quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Garoto invisível


Muita gente não acredita em pessoas com superpoderes. Mas eu acredito. Na verdade conheci um rapaz com um poder incrível: a invisibilidade.
Era uma pessoa comum, como nós, simples mortais. Perambulava pelas ruas, sem ambição, sem rumo. Uma das primeiras experiências com o superpoder foi numa noite fria de agosto. Ele andava pelo centro da cidade quando parou em frente à janela de uma pizzaria.
O cheiro e a imagem do queijo derretendo lhe causaram dor no estômago. Foi então que ele percebeu que algo incrível acontecia. Ninguém podia vê-lo! Mas para sua surpresa uma pessoa era imune ao seu poder: o homem do caixa, que saiu na rua furioso, escorraçando nosso herói.
Dali em diante ele percebeu a dimensão de seu poder. Não importava o que fizesse ninguém o enxergava. Ele dormia na calçada, tomava banho no chafariz, revirava o lixo alheio e simplesmente ninguém era capaz de vê-lo. A não ser os guardas municipais, seguranças e donos de estabelecimentos, que assim como o cara do caixa, eram imunes ao seu poder.
O garoto invisível já estava acostumado com sua condição especial. Vivia numa cidade sem ser notado. Porém, o que ele não sabia era que seus dias com superpoderes estavam contados.
Numa noite de verão, na orla da praia, muitas pessoas bebiam, namoravam e exibiam os sons potentes dos seus carros. Nosso herói estava sentado embaixo de uma árvore comendo o resto de uma à la minuta que estava jogada no lixo. Sem ele imaginar que seus poderes momentaneamente falhariam, cinco rapazes conseguiram enxergá-lo.
O grupo partiu pra cima dele. O agrediu com chutes, socos, pauladas na cabeça e o esfaqueou.
Depois de derrotar o garoto invisível, os cinco rapazes saíram correndo, entraram num carro e foram embora. Passada a dor e a angústia, só restou o sangue que escorreu, levando consigo a vida.
Do outro lado da rua, uma menina que segurava a mão do pai exclamou:
- Olha pai! Um homem morto!
- Não minha filha. É só um mendigo.

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