A vida,
enquanto passagem nesta dimensão, é uma eterna escola. Escolas são constituídas
de vários anos/etapas/graus e, dentro destes, várias disciplinas. O desapego é
uma delas nessa escola da vida. Desde o começo, os seres humanos são
testados/provocados com inúmeras perdas.
Perdem dinheiro, coisas e pessoas, isso é um
fato. Aos poucos, vão aprendendo a lidar/superar essas perdas, ou, pelo menos,
deveriam. É o que dizem todas e todos ao tentarem consolar alguém por sua
perda.
Ninguém
estranha ao ver o outro se lamentar, motivado por estes testes/provocações
ocasionados por essa escola, mas, se a reação for justamente o contrário, causa
um certo desconforto nesta mesma sociedade que se utiliza destas palavras
ensinadas na disciplina do desapego. Isso é no mínimo contraditório, não?
Afinal de contas, é para ser um aluno aplicado e nota dez nessa tal disciplina
ou não?
Não é só
a sociedade que não aceita esta idéia do pleno desapego, a própria vida também.
O fato de ser um aluno com nota máxima nesta cadeira, não lhe garante o
progresso nessa escola, nem o torna um aluno exemplar, muito pelo contrário.
Essa escola é, notoriamente, muito complexa e exigente.
Muito se
estranha, os aplicados nessa matéria, mas igualmente se incentiva os que estão
com notas baixas a se aplicarem mais. Se as notas altas não são o ideal e as
baixas muito menos, então, Aristóteles é que estava certo com a sua doutrina do
meio-termo.
Todas as
práticas executadas em excesso podem, certamente, ser consideradas vícios. A
virtude está justamente na busca diária do equilíbrio.
O saber
perder não é o acostumar-se/viciar-se a perder algo. Não é o procurar a perda,
mas, sim, saber lidar com as circunstâncias produzidas pela mesma, sem se
alterar.
Uma vez que, o ego nada mais é senão a junção
do ser com as circunstancias ocasionadas pelo meio em que este se encontra.
Ortega y Gasset já dizia isso quando afirmava “Eu sou eu e minhas
circunstâncias”.
As
circunstâncias são rotineiras e de pleno conhecimento de todas e todos, o
problema da sociedade atual é a falta do autoconhecimento. Há um bom tempo, o
ser humano não sabe distinguir entre o seu EU, essência, e o seu EU fabricado
pelo meio. Embora muitos já tenham dito antes, é sempre bom lembrar a idéia do
“bom selvagem”, onde afirma que o homem nasce bom, e a sociedade é que o
corrompe.
O meio-termo
para se alcançar a virtude do equilíbrio nesta disciplina do desapego não é
algo exato. Para tal, não existe uma fórmula decorada. É preciso que se
pratique diuturnamente o aforismo "Conhece-te a ti mesmo", que está
inscrito na entrada do templo de Delfos.
Somente
assim, se é capaz de obter a medida necessária/aceitável de desapego, para ser
aprovada/o nessa escola que é a vida, ou, pelo menos, nessa disciplina.
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