quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Escola além do livro


“A família é o espaço inicial onde a criança vive suas primeiras experiências; em seguida vem a escola”

Professores e escolas devem ir além dos livros didáticos e preparar os alunos também para a vida. E nesse contexto, os profissionais de ensino devem contar com a parceria dos pais dos educandos; afinal, estes “não são apenas colaboradores, são os principais agentes da educação”, no entender da pedagoga Gizella Yamara de Oliveira Almeida, do Colégio Logosófico.
Por isso – disse ela – os pais “também são trabalhados para compreender o que acontece com a criança e o jovem e para ajudar a si mesmos, pois muitas ações que afetam as crianças se iniciam na educação que elas recebem no lar. A pedagogia logosófica propõe uma comunicação intensa com os pais, colaborando, incentivando, ajudando e mostrando quais são os verdadeiros conceitos que norteiam o crescimento educativo”.
Para a pedagoga Denise Patrus, “a família é o espaço inicial onde a criança vive suas primeiras experiências; em seguida vem a escola onde surgem novas situações que colaboram com o seu aperfeiçoamento individual”.
Valores
Dentre os muitos valores que devem ser ensinados e cultivados na escola, visando preparar os educandos para a vida, Denise Patrus ressalta o da boa convivência. Por isso os conceitos apresentados na Pedagogia Logosófica “fundamentam o trabalho realizado sobre a convivência, em que se ressaltam dois aspectos: primeiro, pertencemos a uma família em que cada um é responsável pelo bem-estar e harmonia do ambiente; segundo, fazemos parte, também, da grande família humana, na qual cada um deve colaborar para o bem comum. Nisso está um dos segredos da nossa felicidade como seres humanos”.
Acrescentou ela que “nas atividades pedagógicas os alunos são estimulados, desde cedo, a contribuir para a alegria, harmonia e beleza do ambiente escolar em que vivem, que é o resultado do esforço de todos e resultado do cultivo de muitos valores, como o respeito, o afeto, a colaboração, a generosidade e a solidariedade. Esses valores são praticados nas brincadeiras, ao aprenderem a emprestar e a trocar os brinquedos com os colegas, a trabalhar em equipe, com respeito e afeto. Aprendem eles que o amigo é fruto de uma conquista e que devem saber merecê-lo”.
Exemplificando, Denise reportou a uma atividade de conversação sobre amizade, em que uma aluna da classe de quatro anos disse aos colegas: “Eu não sabia tratar bem meus amigos. Fiquei sozinha e muito triste. Aí aprendi a tratá-los com respeito e carinho. Hoje tenho muitas amigas e estou muito feliz”.
Esse relato – explicou a pedagoga – “retratou muito bem o que ela viveu com os colegas, numa época em que se julgava a dona das brincadeiras. De forma autoritária e egoísta, era ela quem decidia tudo, os outros só tinham de acatar suas ordens. Após várias reflexões, feitas pelas professoras sobre a sua forma equivocada de atuar e a repercussão dela nos colegas, a criança começou a esforçar-se para dar oportunidade a outros de também decidir e, assim, ficou mais simpática e bem aceita pelo conjunto”.
Acrescenta Denise Patrus que outro fator importante na convivência e que deve ser ensinado às crianças é o que diz respeito à observação. Sobre esse tema, cita um ensinamento da Pedagogia Logosófica: “As observações que efetuamos sobre os demais devem ser para a própria razão e contribuir inexoravelmente ao melhoramento individual, pois da observação justa e inteligente surge a capacidade para corrigir os próprios defeitos”.
A observação deve ter sempre um caráter construtivo – disse Denise –, “por ser um recurso valioso no aprender a conviver. Permite-nos corrigir nossos próprios defeitos, quando o que observamos nos demais é algo negativo; ou é um estimulo de valores, quando o que observamos repercute favoravelmente em nós. Assim, quando a criança faz uma observação negativa sobre um colega, é o momento de a professora convidá-la a ver algo de bom nele”.
Ultimamente, a violência tem sido a preocupação maior dos pais, professores e autoridades, pela sua força destrutiva, por seu poder de alterar a harmonia dos ambientes e dificultar o cultivo de hábitos saudáveis de convivência – observou Denise Patrus. “Hoje, a violência nas atitudes, nos gestos, nas palavras e nas brincadeiras é quase considerado como algo normal”.
E informou que em alguns colégios essa propensão comum à violência é trabalhada com a contraposição de “valores que são fundamentais na convivência na escola e em sociedade. Em um debate realizado com os alunos do curso fundamental, eles chegaram a várias conclusões sobre esse pensamento”. Dentre as manifestações das crianças, Denise destacou: “A violência é um atentado à vida, que é um presente de Deus.”; “A vida é uma riqueza que possuímos. Somos responsáveis por ela.”; “A vida tem de ser cuidada e enriquecida pelo bem.”; e “A violência destrói a vida e as amizades.”

Explicou a pedagoga que “é nosso dever, como educadores, quando surgem entre as crianças problemas e desentendimentos naturais na convivência, orientá-las no sentido de resolvê-los de forma inteligente, usando o dom da palavra para construir e não para destruir sua própria felicidade e a dos demais. Ensinar que o uso da força bruta é, tão somente, uma prova de incapacidade e que se chega a ela por falta de recursos para se usar a inteligência de forma adequada”.
Concluiu explicando que “tanto os momentos bons e alegres como também os tristes e sofridos são aproveitados, pela Pedagogia Logosófica, para a superação individual e para a construção do conhecimento social, ambos de suma importância para a felicidade futura do cidadão que está se formando no calor dos acontecimentos que envolvem sua vida diária e que são decisivos na formação de seu caráter”.
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