O ano passou! E mais uma vez assistimos praticamente as
mesmas coisas. Durante todo o ano, entre outros, a saúde foi assunto nas mídias
e nas redes sociais. Mas não vi ninguém realmente preocupado com a saúde
mental.
Nas últimas décadas os problemas com a saúde mental têm se
agravado. O setor público preocupou-se em fechar vagas nos hospitais
psiquiátricos, desativando alguns. E não ofereceu alternativas. A luta
antimanicomial criou vácuos imensos de assistência. O governo retirou-se de
cena e entraram Residenciais de Longa Permanência, essencialmente privados.
São empresas que
buscam lucro, por evidente. E não sofrem uma fiscalização mínima do gestor
público. Hoje podemos dizer que são manicômios particulares, que se multiplicam
a cada dia. O mais grave é que os municípios estão pagando por vagas nessas
casas, a maioria com estruturas bastante deficientes.
Podemos concluir que a saúde pública está deixando a saúde
mental à margem de sua atenção, infringindo leis que criaram a Reforma
Psiquiátrica. O doente mental precisa de tratamento adequado. Essas casas
particulares não podem ser meros depósitos de desvalidos. O que os governos não
conseguem ver é a gravidade da situação.
Os criminosos que matam friamente sofrem de doença mental.
Nenhuma pessoa considerada normal mata com crueldade. E é o que mais está
acontecendo hoje no Brasil. Saúde mental deve ser tratada como problema social
e de saúde. Teríamos um decréscimo da criminalidade certamente.
Estamos diante de um cenário assustador. A sociedade brasileira
não se deu conta, ainda. Talvez essa preocupação seja pequena, porque seguimos
a mídia. E a mídia, a grande mídia, não divulga nada a esse respeito. Sei que
essas palavras passarão ao largo da atenção de muita gente.
O futuro da humanidade
sempre esteve ligado à saúde mental. Muitos governantes não passariam num exame
sério de sanidade mental. Os autores dos crimes mais cruéis e bárbaros também
não estariam livres. Sabemos que a maioria dos presos não teria progressão da
pena, se passasse por um exame psiquiátrico.
Hoje temos muitos doentes mentais soltos, morando na rua, sem a
atenção necessária. A prova da falta da prioridade necessária é a remuneração.
O SUS remunera muito mal os serviços prestados nessa área. Então é razoável
pensar que o poder público não a tem preocupação necessária.
E ficamos assistindo, a cada dia, o aumento da criminalidade
ligada intimamente à saúde mental. Quem vai realmente cuidar da loucura
pública? O governo não quer, embora saiba da gravidade dessa área. E a
sociedade brasileira está acostumada a sofrer calada. Tudo que é criado pelos
governos nós aceitamos passivamente. E a omissão pública é aceita como natural.
Convoco a todos, para refletir sobre esse tema tão importante.
Por fim, quero desejar a todos que me acompanharam nesse ano um
Feliz Natal. E que também possamos refletir sobre a nossa conduta e nos
melhorarmos como pessoa.
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