Sempre
quis entender o porquê do Super-Homem e o Homem Aranha, com todos os
superpoderes que detêm – o Super-Homem chegou a ressuscitar sua amada, voltando
no tempo, claro, para o passado, a uma velocidade superior à da luz que é de
300.000 quilômetros por segundo, para alterar a “estória” – enfim, não entendo
o porquê desses dois trabalharem em jornal quando poderiam ganhar o “pão de
cada dia” numa outra atividade mais rendosa, menos estressante, onde,
inclusive, salvaguardariam melhor, porque estariam menos expostos, suas
identidades secretas prestando, concomitantemente, melhores serviços à
sociedade ou comunidade, o que parece ser um dos principais ideais de ambos.
Agora,
“fala sério”, como costuma dizer uma vizinha antipática, a vidinha do “Homem
Aranha” beira ao ridículo atuando como fotógrafo freelancer subalterno a um
editor-chefe mentiroso, aliás, um verdadeiro bandido.
Assisti,
no domingo, com a minha filha, pela segunda vez, o segundo episódio da série “O
Homem Aranha”, reapresentado pela “Rede Globo”. Assisti de modo “al passam”,
nos zigue-zague entre a cozinha, telefone e portão para atender o cara vendendo
um plano espetacular de telefonia com salamaleques insistindo até que eu cedi
ficando com um folder magnífico, que deve ter custado o que uma pessoa come no
nordeste ou nos campos de refugiados na Europa durante dois ou três dias, cujo
destino, infelizmente, será o lixo, e atendi, também, um sujeito todo inchado e
fedendo cachaça, pedindo umas moedas “pra compra leite pra minha fia”, e isto
tudo num domingo.
Então, nesse frenético vai-e-vem vi uma cena
que não havia visto antes, na primeira vez que vi o filme, quando o tal do
“Aranha” tenta comprar um buque de flores para a mulher amada e, por estar
sempre duro, contenta-se com um relés ramalhete “pela metade”.
Mais
tarde, coitadinho, eu o vejo receber algumas notas de vinte dólares daquela
senhorinha frágil e, emprestado ou não, o dinheiro, garanto, é fruto das suas
árduas economias! Fiquei imaginando quantos milhares de telespectadores, dos
mais de setenta ou oitenta milhões que assistiam naquele momento, lacrimejaram
e choraram! Quanta “fragilidade social” num super-herói que não tem que se
preocupar nem com o alpiste de um passarinho e, “secretamente”, combate os
maiores criminosos do planeta!
Nosso
pobre super-herói faz-nos chorar num domingo de dezembro do décimo quinto ano
do terceiro milênio, característica dos “enlatados” que temos que engolir,
aliás, assistir, desde que a TV brotou por aqui, na década de sessenta,
modificando telhados e a estética plana. Cinquenta anos! Meio século! O que
fizemos?
Como
afirmei, logo no princípio, eu não consigo entender o Super-Homem e o Homem
Aranha, só sei que eles são super-heróis e não conseguiram resistir ao chamado
jornalístico.
Podendo possuir poderes e riquezas, preferem
levar uma vida simples, destituída de quaisquer ostentações ou preocupações
“com o dia de amanhã”, como advertiu Jesus Cristo, outro “super-herói” que
também ressuscitou pessoas, no famoso “Sermão da Montanha”. Agora lembrei e,
não me contendo, vou partilhar com o misericordioso e o eventual leitor que li,
não me recordo aonde, que se todas as Bíblias – que é o livro mais vendido e
lido no planeta – fossem destruídas, apagadas nos sites, enfim, se não sobrasse
nenhuma mais no planeta, ficando apenas o “Sermão da Montanha”, se as pessoas
passassem a lê-lo todos os dias, a humanidade renasceria no amor em pouco
tempo.
Talvez
estejamos precisando duma intervenção teocrática, de um Super-Herói que
escreveu na areia.
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