.

4 - Seus amigos são inteligentes

Pessoas inteligentes tendem a se cercar de pessoas inteligentes. Afinal de contas, quem gosta de estar com pessoas que não entendem suas colocações ou piadas? Seus amigos irão entender, então eles são tão inteligentes quanto você. E sim, eles acham a mesma coisa sobre você.

5 - Você tem altas expectativas para si mesmo

Altas expectativas cercam a vida de pessoas inteligentes. Até quando crianças, pessoas inteligentes são colocadas em classes avançadas ou recebem material mais avançado de leitura. Por causa disso, pessoas inteligentes tem grandes planos para o futuro. Não importa se é fazer um curso ou seguir uma certa carreira, você certamente tem um objetivo grandioso para si mesmo. Talvez seja expandir seu negócio ou pensar em uma nova forma de estratégia para o mercado. Não importa seu objetivo, você espera alcança-lo.

6 - Você gosta de jogos

Muitas pessoas inteligentes gostam de jogos porque existem coisas que precisam ser descobertas, desafios a serem superados. De preencher palavras cruzadas ou jogar cartas a jogos de tabuleiro ou alguns jogos eletrônicos, os preferidos pelas pessoas espertas são aqueles que requerem pensar e concentrar. "Quando você joga, você pensa, mesmo que você esteja cansado!", diz Maggie.

7 - Já disseram que você é inteligente

Muitas pessoas inteligentes não gostam de pensar em si mesmas como inteligentes por uma certa rejeição social de admitir. Parece falta de humildade, mas você estará apenas deixando algo que é fato. Qual a melhor maneira de saber que você é inteligente? Pessoas já disseram isso para você. Inteligência chama a atenção, especialmente no trabalho ou salas de aula. Então largue a falsa modéstia e aproveite a vida sabendo que é mais inteligente do que você pensa!


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Desafios da carreira Médica

Uma das atividades mais importantes do mundo revela que existem oportunidades e inúmeros desafios: é preciso estudar muito, enfrentar extensas cargas horárias e se dedicar ao paciente quando o Estado não oferece nem mesmo medicamento. Reportagem mostra os bastidores desta profissão.


No passado, quem era médico e tinha o título de “doutor” carregava prestígio e, de quebra, bons salários. No presente, a profissão, uma das mais tradicionais do mundo, continua sendo valorizada e é, dentre todas no Brasil, a que possui condições mais interessantes para um futuro profissional quando são considerados salário, jornada de trabalho, facilidade de conseguir emprego e cobertura da previdência, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 

Mas, apesar da boa empregabilidade na área e de o curso de Medicina ainda ser um dos mais concorridos nos vestibulares, “nem tudo são flores” para os médicos brasileiros.

Em dias não tão conturbados, são cerca de 30 pacientes para um médico que assumiu uma posição em um posto de saúde. Isso significa 15 minutos de atendimento para cada paciente em um expediente de 8 horas ininterruptas de trabalho. Exagero? Não, é apenas um dos desafios que os médicos enfrentam no dia a dia.

Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), Aldair Novato Silva, o principal desafio do médico é fazer a residência e ingressar no mercado de trabalho. “O número de vagas para residência é pequeno e não atende a demanda. Então muito dos profissionais que estão se formando não encontram vagas para fazer residência. Eles vão para as periferias, para as cidades menores e ficam fazendo atendimento em programas de família até que consigam passar em uma residência e poder ingressar no mercado de trabalho. O mercado de trabalho é muito exigente. Então, com certeza, o maior desafio hoje é fazer a residência e ingressar no mercado”, afirma o presidente.

Ainda assim, a Medicina é uma carreira que tem se mantido firme no mercado, com um ingresso regular de alunos nos quase 200 cursos de graduação em universidades brasileiras.

Nos dois últimos anos, o Cremego emitiu cerca de 800 registros de CRM, boa parte desse número se deve aos profissionais de fora, estudantes que fazem faculdade em outros Estados.

Dentre os motivos, que fazem com que os jovens queiram exercer a profissão, estão o ideal de ajudar as pessoas, salvar vidas e transformar o mundo por meio de descobertas inéditas.


O retorno às origens

Parece contraditório que os desafios sejam tantos e que mesmo assim as pessoas continuem sonhando em ser médicos. Contudo, a Medicina deixou de ser uma área técnica para ser também relacional, já que boa parte das enfermidades da população está atrelada ao comportamento e às emoções. Sendo assim, campos da Medicina, que até pouco tempo eram secundários, voltam a despertar o interesse de novos profissionais.

É o caso da saúde da família, em que, além de tratar o estado físico dos pacientes, é preciso compreender e envolver os aspectos social e econômico. É outro desafio, amplo e complexo, mas que atrai jovens médicos entusiasmados em participar da vida de comunidades que estavam abandonadas pela saúde pública.

Aldair Novato Silva, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego): “Número de vagas para residência é pequeno e não atende a demanda”
Aldair Novato Silva, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego): “Número de vagas para residência é pequeno e não atende a demanda”

PRINCIPAIS DESAFIOS DA PROFISSÃO

Primeiro plantão

Ao se formar, o médico sai com muito conteúdo teórico, mas com pouca experiência prática e este é o primeiro desafio: conseguir plantão em pronto-socorro e Cais sem ter tido a parte prática sozinho.

Inserção na residência

A residência virou um concurso como outros, é uma quantidade muito grande de pessoas querendo e com poucas vagas.

Carga horária

A carga horária excessiva, às vezes, se transforma em grande estresse para o residente, pois ele começa a entender que agora o paciente só depende dele e não mais do professor. Ele que terá que manejar o caso da maneira adequada.

Especialização

A especialização é um desafio ainda mais difícil. Nem todos conseguem e ficam vários anos tentando, o tempo de especialização e de estudo pós-formado é grande.

Inclusão no mercado de trabalho

Inserir no mercado de trabalho e ter um bom relacionamento com os colegas são primordiais porque, na Medicina, sempre se precisa uns dos outros, de outras especialidades ou de outros serviços que possam ajudar no manejo do paciente.

Baixo valor da bolsa paga aos residentes

Passar pelo período de especialização ganhando a bolsa que o governo oferece também é um grande desafio, uma carga horária muito alta para um salário muito pequeno perto do que ganhariam por um trabalho normal que não fosse a residência.

Incompreensão de pacientes

Muitas vezes, os médicos se deparam com casos clínicos que o diagnóstico não é simples. Isso vai demandar muitos exames, leituras por parte do médico e, às vezes, o paciente não entende que o diagnóstico não é feito sempre na hora. A Medicina não é uma ciência exata, em alguns casos é preciso um exame minucioso pra conseguir o resultado adequado para o paciente e muitas vezes isso não é entendido pelos familiares.

Pouca idade

Há relatos de casos em que pacientes diante do médico mais jovem o encaram com preconceito. Hoje em dia está cada vez mais comum e normal pedirem para o chefe do serviço reavaliar o paciente e não só o residente.

Médico residente relata rotina agitada



Frente a tantos desafios, o médico tem ainda que cumprir rigoroso protocolo de acompanhamento, onde deve relatar todo o histórico do paciente, prestar contas, gerir consultório e, por vezes, uma clínica inteira – e ainda dar conta da vida pessoal. Tanto trabalho pode hoje ser facilitado pela utilização de softwares para gestão de consultórios e clínicas, preparados para atender as demandas mais emergentes de qualquer profissional da área, agilizando a sua performance e possibilitando um acompanhamento mais próximo de cada caso atendido.

Com simples exemplos, podemos ter uma noção da abrangência que a carreira traz, da responsabilidade de um médico recém-formado e da necessidade de adaptação de profissionais mais experientes. Cada vez mais a Medicina vem se aproximando das ciências humanas para compreender e atuar de forma diferenciada junto aos pacientes, visando a uma nova visão da profissão, muito mais responsável e participativa.

Flavio Braga, residente em clinica médica e aspirante a cardiologista, relata sua rotina: “Trabalho uma média de dez horas por dia nos hospitais pela residência. Durante a manhã, faço enfermaria e intercalo algumas tardes nas UTIs. Nos finais de semana, faço plantões pra ganhar um dinheiro extra, trabalhando em média 24 a 36 horas por fim de semana”.

Com essa rotina agitada, sobra tempo para a família? Ele diz que sim: “Sempre arranjo um tempinho para a família pelo menos duas noites da minha semana tiro para estar com eles”.

Flavio Braga afirma que a vontade de ser médico vem de família: “Tenho dois grandes exemplos, que são meus tios Eisenhouwer e Eder, pessoas que tenho profunda admiração não só pela profissão mas pelas pessoas que são. Morei com eles até os 12 anos e tenho neles o meu espelho, meu norte. Conforme fui crescendo, achei que isso seria um benefício não só pra mim como para as pessoas que eu poderia atender”.

Para ele, o maior desafio da profissão é se inserir no meio profissional em meio a sua especialização: “Hoje em dia, a gente forma e tem um longo caminho pela frente, de residência, especialização e sub-especializações e nesse meio tempo você tem que se inteirar, conseguir ter sua profissão, trabalho, remuneração e mesmo assim fazendo a residência e especialização, esse é o principal desafio”.

PIOR

O médico residente diz que o pior lado da medicina se baseia mais em gestão que na própria medicina. Conforme Flávio, a medicina na prática é muito boa: “Nós conseguimos fazer uma atuação muito boa no paciente, a gente tem um grande campo de terapêutica pra ajudar o paciente, mas, infelizmente, a gente esbarra em alguns problemas de gestão e problemas de estruturação de planos de saúde e hospitais públicos”.

Ele diz que, em geral, isso acaba dificultando a fazer a medicina do jeito que gostaria. “Às vezes, passamos por burocracias sem sentido e dificuldades que acabam postergando o tratamento, acaba sendo prejudicial para o paciente pra fazer uso dessa terapêutica”.

A profissão, explica o médico, oferece momentos gratificantes e que marcam a personalidade. Ele recorda os primeiros plantões em terapia intensiva, onde teve contatos com pacientes graves: “Isso é uma coisa que marca muito a gente, ver pacientes tão graves assim, tão debilitados e num estado tão difícil, você ajudar aquele paciente é uma responsabilidade muito grande e é um choque emocional muito grande se inserir nesse local”.

Ele diz que ser médico no Brasil é um desafio: “Você não tem que só estudar e fazer sua profissão como nos outros países. Tem que lutar pelo seu paciente: muitas vezes já sai pra comprar remédios para os meus pacientes porque o plano não custeava e ele não tinha condição. A gente se vira, faz o que pode com o que tem. A gente tem que brigar e correr atrás de órgãos públicos pra conseguir medicação. Em outros países, não vemos isso e não falo só na saúde pública, mas também na saúde privada, a gente tem que comprar a briga pelo paciente”.

Flávio Braga explica que a medicina, se tem dificuldades, pode também oferecer a realização pessoal e fácil inserção no mercado de trabalho, além de boa remuneração. Todavia, ressalta os negativos: carga horária excessiva e situações estressantes tanto de pacientes desrespeitosos quanto do local de trabalh


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A criança é fruto de um histórico social e familiar

A enorme importância da interação entre família / escola. A família é uma instituição de suma importância para o desenvolvimento e formação do sujeito, conforme descrito na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei 9.394/96) afirma:

“A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (LDB/1996. art. 2º).

A ideia de princípios, valores, respeito, formação de caráter, de ética, de educar e preparar para os desafios da vida deve vir de casa é da família. Essa é a célula-mãe da sociedade, é a partir desta importante instituição que acontece o amparo das pessoas queridas e o desenvolvimento saudável desse novo ser que veio ao mundo. E é advinda deste cuidado e amparo que a criança ganha confiança sentindo-se assim valorizada, assistida e segura.

Os pais têm um papel muito importante nos primeiros anos de vida dos filhos. O aprendizado e o desenvolvimento começam bem antes da educação formal. A educação formal é um complemento que deve fazer parte da formação do indivíduo O papel da família também inclui ter uma atenção especial com a educação das crianças, e se interessar pelo desempenho do filho na escola bem como com a forma com que se relaciona com as pessoas de seu convívio é uma tarefa importante e tem que ser desempenhada pelos pais.

A família deve acompanhar de perto o que acontece na sala de aula, é imprescindível essa integração e interesse da família junto à escola do seu filho. O sucesso ou insucesso no processo de ensino aprendizagem depende efetivamente da integração da família, ela desempenha um papel decisivo na condução e evolução do sujeito.

É preciso que os pais se impliquem nos processos educativos dos filhos no sentido de motivá-los afetivamente ao aprendizado. O aprendizado formal ou a educação escolar, para ser bem-sucedida não depende apenas de uma boa escola ou de bons educadores, mas, principalmente, de como a criança é tratada em casa e dos estímulos que recebe para aprender.

É fundamental entender também que o aprender é um processo contínuo e não cessa quando a criança está em casa. Quando a família passa a perceber sua devida importância nesse processo ela possibilita a promoção da verdadeira educação significativa do sujeito enquanto cidadão livre, autônomo e pensante.

Não há como analisar o desempenho do aluno sem levar em consideração que o mesmo é parte de um todo, ou seja, o seu perfil vai além dos portões da escola.

A princípio pode até parecer meio confuso, mas é preciso compreender que a criança é fruto de um histórico social e familiar. As boas ou más ações são oriundas do reflexo proporcionado principalmente pela família. Neste caso, algumas medidas básicas contribuirão para o bom desempenho do discente em sua trajetória escolar. Entre elas destacam-se:

– O diálogo permanente por parte dos pais, demonstrando o interesse pela aquisição do conhecimento durante a permanência do filho no ambiente escolar, e o que é mais importante, ensinando-o a valorizá-la.

– Sugerir que o filho repasse os conhecimentos adquiridos para o pai ou a mãe, isso facilita uma melhor fixação dos conteúdos apreendidos.

– Acompanhar as tarefas diárias, incutindo a necessidade do cumprimento com as obrigações em tempo hábil, bem como a presença assídua na escola, caso contrário, as faltas comprometerão o rendimento.

– Estimular o conhecimento que ultrapassa os limites dos conteúdos trazidos pelo livro didático. Tal medida leva a criança à construção de seu próprio conhecimento, tornando-se um sujeito ativo frente às imposições geradas pela própria sociedade.

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” (FREIRE, 1987, p. 68).




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Os que acreditam nas suas próprias mentiras

A importância de identificar e como se afastar de pessoas "viciadas em mentira" ou doentes...

Como dizia Renato Russo, "mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira". Para mim é um dos piores defeitos de uma pessoa, tão forte quanto a inveja, a mentira pode destruir tudo e todos a sua volta.

Os grandes mestres na mentira são os Psicopatas, resultado de uma mente doentia. Para quem não sabe, o Psicopata não é apenas aquele que está associado com a violência. É nesse sentido e sobre isso que eu escrevo este texto para servir de alerta. Não sou médico e não sou especialista neste assunto, mas já vivi o suficiente para entender, conviver com pessoas assim e perceber muito mais coisas do que os mais jovens. Mentir é sim uma doença, um transtorno psicológico que deve ser tratado.

A pessoa que acredita nas suas próprias mentiras e que tem vício compulsivo em mentir, convence-se das mentiras como puras verdades. O mentiroso geralmente é cara bem articulado, um bom ator, manipulador e ótimo marqueteiro pessoal, seguro de si, cheio de opinião e histórias mirabolantes. Dominar outras pessoas é o dom do mentiroso, usa o seu suposto encanto, habilidade e a força da oratória para atingir os seus objetivos, acredita que suas ideias valem mais do que tudo e muitas vezes se acha a pessoa mais importante do mundo, porém, apenas da "porta para fora". (tem crises internas de autoestima)

Pior do que isso, tem orgulho intrínseco da sua capacidade de enganar, o mentiroso por vezes nem se dá conta que está mentindo, até em coisas banais sem importância. Quando é pego na mentira, o ataque se transforma na melhor defesa, traz outros pontos para tirar o foco e sempre tem uma boa desculpa, nunca assume a culpa ou erro. E por isso, não aceita em nenhuma hipótese que foi descoberto contando uma mentira, distorce o máximo possível para que a mentira tenha sempre um fundo de verdade ou um grande propósito. 

O maior trabalho que esta pessoa doente tem é de lembrar das mentiras que contou em tempos atrás para não cair em contradição, porque dissimular é a sua melhor arte e estratégia para sua proteção. Melhor fazem os Escorpiões no velho “mito” que cometem suicídio quando se sentem em perigo ou encurralados. Ao contrário, não sentem nenhum tipo de remorso ou nenhum mal pela dor que causou ao outro ou pelo o que fez (uma pontada passageira, talvez!).  Geralmente é tão frio que nem rancor consegue guardar.
Não conseguem se colocar no lugar do próximo, as pessoas são somente um elo para que eles consigam chegar em seus objetivos. Os Estudos apontam que uma pessoa assim, no fundo tem consciência que seus atos são nocivos a sociedade e sua comunidade, mas não teme punição por ter a certeza que tudo o que faz tem um propósito e um benefício (que é o dele mesmo).


Tecnicamente o nome desta doença é Pseudolalia e a Psicopatia  e tem vários graus de intensidade. Um perigo que apesar de ter tratamento, não sei se tem cura definitiva. Meu objetivo com este texto é apenas alertar as pessoas que convivem com gente com estas características. Preste atenção em sua volta, tome cuidado com a convivência com este tipo de gente, se possível se afaste, pois dependendo da gravidade, a partir de um determinado ponto, para se tornar uma pessoa violenta, é um apenas um lapso ou descuido, tem várias histórias nesse sentido.

OK, mas como fazer para identificar pessoas assim? Para ter certeza que não está se relacionando com esses "viciados em mentira" ou doentes, procurem (no médio prazo) características que são totalmente incompatíveis com o perfil delas (mesmo que eles simulem ou mintam, em algum momento não vão conseguir manter), como humildade, resiliência, gratidão, empatia, atitude positiva, resultados duradouros, credibilidade, lucidez, autocontrole, família no aspecto amplo, concentração, honestidade, equilíbrio, partilha, compaixão, confiança, doação, ensinamentos, aprendizagem, benevolência, caridade, profundidade e espírito colaborativo.

Se ao ler este artigo, em algum momento identificou com o seu EU, ou vestiu a carapuça, (o que é muito difícil) que bom, sua causa tem salvação, na boa, procure urgente um psicólogo, terapeuta ou mesmo um psiquiatra e faça um tratamento para tentar equilibrar seu modo de viver.

Em um mundo de verdades e muitas mentiras, apenas os despreparados tem medo da verdade. Um dia os mais fortes serão os que falam a verdade e não, os que sabem mentir. Estamos no caminho!


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Origem e história da roda

A história da roda pode ser muito curta ou abranger milhares de anos – depende da região ou parte do globo em que é considerada. Sabe-se, por exemplo, que enquanto a civilização sumeriana, que floresceu às margens do rio Eufrates há cerca de 6.000 anos atrás, sabia usá-la (como está gravando em um baixo-relevo de UR) e enquanto os egípcios pareciam familiarizados com ela desde 1.700 Antes de Cristo, a roda era completamente desconhecida na Oceania antes da chegada dos primeiros europeus. Mesmo as civilizações pré-colombianas não acharam uso prático para ela, embora em princípio já a conhecessem.
Acredita-se que a roda foi desenvolvida originada do rolo (um tronco de árvore) que, provavelmente, representou o primeiro meio usado pelo homem para impedir o atrito de arrasto entre dois planos, substituindo-o pelo atrito de rolamento. Mais tarde este rolo se transformou em disco, e foi, talvez, a necessidade de introduzir a mão para lubrificar o eixo que fez com que o homem abrisse largos buracos. 
Em outra ocasião, alguém pensou em proteger o cubo da roda contra choques utilizando uma cobertura, e surgiu a precursora das calotas modernas, que tem objetivo mais ou menos funcional. A evolução das rodas dos automóveis se originou diretamente das rodas das antigas carruagens puxadas a cavalos, às quais eram, a princípio, idênticas.
Praticamente, desde o começo as rodas dos carros tinham o aro coberto de borracha sólida, e por isso eram muito duráveis, mas também muito rígidas. Na segunda metade do século XIX, John Boyd Dunlop, um cirurgião veterinário escocês, tornou a bicicleta de seu filho muito mais confortável inventando o pneumático: um tubo de borracha contendo ar sob pressão, cobria o aro. 
Em 1888, a invenção foi patenteada na Inglaterra, mas, Dunlop achou que não valia a pena abandonar sua profissão para se dedicar a ela. Preferiu vender todos os seus diretos de inventor por uma pequena quantia. A idéia continuou tendo aceitação para os automóveis – que mantiveram o uso de pneus maciços – até que alguém pensou em substituir o modelo de Dunlop por um outro com duas partes : im tubo interior e uma abertura.
Deve-se a Charles Goodyear a descoberta do processo de vulcanização, pelo qual a borracha adquire durabilidade e elasticidade. Até 1920, os pneus eram feitos fixando a borracha sob pressão a uma base de  algodão. O conjunto era então moldado e o exterior vulcanizado. Os pneus assim produzidos  tinham uma câmara interior de alta pressão e rodavam em média cerca de 7.240 km. Pouco depois de 1920 foram introduzidos os pneus de baixa pressão, e alguns deles duravam cinco vezes mais que os anteriores.
A partir de 1955 tornaram-se comuns pneus sem câmara de ar, particularmente nos Estados Unidos. De certa forma este pneu representava uma volta ao passado. Evidentemente, são muito mais resistentes. Tanto quanto a furos quanto ao próprio desgaste, devendo ser perfeitamente ajustados ao aro, para não deixarem escapar o ar.
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quinta-feira, 30 de julho de 2015

Redução da jornada de trabalho

Momento de crise é momento de buscar os coelhos que estão escondidos dentro de cartolas, de criatividade para maior equílibrio. Por outro lado, em períodos como o atual, os mais prejudicados são aqueles que menos têm a ver com a situação e que caminham na corda bamba, pelo medo do desemprego, que mostram índices elevados. Diante dessa situação, uma MP que tramita no Congresso objetiva a redução da jornada de trabalho e redução salarial, visando reduzir o número de demissões.
A ideia até poderia se mostrar razoável, mas, se tomarmos por base que uma grande maioria de trabalhadores já recebe salários aquém das necessidades básicas para manutenção do lar, como ficarão com um percentual mensal ainda mais reduzido? A menos que esse projeto não atinja quem recebe o mínimo.
O Programa de Proteção ao Emprego (PPE) da MP (MP 680) ganhou, até o momento, número grande de emendas parlamentares, que serão analisadas no próximo mês de agosto. No entanto, centrais sindicais se articulam para defender o programa, evitando alterações no seu conteúdo, pelo medo de que mudanças possam prejudicar, posto que a MP permite “redução temporária” da jornada de trabalho e de salários em até 30%.
A disposição do governo é encontrar uma solução para o problema criado com os gastos exagerados em 2014, mas, com a redução da jornada e dos salários pretendida, se tiver validade para quem recebe o salário mínimo, o governo estará, na simplificação pretendida, criando outro problema. O trabalhador terá redução na jornada diária de 2h40min., passando a trabalhar 5h20min, enquanto o salário mínimo, com a redução, ficará em torno de R$ 516 (R$ 7,28 – 30%), sem contar o desconto previdenciário. Ora, se um trabalhador já não consegue sobreviver com um salário mínimo, como suportará a redução proposta?
Em outras épocas, esse tempo livre poderia beneficiar, pois o trabalhador teria condições de buscar, em outra atividade, a compensação financeira, mas, em meio à onda de desemprego, o que fará com as duas horas liberadas?

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Inflação muda o hábito das pessoas

A alta significativa dos preços de produtos e serviços, nos últimos seis meses, foi percebida por 81% de pessoas entrevistadas pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp). O fenômeno fez ainda que esse público mudasse os hábitos de consumo.
 O estudo foi realizado nacionalmente entre os dias 12 e 26 de maio de 2015, com 1,2 mil pessoas. Dentre os itens que mais sofreram variações de preço no último ano, alimentação e bebidas foram citadas por 87% dos entrevistados, seguidas por energia elétrica, gás e água (59%) e por habitação (33%).
Com o impacto dos aumentos, a maioria dos consumidores decidiu trocar produtos com os quais estavam acostumados por marcas mais baratas (51%) e produtos mais baratos (42%). Refeições fora de casa foram reduzidas (27%), assim como o uso de serviços pessoais (12%). Cinco por cento dos entrevistados trocaram o meio de transporte que utilizavam.
De acordo com a pesquisa, a elevação das tarifas de energia elétrica também foi sentida pelas famílias, que reduziram o consumo, assim como a utilização de eletrodomésticos, por exemplo, para driblar as contas.
O estudo, de acordo com a Agência Indusnet Fiesp, apontou também que a combinação do aumento dos preços, alta de juros e a percepção de que os salários não acompanharam a inflação influenciou negativamente na intenção das famílias em contrair novas dívidas, o que afeta diretamente o poder de compra.
Como nesse ano o aumento da energia elétrica foi alto (de janeiro a maio o consumidor passou a pagar, em média, 41,9% a mais, segundo dados do IBGE), questionou-se qual foi a reação gerada por esse aumento. Para a maioria dos entrevistados (61%), a reação foi reduzir o consumo; já 19% dos entrevistados declararam que mantiveram o mesmo consumo.
Por outro lado, mesmo na situação do aumento de preços da energia elétrica, 14% dos entrevistados afirmaram que aumentaram o consumo e 3% dos entrevistados declararam que não sentiram o aumento.
Observando o impacto no consumo de outros produtos, o aumento do preço da energia elétrica fez com que 37% dos entrevistados desistissem de comprar mais um eletrodoméstico nos últimos 12 meses. Já 10% dos entrevistados compraram eletrodoméstico mais econômico e 2% trocaram o aquecimento da água de energia elétrica para outras energias.
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O clientelismo terá fim?

Costuma-se definir o clientelismo como um dos galhos da árvore patrimonialista plantada em nosso território pelos colonizadores. Faz parte da copa composta pelo coronelismo, nepotismo e fisiologismo. O fenômeno estaria colado ao ethos nacional, sendo um instrumento de serventia no balcão das trocas políticas e motor de impulso à manutenção e à expansão de poder.
Sob essa leitura, emerge a questão: como se apresenta hoje o clientelismo no Brasil? De um lado, seu arrefecimento aceleraria o processo de mudança de padrões e, de outro, protelaria o ciclo da transparência, da ética e da racionalidade.
Chama a atenção o fato de que o clientelismo, historicamente associado às trocas e recompensas entre demandantes das margens sociais e patrocinadores, tem se fixado entre as classes mais elevadas.
Ou seja, os arranjos clientelistas, apesar de ainda se concentrarem com mais intensidade junto aos contingentes menos favorecidos, como modelagem de cooptação político/eleitoral, passaram a abarcar segmentos da classe média.
A abertura de núcleos mais categorizados aos recursos patrimoniais do Estado integra projetos expansionistas de poder, de interesse de partidos e mandatários. A política de acesso ao crédito e ao consumo estabelecida no governo Lula, por ocasião da crise global de 2008, possuía um viés populista/clientelista.
A ascensão de milhões de brasileiros para a classe C, sob a embalagem de amplo programa de distribuição de renda, teve seus méritos. Mas é inegável que a estratégia eleitoreira embutida no movimento propiciou, em 2010, a eleição da presidente Dilma. Hoje, aquela engenharia econômica cede lugar a um quadro recessivo.
O Bolsa Família, idealizado para estender os braços do Estado aos necessitados, contribuiu para retocar a imagem das administrações petistas, principalmente no período Lula. E agora se esvai no refluxo que corrói o poder de compra dos mais pobres. Esta é a pior maldade do clientelismo: num primeiro momento, oferecem-se pacotes de bondades para atrair a simpatia e o voto. Depois, eles aparecem vazios.
O exercício do poder pautado no clientelismo não resiste ao tempo. Não se deu às 12 milhões de famílias que usufruem o Bolsa Família a bússola para um novo caminho. Na perspectiva do desenvolvimento, o programa deveria diminuir a cada ano o número de contemplados. Sob a ótica do clientelismo, o número se expandiu.
Em vez de alimentar o clientelismo, os governos poderiam pautar suas ações numa agenda de prioridades e sustentada por valores da simplicidade, zelo, rigor e controle.
Na nossa cultura a “res publica” é vista como coisa nossa, o dinheiro dos cofres do Tesouro tem fundo infinito e o Estado é visto como um ente criado para garantir o bem-estar. O jeito perdulário de ser do brasileiro começa com a visão do Estado-providencial, no qual se abrigam a ambição das elites políticas e o utilitarismo de oportunistas.
Quais seriam os caminhos mais curtos para diminuir o Produto Nacional Bruto do Clientelismo? Ordem e disciplina nos gastos. Rigor no preceito constitucional da economicidade e moralidade. Coor­denação eficaz dos planos de obras. Qualificação e treinamento dos quadros funcionais. Elevação geral da educação do povo. Decência e honestidade na gestão pública.

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Encíclica Laudato si: a vida e o planeta Terra

A participação de Goiânia no workshop realizado pelo Vaticano para debater a relação entre o ser humano e o planeta Terra colocou a nossa capital em uma posição privilegiada. Foram escolhidas apenas 50 cidades em todo mundo para participar do evento. Todas com características sociais e econômicas diversas, mas que enfrentam na raiz o mesmo problema: a busca do desenvolvimento com dignidade humana e respeito ao meio ambiente. Uma tríade vital para a evolução da humanidade no aspecto mais amplo da expressão.
A decisão do papa Francisco de iniciar o debate de um tema desta envergadura foi extremamente acertada. A escolha da Santa Sé como anfitriã do seminário afastou a influência político-ideológica do centro das discussões e colocou a própria sobrevivência humana em foco. O reflexo pode ser notado em cada palestra: de Uganda a Nova York, passando por Estocolmo,
São Francisco e Goiânia, as semelhanças das dificuldades enfrentadas pela população e pelo poder público são muito maiores do que as diferenças culturais.
O papa Francisco traçou com clareza os três principais problemas contemporâneos do planeta. O primeiro é a escravidão moderna, que, mesmo sem a violência sanguinária de outros tempos, ainda agride de forma avassaladora a dignidade humana. O pontífice destacou os movimentos imigratórios de pessoas em situação de extrema pobreza e também de refugiados de guerras. Um contingente enorme de homens, mulheres e crianças que procuram abrigo em países desenvolvidos, muitas vezes se sujeitando a trabalhos degradantes e mal renumerados para conseguir colocar o pão na mesa da família. Uma situação social crítica, vista com mais clareza na Europa, onde desembarcam rotineiramente milhares de pessoas em containeres de carga.
Um problema que, não podemos nos enganar, também aflige Goiânia, ainda que em menor grau. Não é raro encontramos nas ruas da nossa capital refugiados do Haiti e de países da África e da Ásia buscando uma oportunidade de viver com decência. A maioria desembarca em nossa cidade sem recursos ou indicações. Contando apenas com a característica acolhedora da nossa população para iniciar uma nova vida. Grande parte obtém êxito e, assim como nós, considera Goiânia um lar – sem, é claro, esquecer ao olhar o horizonte da sua verdadeira casa e entes queridos para além das fronteiras. Entretanto, é preciso dar respaldo para aqueles que, para nossa vergonha, são tratados como mão de obra barata, sem os mínimos direitos assegurados ou até mesmo como mera mercadoria.
O papa, no entanto, vai além, e questiona se nós, que recebemos esses irmãos, nos preparamos humanamente para abrigá-los. Não faz muito tempo, as manchetes eram tomadas por notícias de trabalhadores bolivianos vivendo em regime de escravidão em São Paulo. Haitianos presos na burocracia, impedidos de ganhar o alimento com o próprio suor em diversos estados da Federação. Além disso, quantos goianienses que em tempos de crise não procuraram oportunidades em outros países e que também foram tratados como cidadãos de segunda classe? Também, aqui no Brasil, assistimos inertes centenas de milhares de migrantes, que assim como eu, deixaram o Nordeste para construir o progresso em outros Estados, como Goiás e São Paulo, e até hoje não são respeitados pela contribuição determinante que deram para o crescimento econômico dessas regiões. É, sem dúvidas, uma questão global que deve ser encarada como vital pelo poder público e sociedade. Precisamos de uma resposta que deve ser buscada em conjunto para, enfim, mitigar o sofrimento de quem precisa de apenas de uma mão estendida.
O segundo desafio é relacionado ao tráfico humano e de órgãos. Um problema que infelizmente também existe no nosso meio. Não foram poucos os casos de goianas enviadas para a prostituição no exterior. Muitas ainda adolescentes, que se viam presas em uma teia de crimes e violência em países que não conheciam e que muito menos sabiam falar a língua. Voltando ainda mais em um passado que não nos traz a menor nostalgia, todos nós chegamos a conhecer relatos de crianças raptadas para serem adotadas por famílias estrangeiras. Mães enganadas, ou que enxergavam na prática a única forma de garantir um futuro para os filhos.
O problema foi em grande parte superado graças a um importante trabalho econômico e social do governador Marconi Perillo. A educação evoluiu, empregos surgiram e agora as famílias têm a certeza de que seus filhos irão crescer e formar suas próprias famílias com dignidade. O reconhecimento de Goiás internacionalmente abriu portas para parcerias e quadrilhas internacionais foram desbaratadas com a ajuda das nossas polícias Civil e Militar. Avançamos muito, mas o progresso precisa ser contínuo e, infelizmente, ao lado do prefeito Paulo Garcia ouvi relatos de jovens que ainda vivem em situação de escravidão sexual no velho continente.
A terceira e última tarefa que cada um de nós precisa se dedicar é relacionada à preservação do planeta Terra para as próximas gerações. Esse objetivo só pode ser alcançado a partir do momento em que o ser humano for colocado em primeiro lugar nas decisões estratégicas, garantindo que a parcela mais frágil da sociedade seja protegida. Não se trata apenas de benefícios sociais, mas um plano de longo prazo visando que os meios essenciais para a manutenção da vida sejam preservados. Goiânia está no caminho certo, embora muito ainda precise ser feito. O prefeito Paulo Garcia priorizou a conclusão do projeto Macambira-Anicuns, que contará com um corredor de 23,5 km de área verde, elevando ainda mais a taxa de arborização pública da capital por m², que já é uma das maiores do planeta.
O governador Marconi Perillo, também preocupado com os desafios do futuro, construiu o reservatório do ribeirão João Leite, garantindo água potável para a população de Goiânia pelas próximas décadas. Sim, muito ainda precisa ser feito. O workshop realizado pelo Vaticano mostrou que prefeitos de todos os continentes estão dispostos a contribuir. Em Goiânia não será diferente e a Câmara Municipal está preparada para enfrentar os problemas de frente, debatendo com a sociedade os melhores caminhos para superá-los. Confiantes sempre, como o papa Francisco disse na encíclica Laudato si’, que “Deus, que nos chama a uma generosa entrega e a oferecer-Lhe tudo, também nos dá as forças e a luz de que necessitamos para prosseguir. No coração deste mundo, permanece presente o Senhor da vida que tanto nos ama. Não nos abandona, não nos deixa sozinhos, porque Se uniu definitivamente à nossa terra e o seu amor sempre nos leva a encontrar novos caminhos. Que Ele seja louvado!
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A consolidação da agricultura familiar

Ao longo dos anos, a agricultura familiar se transformou em uma importante atividade no campo. Sua relevância social e econômica fez com que o dia 25 de julho seja considerado o Dia Internacional da Agricultura Familiar. Aqui no Brasil, o governo federal anunciou no final de junho a liberação de R$ 28,9 bilhões para o Plano Safra da Agricultura Familiar 2015-2016. E, apesar do ajuste fiscal imposto pelo governo neste ano, que cortará despesas, o orçamento para a agricultura familiar não foi atingido, aliás apresentou um acréscimo de 20% em relação a 2014.

O novo plano anunciado pelo governo vai contemplar a liberação de Crédito pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), a compra de itens pelo Poder Público por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e ainda vai oferecer assistência técnica aos agricultores e taxas de juros mais baixas que as praticadas no mercado.

Além dessa série de medidas, chama a atenção também saber que a atividade representa 84% de todas as propriedades rurais brasileiras e emprega cerca de cinco milhões de famílias, de acordo com o relatório Estado da Alimentação e da Agricultura, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU). A análise destaca que a ação é responsável por grande parte dos alimentos que chegam à mesa da população, entre eles o leite (58%), a mandioca (83%) e o feijão (70%).

Todos esses dados e incentivos mostram que temos um mercado em constante expansão e que merece a atenção de todos os setores da economia, principalmente, das indústrias de maquinários agrícolas. Isso porque cada vez mais será preciso investir em tecnologias capazes de otimizar as atividades desse segmento, tornando o trabalho cada vez mais lucrativo e seguro.

Por isso, hoje, muito mais do que grandes maquinários, o agricultor familiar busca por tecnologias com custos acessíveis, de fácil manuseio, que exigem menos esforço físico na operação, e que garantam o aumento da produtividade. Um exemplo disso é o uso do motocultivador no lugar da enxada para arar o solo. Ele é indicado para atividades de preparo do solo, principalmente em hortas. Sua utilização também é bastante difundida em granjas para remover a cama de frango, melhorando o ambiente de criação. Com o seu uso, o produtor consegue diminuir o tempo de trabalho de forma significativa.

Pensando ainda nas inovações, outro exemplo é o uso da derriçadora na colheita do café. O equipamento também é conhecido por "mãozinha", pois gera vibrações suficientes para a realização da colheita dos grãos de café, substituindo a colheita manual. Isso faz com que os grãos se desprendam dos ramos, sem danificar os arbustos ou o mecanismo atuador, e sejam projetados ao solo.

Esses são apenas dois exemplos de inovações que podem ser facilmente utilizadas no dia a dia do agricultor familiar para a manutenção de diferentes culturas.

Apesar da atual crise econômica enfrentada pelo país, a necessidade de abastecer a população tem que ser incentivada, ainda mais em um segmento que gera trabalho para milhares de famílias. Por outro lado, a agricultura familiar tem que se tornar cada vez mais competitiva, com o aumento da produtividade e redução dos custos, gerando assim maior valor ao agricultor.
 Nesse sentido, a mecanização com equipamentos de pequeno porte é inevitável e tem que ser estimulada. Portanto, mãos à obra!

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quarta-feira, 29 de julho de 2015

O ouvido é nosso principal inimigo

Não falarei sobre o que não deveríamos ouvir, como pode parecer. Comentarei o ruído e o zumbido, “stricto sensu”. As mazelas do zumbido foram consideradas mais graves que as do câncer pela OMS. Em pleno carnaval, falar de ruído pode parecer grotesca provocação,  porém a natureza é implacável.
Curiosamente, há poucos dias o Plenário do Supremo Tribunal Federal debruçou-se sobre o tema. Com preciosíssimas intervenções dos Ministros Luis Fux, José Roberto Barroso e Marco Aurélio. Demonstraram que não dominam apenas o direito, como convém a Ministros da Suprema Corte. “Notável saber jurídico”, mas algo mais é sempre desejável, dada a magnitude humana e nacional das causas que lá aportam. E os ministros apontados deram braçadas.
O INSS pretendia, no recurso extraordinário 664335-SC, a que o Plenário deu repercussão geral (a decisão será aplicada a pelo menos 1.639 processos judiciais), afastar o pleito de segurados,  vitimados por ruídos,  à aposentadoria especial. Nao haveria fonte de recursos. Há, disse a Corte. E ruído (causa interna) e consequente zumbido (causa interna) são os fatores mais agressivos aos valores constitucionais da vida, da saúde e à dignidade da pessoa humana. Em consequência, a Corte firmou duas teses: (a) o fornecimento de EPI (Equipamento de Proteção Individual) pelo empregador somente retira o suposto da aposentadoria especial se efetivamente erradicarem  a agressão e (b) o trabalhador submetido a ruídos sempre tem direito à aposentadoria especial. A segunda esfumaça a primeira, com razões emergentes da ciência, porque esses equipamentos, por mais sofisticados que sejam, acabam sendo írritos para os fins colimados.
O relator, ministro Luiz Fux, foi à ciência: “Lesões auditivas induzidas pelo ruído fazem surgir o zumbido, sintoma que permanece o resto da vida e que inevitavelmente determinará alterações na esfera neurovegetativa e distúrbios do sono. Daí a fadiga. O ruído origina-se das vibrações transmitidas para o esqueleto craniano e através dessa via óssea atingem o ouvido interno, a óclia e o órgão de Corti (Irineu Antônio Pedrotti).  E Elsa Fernanda Reimbrechet e Gabriele de Souza: “Com relação do estado psicológico (o ruído e o zumbido) altera-o, ocasionando irritabilidade, distúrbio do sono, déficit de atenção e concentração, cansaço crônico e ansiedade, entre outros efeitos danosos”. (…) Como o estado psicológico de um indivíduo acaba alterando o bom funcionamento de seu organismo, principalmente o que se relaciona à  circulação sanguínea e ao coração, a exposição excessiva ao ruido ocasiona diversas modificações em seu estado mental de saúde (o zumbido é certamente a mais agressiva, observação nossa), podendo provocar, principalmente, mudanças na secreção de hormônios, o que influencia a pressão arterial e metabolismo, aumento do risco de doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio”. Os outros ministros citados aprofundaram com memorável proficiência os estudos metajurídicos. Os trabalhadores ganharam. Graças à Corte.
Mas, evidentemente, se o zumbido é eterno, a aposentadoria especial é um direito que não o resolve. Aliás, no silêncio da inércia, ele é ainda mais cruel. Muitas pessoas, que padecem de zumbido e não dependem desse direito, amargam-no sem esperanças. Há algum tempo fez-se uma passeata em São Paulo acerca do zumbido. Contra a natureza, contra Deus? A ciência tem se desdobrado na procura de uma cura ainda não alcançada. Mas, passeatas sempre são válidas, até por alguns trocos de passagens de ônibus.
Sem demérito dos pares, os três ministros citados imprimiram um norte correto e justo a uma crucial questão biossocial. Todos os processos em tramitação, como dito, serão conduzidos por essa decisão vinculante. Basta lembrar que um hoje altamente ilustre representante do Ministério Público, quando jovem promotor, disse-me que opinava desfavoravelmente aos pedidos dos trabalhadores fundados em zumbido. Considerava-os fórmula cigana de obter o ócio antecipado. Como poderia um simples “barulho” despencar sobre os ombros  de nossa instituição previdenciária?
Infelizmente, há cerca de vinte anos o subscrior destas letras foi apanhado por esse malfeitor oriundo de  brenhas misteriosas. As dezenas de soluções procuradas ou foram inúteis ou tíbias. Mascaramentos são máscaras como as docarnaval. Seguem para o lixo na quarta-feira de cinzas. Em meu caso específico, os mais eficientes medicamentos, apenas atenuadores do mal, são tradicionais: rivotril, calmante e anti-ansiolítico e um analgésico para a dor crônica (sim, não se pode negar a condição dolorida e a cronicidade de um zumbido incessante), tramal, opioide leve, várias escalas abaixo da morfina, mas objeto de ojeriza cautelosa dos médicos: afinal, vem da velha plantinha oriental, único consolo para as terríveis dores dentárias que prostavam nossas populações dos séculos passados: que  o digam Baudelaire e o mais genial escritor da língua inglesa, Tomaz de Quincey. E de seus igualmente terríveis efeitos colaterais. E o ópio em pequena quantidade é indiferente para o zumbido, embora também não possa ultrapassar, em geral, a média das prescrições bulares. Esses procedimentos nos aliviam, porém cada qual tem sua maneira de responder aos agentes medicamentosos, de modo que nenhum leitor fica estimulado a trilhar o mesmo caminho.
Por fim, a solércia do zumbido. O que os olhos não veem o coração não sente. A vítima desse algoz oculto pelas sombras, porém, não poderia desejar que os participantes de seu mundo social ficassem atentos ininterruptamente a algo que não presenciam; que falem baixinho, não cantem ou não festejem o carnaval. A esperança está na ciência, única verdadeira entidade revolucionária da vida humana. E, segundo já observado, não descansa na procura de solver ou, pelo menos, minimizar o que for possível do sofrimento dessa pessoas maltratadas pela natureza ou pelo exercício de ofícios agressivos

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Gluten faz mesmo mal à saúde ou é exagero?

Apenas em 2013, cerca de 200 milhões de pratos sem glúten foram pedidos em restaurantes americanos, segundo a NDP.
Milhões de pessoas, em todo o mundo, estão abrindo mão do glúten. O jornalista da BBC William Kremer é um deles. Ele tem suas razões para ter deixado de comprar pão e bolos tradicionais. Mas ele não tem certeza do porquê de tantas pessoas estarem cortando esse alimento de suas dietas, como ele pondera abaixo:
É assim que você se livra do glúten na sua vida. Primeiro, tire todos os pães, farinhas e cereais matinais de trigo do seu café da manhã. Em seguida, jogue fora todos os potes de manteiga ou geleia que estavam abertos, porque pode haver migalhas de pão ou bolacha neles.
Além disso, chame seus amigos para acabar com todas as cervejas que você tenha em casa. Milhões de pessoas estão fazendo isso e muito mais à medida que estão convertendo seus corpos em áreas livres de glúten.
Apenas nos Estados Unidos, cerca de 70 milhões de pessoas – ou 29% da população adulta – garante que está tentando cortar o consumo de glúten, de acordo com um levantamento divulgado pela empresa de pesquisas NDP.
Já no Reino Unido, 60% dos adultos já compraram um produto sem glúten, de acordo com dados do site de pesquisas YouGov, e em 10% dos lares há alguém que acredita que glúten faz mal para a saúde. Foi assim que a minha casa passou a fazer parte desses 2,6 milhões de lares. Em fevereiro, o meu filho Sam, de 21 meses, contraiu o que parecia ser um vírus. Eu e minha mulher nos revezamos para lidar com o vômito e a diarreia, na expectativa de que tudo fosse melhorar em alguns dias.
Mas semanas se passaram e isso não aconteceu. Sam começou a perder peso. No banho, podíamos ver suas costelas em cima da barriga, que estava inchada como um balão.
Ele parou de andar e não conseguia mais ficar de pé – sua personalidade animada começou a desaparecer. Ele gritava com estranhos e se recusava a nos olhar nos olhos. Dia e noite, nossa casa estava imersa em canções de ninar de vídeos do YouTube – a única coisa que parecia animar Sam.
Um dia, na área de emergência de um hospital, um pediatra mencionou pela primeira vez algo que eu nunca tinha ouvido falar: doença celíaca. Um exame de sangue e uma biópsia confirmaram que meu filho tinha essa doença autoimune que é causada pelo glúten, um conjunto de proteínas.
O glúten pode ser encontrado no trigo e proteínas muito semelhantes estão presentes na cevada e no centeio. Segundo os médicos nos disseram, até mesmo uma migalha de pão pode desencadear os sintomas de Sam.
Dificuldades
Vou dizer isso do melhor jeito possível, mas o Sam é um retrocesso evolucionário. Volte no tempo 10 mil anos e todo mundo estava numa dieta sem glúten. E então eles começaram a cultivar a terra: uma revolução agrária que deu à nossa espécie tempo livro para construir civilizações e desenvolver cultura e tecnologia.
Os seres humanos têm muito a agradecer ao glúten. Ele transforma o pão em um produto mais suave ao fazer com que a massa cresça durante a cocção.
Mas ele é a única das proteínas que não pode ser decomposta totalmente pelo corpo humano e transformada em aminoácidos. O máximo que conseguimos fazer é dividi-lo em cadeias de ácidos chamados peptídios.
Eles normalmente passam pelo corpo da maioria das pessoas. No entanto, os sistemas imunológicos de celíacos (pessoas que sofrem do transtorno) são geneticamente predispostos a vê-los como micróbios invasores.
Uma guerra começa e há vários efeitos colaterais: uma redução das vilosidades intestinais, dobras que cobrem o intestino delgado e são responsáveis por absorver os nutrientes e levá-los até o fluxo sanguíneo. À medida que se atrofiam, sua superfície diminui e não faz seu trabalho como deveria.
Dieta em moda
A doença celíaca é bem comum. Ela afeta cerca de 1% das pessoas do mundo desenvolvido, de onde se têm dados. Mesmo com essa abrangência, isso não explica a crescente popularidade da dieta sem glúten.
Segundo a empresa de análise de mercado Mintel, 7% dos adultos britânicos evitam o glúten por conta de alergia ou intolerância (estritamente falando, a doença celíaca não é nem uma coisa nem outra) e mais de 8% o evitam por conta de um “estilo de vida saudável”.
A opinião de que o glúten faz mal não apenas para celíacos, mas para todo mundo é apoiada por uma corrente de blogueiros, nutricionistas que vendem best-sellers e famosos. Um levantamento da Mintel estima em US$ 9 bilhões o mercado americano de produtos sem glúten.
Uma análise nas buscas on-line nos últimos anos sugere que o aumento do interesse nas dietas sem glúten tem pouco a ver com uma crescente consciência sobre o celíaco e está muito mais relacionado à popularidade de dietas como a “paleo”, que busca um retorno à Idade da Pedra no que se refere a hábitos alimentares.
Mas muitos acabaram se interessando pelo conceito de abrir mão do glúten pela simples razão de acreditarem que isso as fará se sentir melhor, pelo que percebi nas conversas com visitantes de uma feira de alimentação em Londres, a Allergy and Free From Exhibition, dedicada a alimentos que causam alergia e dietas alternativas como vegetariana e vegana. Muitos dos 35 mil visitantes buscavam informações ou produtos ligados a dietas particulares específicas. Mas, como me disse o diretor do evento, Tom Treverton, é cada vez mais comum achar pessoas “que querem cortar algo de sua dieta por outra razão – não porque são alérgicas, mas porque se sentem melhor quando o fazem, e acreditam que isso seja saudável”.
Muitas das pessoas com quem conversei tinham preocupações genuínas com a saúde. Encontrei celíacos que estavam ali em busca de um pão ou uma cerveja (sem glúten) decentes, mas falei com um número ainda maior de pessoas que se descreveram como “intolerantes a glúten”.
Elizabeth Jones, por exemplo, me contou que começou a sofrer de intolerância a glúten aos 15 anos. “É muito constrangedor aparecer em um evento social com os lábios ou a cara inchada”, disse ela.
Ela cortou glúten e outros alimentos de sua dieta – a lista incluía sementes de uva – o que pareceu ter aliviado os sintomas.
Outra mulher, Debra, de Hertfordshire, costumava sofrer de refluxo gástrico. Ela testou negativo para doença celíaca, mas um nutricionista do hospital recomendou que ela cortasse glúten de sua dieta mesmo assim.
Ela é enfermeira especializada em gastroenterologia pediátrica e me disse que sua situação melhorou; ela disse também que entre seus pacientes havia várias crianças que não apresentavam danos nas vilosidades intestinais – e que, portanto, também não sofriam de doença celíaca –, mas que, como ela, tiveram uma melhora em sua condição quando pararam de comer glúten. Médicos especialistas acreditam que é hora de ampliar o espectro do que são considerados problemas causados pelo glúten, que abarcaria desde a doença celíaca como também a sensibilidade ao glúten.
O médico italiano Alessio Fasano, diretor do Centro de Pesquisas Celíacas nos Estados Unidos, é um grande defensor dessa visão. Em 1993, ele assumiu o departamento de gastroenterologia pediátrica na Universidade de Medicina de Maryland. Ele era um médico jovem vindo de Nápoles, onde ele atendia ao menos 20 ou 30 crianças por semana com doença celíaca.
Mas nos Estados Unidos, a história era outra: “Passavam-se dias, semanas, meses e eu não atendia nenhum caso sequer.” Depois, ele percebeu que o problema era uma questão de diagnóstico malfeito.
Mesmo diante do ceticismo de seus colegas, ele fez um estudo com 13 mil pessoas que o ajudou a mudar os dados: a prevalência de um celíaco para 10 mil pessoas passou de um para cada 133. Sua clínica agora atende mais de mil pacientes por ano.
Diferentemente de alergia ao trigo, a sensibilidade ao glúten não tem uma série de biomarcadores conhecidos e, por isso, os médicos não podem saber se o paciente sofre desse problema com um simples teste – há um exame de sangue, mas os resultados são imprecisos para muitos pacientes.
Assim, essa doença só pode ser diagnosticada ao se eliminar outros problemas e, em seguida, testar uma dieta sem glúten. Mas, para Fasano, ainda que o glúten não tenha valor nutricional em si, fazer uma mudança radical no que se come sem a ajuda de um especialista é péssima ideia.
“Deixar de ingerir glúten te priva de muitos elementos-chave em sua dieta, como vitaminas e fibras, fundamentais para uma nutrição equilibrada.”
Exageros e generalizações do glúten
Dois livros muito populares, Barriga de Trigo, de William Davis, e Grain Brain (Mente de Grãos, em tradução livre) de David Perlmutter, têm sido especialmente importante para alertar os americanos sobre os “perigos” do glúten.
Ambos fazem referências à pesquisa de Fasano, mas o especialista diz que os dois livros estão cheios de exageros e generalizações. “O glúten e os carboidratos estão destruindo seus cérebros”, se lê na obra de Perlmutter.
Frustrado com a cobertura sensacionalista, Fasano publicou seu próprio livro no ano passado Gluten Freedom (não lançado em português), coescrito com Susie Flaherty. Ele diz que comer glúten não oferece risco a pessoas fora do espectro dos transtornos ligados ao glúten – e a maior parte dos especialistas concorda com ele.
Outro livro pulicado sobre o tema é The Gluten Lie (A Mentira do Glúten, em tradução livre), de Alan Levinovitz. É estranho pensar que Levinovitz tenha entrado nesse debate, visto que ele é um especialista em religião e literatura.
Mas ele diz que vê essa moda contra o glúten como uma combinação entre os poderosos mitos de um paraíso passado com uma atitude anticorporativa contra a indústria alimentícia.
Levinovitz diz que não é a primeira vez que um tratamento para celíacos entra na moda. Já ocorreu nas décadas de 1920 e 1930, quando médicos – que ainda não sabiam do papel do glúten na doença – receitavam uma dieta de banana e leite, suplementada com caldos, gelatina e quantidades pequenas de carne.
Muitos dos famosos que abandonaram o glúten, como Gwyneth Paltrow, Miley Cyrus e Victoria Beckham, dizem que eliminar a proteína de suas dietas não foi algo feito por diversão, mas que têm intolerância.
“Os principais defensores dessa dieta fazem isso porque ela genuinamente funcionou para eles”, diz Levinovitz. “Então talvez haja algumas pessoas que não tenham sido diagnosticadas como celíacas ou alguém que não seja celíaco mas tenha sensibilidade ao glúten. Mas essas histórias viraram uma boa de neve e abarcaram toda uma comunidade de pessoas que pensam “ah, se funcionou para o meu amigo, também vou tentar”.
“E tem o efeito placebo (psicolóogico), combinado com o fato de que você não está mais bebendo cinco cervejas toda a noite, e por isso se sente melhor, e acha que tem a ver com o glúten.”
Em seu livro, Levinovitz também fala do efeito “nocebo”: a ideia de que se você acredita que algo pode te fazer mal, isso pode realmente te causar efeitos negativos.
Pode ser que grande parte dos americanos estejam sob o que médicos chamam de “doença sociogênica em massa” quando se trata de glúten? Bom, o que se pode dizer é que as pessoas não gostam que lhes digam que a doença está na cabeça delas. E Levinovitz sabia que seria bastante criticado por seu livro. Mas não esperava a quantidade de e-mails de ódio que recebeu.
“Se alguém diz: ‘Olha, acabaram de descobrir que Plutão não é um planeta’, ninguém se ofende, apenas dizem: ‘Ah, não? Genial!'”. Mas ele diz que falar para as pessoas sobre mitos da comida é como atacar a identidade delas. E, para ele, a moda da dieta sem glúten não é uma dieta sem perigos.
Muitos pacientes que sofrem de distúrbios alimentares contam que começaram a ter problemas justamente com as dietas que excluíam algum alimento. Há provas que sugerem que uma ansiedade extrema sobre o que comemos pode levar a sintomas que não são tão diferentes daqueles da sensibilidade ao glúten.
Mas ao menos agora a doença celíaca não é mais um tabu nem algo totalmente desconhecido. À medida que cresce, meu filho vai se beneficiar de uma quantidade jamais vista de produtos alimentícios para os celíacos.
E também é fantástico entrar em um restaurante e as pessoas saberem do que você está falando quando explica que seu filho é celíaco. Mas se por um lado eu nunca recebo olhares tortos, eu às vezes pego uma troca de olhares sarcásticos entre funcionários.
Quando minha mulher explicou a doença de Sam para um chef, ele disse: “Oh, então ele não pode mesmo comer glúten. A maioria das pessoas muda de ideia quando eu mostro as opções para alérgicos e acaba pedindo algo do cardápio normal”.
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