terça-feira, 6 de outubro de 2015

Farmácia Popular - “É preciso cuidar de gente”



Semana passada, o governo federal anunciou cortes no seu orçamento para 2016, inclusive na Farmácia Popular. Os defensores da presidente dizem que os programas de financiamentos de medicamentos dos estados e municípios continuam. Não é a mesma coisa. O certo é que o acesso a medicações através das farmácias convencionais melhorou sensivelmente para aqueles que, muitas vezes, tinham que optar na hora de investir na recuperação do próprio organismo.
Quando o governo disse que cobriria a conta para quem utilizasse medicações de uso contínuo - pressão e colesterol, ou mesmo fraldas - concordei: muitas receitas emitidas pelos médicos trancam nos preços ou na opção entre comprar algo para um filho ou seu tratamento. Não há mais desculpas, pois se paga apenas simbolicamente uma taxa das farmácias (sem sentido, já que a cobertura é integral).
O médico J. J. Camargo deu entrevista esta semana dizendo que seu norte é simples: “Gosto de gente!” Este foi o motivo para ele se tornar referência na relação profissional/paciente. Prefere ser honesto e reconhecer seu desconhecimento do que enganar a pessoa doente ou sua família. Ser honesto na relação com aqueles que o procuram e o sentimento de gratidão traçam um caminho onde existem situações em que a realidade mostra “apenas um médico confessando, como qualquer pessoa, que tem momentos na vida em que não há nada melhor para fazer do que sentar e chorar”!
O paralelo entre a ação administrativa e o humanismo de J. J. Camargo estampa que, em muitos casos, os administradores de plantão esquecem que seu papel é, exatamente, cuidar de gente. E gente não pode ser apenas contabilizada e incluída em estatísticas, precisa de atenção especial e políticas diferenciadas para deixar de encher postos de saúde, prontos-socorros e hospitais com doenças elementares, que podem ser tratadas preventivamente.
Os cortes do governo são necessários. Mas na atual situação da Saúde, Educação e Segurança, acabou a gordura e está se estraçalhando a carne! Ainda há mordomias a serem negadas e uma máquina de governo a ser desmontada sem que se sinta absolutamente a sua falta.
Infelizmente, chegamos ao fundo do poço e não há “nada mais massacrante para um médico consciente do que a percepção da morte evitável”, diz J. J. Camargo. Verdade. Triste um país que experimentou dias melhores e se contenta em deixar sofrer parte dos seus cidadãos, acabando até com um dos direitos mais elementares: o acesso a um tratamento e medicações que curem ou minorem a sua dor!
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