O Projeto de Lei 30/2015, que permite
a terceirização de qualquer setor de uma empresa, incluindo a atividade-fim,
foi aprovado na Câmara dos Deputados e, atualmente, tramita no Senado Federal.
O objetivo do projeto é claro: acabar
com os direitos e conquistas históricas garantidas na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) e na Constituição Cidadã de 1988. Cito como exemplos carteira de
trabalho, previdência social, vale-transporte, férias, fundo de garantia, 13º
salário, piso salarial, entre outros. Isso diz respeito a 45 milhões de
trabalhadores. O caminho a seguir é o inverso.
Segundo o Sindicato Nacional dos
Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), em cada dez acidentes de trabalho, oito
acontecem em empresas terceirizadas. De cada cinco mortes, quatro são em
empresas terceirizadas. O levantamento das centrais sindicais, por sua vez,
mostra que o salário é 30% inferior. Trabalham, em média, três horas semanais a
mais e permanecem menos tempo no emprego: 2,5 anos ao passo que os demais
permanecem seis anos, em média.
Uma iniciativa fundamental de
resistência está sendo realizada pelo Fórum em Defesa dos Trabalhadores
Ameaçados pela Terceirização, integrado por centrais, sindicatos, estudantes,
especialistas, e Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho
(Anamatra).
Temos que deixar claro para o Brasil
que a terceirização precariza e desorganiza o mundo do trabalho. A ideia é que
ao final, percorridos os 26 estados e o Distrito Federal, seja redigida a “Carta
à Nação” a ser entregue aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Antonio Baylos, catedrático de
direito do trabalho e previdência social da Universidad de Castilla-La Mancha,
afirma que a terceirização é um dos grandes tumores no mundo do trabalho, sendo
uma forma de evitar as responsabilidades básicas sobre os direitos
trabalhistas.
Estou me valendo das palavras do
professor espanhol para chamar a atenção ao fato de que o Brasil pode estar a
caminho de um retrocesso nas relações de trabalho, muito semelhante ao ocorrido
na Europa, durante a década de 1990, com predominância da mentalidade
neoliberal que levou a forte redução de direitos e garantias sociais.
Senador Paulo Paim.
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