sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Condenação da pobreza ganha aplauso da plateia



A trajetória da humanidade parece se resumir na luta incessante pela eliminação da pobreza. Superar as carências de alimento, roupa, abrigo, saúde, conhecimento, segurança nos move desde sempre.

Nessa ótica o saldo dessa longa e sofrida caminhada apresenta avanços significativos, já estivemos em condições bem piores. Entretanto, ao visualizar o terceiro milênio e confirmar grandes bolsões de pobreza nossa consciência acusa um golpe, pois nos tornamos mais intolerantes com tais disparidades.

É essa realidade quem mantém a pobreza em pauta. Ela serve as carências que surrupiam a dignidade de crianças, jovens, homens, mulheres, velhos em nosso café da manhã, no almoço, no lanche da tarde, no jantar! Como ir contra o fato?

E, em tal situação, nada mais óbvio do que condenar com veemência o panorama desumano. Até porque, quem grita com estridência contra a pobreza ganha a atenção da plateia. E, num jogo de palavras que nem sempre conseguimos separar o joio do trigo.

Têm poucos dias, a questão da pobreza (que nunca sai da pauta dos governantes, dos discursos eloquentes, dos planos dos messias de republiquetas, ações de organismos internacionais, das manchetes da mídia mundial) ganhou a relevância de tema que entra na ordem do dia por causa do Papa Francisco.

Uma Igreja pobre e dos pobres é o que ele busca. É possível admitir que a pobreza possa extirpar a pobreza? Eis a questão!
Vale lembrar que ao falar de carências que afligem milhões tratamos de algo que tem causa em inúmeros fatores. O que, por si só, diz que tratamos algo complexo que não se supera só com boa vontade – mecanismo que mais abunda nessa área.

 Fatores políticos, legais, econômicos, sociais, culturais, climáticos, de saúde, históricos, religiosos, educacionais, de segurança, logísticos, tecnológicos – em maior ou menor grau na interação entre um e outros – são responsáveis pelas distorções que mantém milhões de pessoas em condições que perturbam nossas consciências.

Enquanto o desafio da pobreza zero se mantém dois dados permitem visualizar a questão hoje em dia. Um: no campo político-ideológico (onde parte da Igreja Católica latina se jogou), tudo o que jurou reduzir desigualdades só agravou o que era muito ruim.

Quem tiver paciência que analise a pobreza da Venezuela – país riquíssimo – antes de Chávez e Maduro com a realidade de hoje. Dois: tudo o que se acusou como responsável pela pobreza foi o único fator a reduzir a pobreza onde esteve presente.

Num contexto desses, quando desejamos eliminar o que definimos de modo geral como pobreza contra o quê lutamos? Contra quem se deve lutar? O que fazer quando o “bonzinho” não sai da teoria para extirpar o mal e ganha aplausos da plateia e o “malvado” que consegue tirar gente da pobreza dando-lhe dignidade e leva vaia da mesma plateia?


Comente este artigo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário