Quando os anjos anunciaram: "Paz na Terra aos homens de boa
vontade!" não esperavam que, dois mil anos depois, a humanidade estivesse
tão dividida entre aqueles que renegam a paz e os que lutam pela utopia da
convivência pacífica.
Próximo ao Natal, são
muitos os elementos que demandam uma reflexão, nos sinais que vêm da comunidade
internacional, mas também de nosso país.
Quando as bombas e os tiroteios pipocaram em Paris, a
repercussão internacional foi imediata. Em muitos casos, as pessoas ficaram
solidárias por questões humanitárias - somos todos parte daqueles que foram
atacados e, em muitos casos, mortos.
As 130 pessoas mortas e as centenas de feridos constituíram uma
ferida na paz. E um triste sinal: era o que faltava para que diversos países
acionassem suas máquinas de guerra e de morte para atacar o Estado Islâmico,
colocando no horizonte o que não gostaríamos de ver nunca mais: um conflito de
proporções mundiais.
Agora, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, usou da
sua prerrogativa para, num domingo à noite (tradicionalmente um momento de
mensagens pacíficas e de boas notícias para os norte-americanos e o mundo),
comunicar sua intenção de exterminar o Estado Islâmico.
Era só o que faltava. Depois do 11 de setembro, quando
terroristas atacaram pontos centrais norte-americanos, os EUA agiram no Oriente
e cometeram um dos maiores atentados contra o direito internacional: a Prisão
de Guantánamo, numa das pontas da Ilha de Cuba, controlada pelo exército
americano, mas longe da influência da Justiça do seu próprio país, para onde
levaram todos os que consideravam suspeitos.
Para não dizer que não falei de flores, podemos pousar no
território nacional e olhar as estatísticas sobre violência. Até o final do
ano, chegaremos a 50 mil mortes, incluindo o crime e o trânsito. Como matamos
aos poucos - um pouco a cada dia, especialmente, a cada final de semana -
ficamos anestesiados e não nos damos conta de que já temos o nosso terrorismo
interno, com a nossa própria guerra civil!
Pode parecer impróprio comentar a respeito na preparação de
Natal, quando se fala d'Aquele que pregava a paz. Mas de que adianta uma falsa
paz, ao estilo "túmulos caiados - brancos por fora e putrefatos por
dentro"? A paz é uma construção utópica.
Não no sentido de
impossível de ser conseguida, mas de que sempre há o que fazer para que ela se
concretize. A beligerância pode até ser própria do ser humano.
Mas sempre é bom lembrar de Martin Luther King: "O que me
preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos
sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons".
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