sábado, 12 de dezembro de 2015

Crise ambiental



A crise está instalada. Os pontos de catástrofes são anunciados por indícios naturais, mas não reconhecidos pelos que pautam seus projetos pela ganância e, arrogantes, não concordam com as projeções dos especialistas em meio ambiente, que conseguem prever os desequilíbrios ambientais causados por impactos de difícil mitigação.
Os sistemas ambientais têm suas leis e regras que determinam um equilíbrio dinâmico que, caso seja alterado pela atividade humana, entrará em processo de reorganização (seris é o termo técnico), que não será obrigatoriamente o mesmo equilíbrio original, nem será o que mais atenderá as conveniências humanas.
As intervenções, contestadas pelos que, entendendo das questões científicas, alertam sobre os malefícios destas medidas que promovem alterações profundas na estrutura física do meio ambiente, são imediatamente desaprovadas como se estivessem contra o progresso.
Na construção de estradas, por exemplo, os cuidados com meio têm que ser redobrados para que o fluxo da água, tanto de superfície como subterrânea, não seja alterado de modo a impedir alternativas melhores do que as de procurar retorno aos caminhos originais, irresponsavelmente interrompidos, vencendo todas as resistências.
Por acaso, ou não, as crises ambientais coincidem com as crises sociais, políticas e econômicas, se a lama toma conta do ambiente, também toma conta da política e dos políticos. Uma das hipóteses é de que há uma conexão entre todas as ações humanas, entre as variações ambientais e entre ambas (humanas e ambientais).
Se comprovada esta hipótese, teremos que trabalhar estas questões de forma integrada e harmônica, por exemplo, o desmatamento do Centro Oeste e do Norte interfere no ciclo de chuvas, nos mananciais das bacias hidrográficas do Sudeste e Sul, daí alterações na oferta de energia das hidrelétricas, aumento do custo da mesma por aumento da oferta do produto das termoelétricas e aí por diante...
Quando se diz que há desrespeito aos princípios da "complexidade", (complexus = tecer junto) que exige respeito às partes, mas sempre com o olhar voltado para o todo, crescem as reações de mesquinhos interesses pessoais ou de pequenos grupos (mas muito fortes economicamente) que tentam desqualificar estas ideias. Não entendem, em razão da própria mesquinhez, que recuperar o ambiente, reequilibrando-o, sairá muito mais caro, se isto ainda for possível!
É importante reforçar que não estamos falando em "política da crise", como alguns tentam transformar a "crise na política", que tem outras causas, inclusive a de querer esconder a crise ambiental/social/econômica/política através de argumentos discutíveis.
Esconder uma crise é o mesmo que aprofundá-la. Um governante tem obrigação de dar ciência da existência dos problemas e enfrentá-los em conjunto com a população produzindo políticas públicas de estado e, principalmente, conectar estas políticas públicas umas com as outras para que se construa uma rede sólida, permanente e sustentável, que possa enfrentar as crises futuras em condições de solucioná-las...sem a valorização equivocada da "política da crise"...

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