segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O Natal vem aí. Segurem-se


Será um Natal magrinho. Daqueles com Papai Noel em regime, quase sem barriga, e um saco de presentes mais para vazio do que para cheio. Reflexo, como não poderia deixar de ser, do mau comportamento do Brasil durante o ano na esfera econômica - e política também. Por falta de lição de casa, a inflação retornou, a produção hibernou e os trabalhadores se endividaram. Não há dinheiro para celebrar um bom ano em 25 de dezembro. Ao contrário. A celebração será por ainda se conseguir uma ceia nesta data.
O Natal será pior que o do ano passado para o comércio brasileiro, de acordo com estimativas de entidades e especialistas do setor. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), por exemplo, prevê que as vendas nesse período caiam 4,1%. Segundo a CNC, será primeira queda desde o início da série histórica sobre vendas de comércio, em 2004.
A retração, segundo reportagem da Agência Brasil, será acompanhada de queda de 2,3% no número de vagas para contratação temporária.
O emprego temporário é uma aposta que o comerciante faz no Natal. Assim, quanto maior o crescimento das vendas, maior o aumento das contratações, explica o economista da CNC Fábio Bentes. As contratações para o Natal costumam começar em setembro e se estendem até novembro.
De acordo com a Confederação, um dos segmentos mais afetados é o de móveis e eletrodomésticos, em razão da desvalorização cambial, da alta da inflação e, em especial, do encarecimento do crédito. A retração projetada este ano para as vendas do segmento atinge 16,3%.
A situação não deve melhorar até o Natal, afirma Bentes. Como a taxa básica de juros (Selic) não deve cair até o fim do ano, isso consolida a taxa de juros recorde atual, o que afeta de forma negativa as vendas e, indiretamente, o emprego temporário no setor.
O economista cita dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo os quais o comércio registrou redução das vendas de 2,4% de janeiro a julho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. No fim do ano, a previsão da CNC é de queda de 2,9%, piorando nas festas natalinas, quando as vendas devem cair 4,1%.
Os produtos vendidos no Natal têm maior relação com a variação do dólar do que ao longo do ano. É o caso de alimentos importados, brinquedos e até vestuário. E com o dólar em torno de R$ 4,00 isso coloca uma dificuldade muito grande. Para se ter uma ideia, no Natal passado o dólar operava a R$ 2,65.
Para o economista, o Natal ainda vai induzir o varejo a produzir números mais negativos do que os apresentados até agora, porque, além do crédito caro, há o dólar alto, e os dois fatores empurram as vendas para baixo.

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