sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Infeliz Ano Velho


Estamos a pouco mais de uma semana do desabrochar de um novo ano, vendo a pátria inexoravelmente contaminada por todos os tipos de contágios políticos e ideológicos capazes de atacar de forma mortal o tecido social de uma nação.
Vamos entrar para o ano esportivo mais importante de nossa história, com o advento dos Jogos Olímpicos de 2016, sendo roubados, humilhados e entregues à própria sorte por aqueles a quem pagamos além do que merecem, para ostentarem desonestamente o título de governantes da nação.
Os três poderes da República, que deveriam ser a mola propulsora do desenvolvimento do país, em todos os sentidos, transformaram-se em balcões de negociatas fisiológicas, onde o jogo de interesses de grupos e indivíduos de todos os segmentos do poder se sobrepõe à governabilidade da qual dependemos todos para usufruir dos benefícios que representam a contrapartida de nossa labuta diária.
O Executivo extrapolou, faz mais de uma década, todos os limites possíveis e imagináveis do uso e abuso da máquina estatal em prol do enriquecimento ilícito e da continuidade no poder.
 O Legislativo, onde Câmara e Senado batem cabeça e vivem em constante queda de braço, transformou-se na maior casa de leilão humano do planeta, onde senadores e deputados podem ser comprados com a moeda podre da troca de favores, para defenderem interesses escusos, sendo os mais significativos aqueles que dizem respeito às manobras políticas de quem ocupa a chefia da nação.
O Judiciário, que deveria ser o ponto de equilíbrio, fiscalizando os outros dois poderes, vive com eles clima de promiscuidade, possuindo em seu escalão mais alto juízes nomeados por mero apadrinhamento político e não pelo critério do merecimento, fundamentado no notável saber jurídico.
Por conta dessa parafernália de descaminhos do poder, vivemos neste país falimentar à míngua de segurança pública, assistência médica e hospitalar, salários dignos para os que realmente trabalham e produzem, educação minimamente qualificada, moradia e saneamento básico para as camadas de baixa renda, amargando todos esses dissabores sem pelo menos vislumbrar uma luz no fim do túnel, capaz de reverter esse quadro desolador e nos devolver, pelo menos em parte, a dignidade perdida .
Gostaria de encontrar todos os motivos do mundo para repetir neste artigo de final de ano, como em outras épocas, a clássica expressão “Feliz Ano-novo”.
Mas confesso não vislumbrar no horizonte do ano vindouro um só lampejo de esperança de que tudo venha a se ajeitar e tenhamos de volta aquele Brasil de ordem e progresso de meados do século passado. Por isso, finalizo dizendo com muita tristeza “Infeliz Ano Velho”.

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